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AGRICULTURA: Empresas paulistas ampliam negócios após adesão ao Sisbi-POA

21 de setembro de 2021
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Porto Alegre, 21 de setembro de 2021 – Empresas instaladas em municípios
paulistas que já conquistaram reconhecimento junto ao Sistema Brasileiro de
Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi-POA) estão vendo os negócios
crescerem. Com o Selo Sisbi, elas obtêm uma certificação para vender os
produtos em outras regiões do país.

É o caso de Eduardo Nalin, de Rio Claro, sócio de uma empresa do setor
cárneo, e que começou com seis funcionários. Após a obtenção do Selo, o
número de funcionários passou para 35 e o empresário projeta chegar a 50 a
partir da expansão da fábrica. “Nossa ideia é dobrar a produção, já que
agora não estamos mais restritos ao mercado da cidade. Estamos vendendo para
restaurantes de São Paulo e Campos do Jordão”, conta.

A empresa fabrica linguiças, salsichas, bacon, mortadela, salame e uma
linha de salsichas alemãs bastante apreciada pelos novos clientes. O volume de
produção saltou de 100 a 200 quilos por dia para 1.500 quilos/dia, segundo
Nalin, o que seria impossível sem a adesão ao Sisbi-POA.

Carlos Benedito Bastos, dono de um laticínio em Itapetininga, também
constatou o aquecimento da produção mesmo com a pandemia de coronavírus,
quando ingressou no Sisbi. A produção de queijos começou na década de 1990
de forma artesanal. “Quando surgiu a ideia do Sisbi foi uma maravilha. Fomos os
primeiros de Itapetininga. A gente já estava com uma estrutura boa,
veterinário responsável, tratamento de esgoto. Desde que conseguimos o Sisbi,
há um ano, estamos triplicando a produção”, afirma.

O empresário planeja expandir as vendas para prefeituras e escolas. O
número de funcionários vem aumentando consideravelmente, especialmente na
área de entregas e distribuição, assim como a estrutura física e os
equipamentos.

O sucesso de hoje contrasta com o início dessa trajetória. “Eu sempre
comento que eu fabricava seis queijos por dia: dois eu dava, dois eu comia e
dois eu jogava fora. O começo é muito difícil. Hoje, a gente olha para trás
e vê que já rodou um bom caminho.” A história desse empreendedor tem ainda
outro destaque: a mãe dele, companheira das primeiras fabricações, que
faleceu em setembro do ano passado. “Ela chegou a ver a empresa no Sisbi, foi
muito emocionante, foi muito legal para ela”.

Para ter acesso ao Sisbi-POA, o município precisa ter em funcionamento o
SIM (Serviço de Inspeção Municipal) e providenciar a equivalência ao sistema
brasileiro. No total, seis municípios paulistas já conseguiram a adesão.
Todos os municípios precisar ter estrutura com ao menos uma sala, computadores,
um carro à disposição e, obrigatoriamente, um médico veterinário com
poderes legais para realizar as ações de inspeção e fiscalização com
imparcialidade e independência. Essas são as exigências para a adesão.

Algumas equipes são maiores, outras mais enxutas, mas todas relatam as
vantagens que o Sisbi-POA trouxe para os municípios. Vamos conhecer as
diferentes histórias?

Itu

Margareth Venturinelli, diretora de Planejamento em Saúde da Prefeitura da
Estância Turística de Itu, disse que a obtenção do Sisbi foi uma conquista
importante. “Como todo processo de qualificação, tivemos que estudar muito a
legislação, adequar os processos já existentes e reestruturar o ambiente.
Demandou muito trabalho em equipe e suor, mas valeu a pena”, conta.

No caso de Itu, a iniciativa foi motivada pelas empresas que queriam
expandir os negócios e pelo Poder Público, para aumentar a geração de
empregos no município. O maior desafio, relata a diretora, foi a estruturação
dos processos. “As empresas tiveram que entender que as solicitações de
adequação são exigências a serem cumpridas. Algumas vezes não entendem que,
para que ocorra realmente a equivalência, é necessário antes de tudo
mudança de mentalidade e de procedimentos.”

Atualmente, a cidade tem cinco empresas com o Sisbi, sendo quatro
laticínios e uma produtora de ovos. Três empresas já conseguiram o selo SIM e
estão em processo de adequação para a solicitação de equivalência.

Margareth disse ainda que a prefeitura de Itu tem sido procurada por
empresas novas que querem se estabelecer no município por conta da adesão ao
Sisbi-POA. “Já temos duas grandes empresas com análise prévia aprovada e
outras cinco com solicitações de documentação necessária para a obtenção
do Sisbi.

Ibiúna

Em Ibiúna, o diretor do Serviço de Inspeção, Valdomiro Ghidolin, conta
que a adesão teve início quando uma empresa do setor cárneo desejava expandir
as vendas de jerked beef, um produto assemelhado ao charque e classificado
como carne bovina salgada, curada e dessecada. “O mercado para esse produto é
forte no Nordeste e com o SIM a empresa não podia vender para fora do
município”. O selo foi disponibilizado à empresa em outubro de 2015, a única
com a certificação.

Apesar de a pecuária não ser uma das principais atividades econômicas da
cidade, empresas dos ramos de mel e leite já demonstraram interesse em aderir
ao sistema. “Para tendê-los precisamos ampliar nosso escopo junto ao Mapa”,
explica Luciane Massumi Nakaoka, veterinária responsável no município.

Localizada no cinturão verde perto da capital paulista, Ibiúna tem
atraído a atenção de outros municípios, que procuram conhecer a experiência
da cidade para saber como foi o processo de equivalência. Entre eles, Pilar do
Sul, Votorantim, Santana do Parnaíba e Suzano, além de um consórcio do Vale
do Paraíba.

Luciane Nakaoka ressalta que a maioria dos municípios não está
estruturada para atender às exigências e alguns acabam desistindo. “Um dos
entraves é que não basta fiscalizar, tem que mostrar para o Mapa que estamos
fazendo uma fiscalização eficiente”.

Ibiúna precisou adaptar a legislação municipal, incluindo as análises
laboratoriais entre as exigências que não estavam previstas anteriormente.

Itapetininga

A iniciativa de aderir ao Sisbi em Itapetininga partiu da Secretaria de
Agricultura, de acordo com a veterinária Ana Laura Pires Rolim, responsável
pelo Serviço de Inspeção Municipal. “A ideia era ajudar as empresas que já
estavam no SIM a crescerem e a trazer novas indústrias para a cidade”.

O processo começou em 2017, quando uma das maiores dificuldades era o
acesso às informações no Ministério da Agricultura. “Vejo como mudou porque
hoje a gente tem um acesso tão grande ao Mapa”, afirma. Ana Laura lembra que
visitou Rio Claro para conhecer a experiência do município.

Segundo ela, ter veterinário no quadro efetivo de servidores é um dos
primeiros passos. Outro ponto importante é a equivalência da legislação
municipal com a federal. O município fez o passo a passo da mudança de
legislação sob orientação da Superintendência Federal de Agricultura de
São Paulo (SFA-SP) e conseguiu a equivalência em 2020.

Até o momento, sete empresas estão cadastradas no SIM e duas no Sisbi,
uma do setor cárneo e um laticínio. De acordo com a veterinária, durante o
processo, o laticínio estava se desvinculando do SIM e buscando adesão ao Sisp
(Sistema de Inspeção Estadual/São Paulo) para poder comercializar seus
produtos no estado. “Eles aguardaram um pouquinho e desistiram. Com o Sisbi,
podem vender em todo o país”, conta. Das sete empresas submetidas ao SIM,
três aguardam que o serviço de inspeção amplie o escopo para ovos e pescado
para aderir ao Sisbi, o que está em andamento.

Rio Claro

Em 2012, a primeira empresa foi registrada no SIM e, três anos depois, em
2015, começaram os trâmites para aderir ao Sisbi. “A equivalência saiu em
janeiro de 2017”, afirma a veterinária Lilian Alves, chefe do núcleo de
inspeção municipal.

Atualmente, existem 20 empresas cadastradas no SIM e cinco já conseguiram o
selo Sisbi. Dessas cinco, duas eram de outras cidades e se instalaram em Rio
Claro em 2018 e 2019 em função desse diferencial. “Isso atrai, é uma maneira
de o município atrair mais empresas”.

Lilian Alves relata que as empresas estão mais seguras. Pequenos e médios
empresários já sabem o que é o Sisbi, confiam na responsabilidade do
serviço de inspeção e procuram os municípios que disponibilizam o selo. Rio
Claro faz inspeção de empresas de leite, carne, ovos e pescado. A equipe
acompanha as auditorias de manutenção e procura se adequar às exigências. A
última ocorreu em outubro de 2020.
Joanópolis

Neste município, o esforço para adesão ao Sisbi partiu de médicos
veterinários que atuavam na inspeção municipal. “Era um sonho porque até
então nenhuma cidade do estado de São Paulo estava aderida e eram
pouquíssimas no Brasil”, conta Michelle Gomes Barreto, veterinária
responsável pelo Serviço de Inspeção de Joanópolis.

O primeiro passo foi participar de um curso oferecido pelo Mapa em São
Paulo, ainda em 2014. Ali, começou a elaboração de um programa de trabalho
que seria implantado no município. “Neste programa de trabalho, o SIM fixou
prazo para cumprir as exigências e para os proprietários dos empreendimentos
cadastrados no serviço se adequarem. Após essa etapa, pedimos uma auditoria
orientativa ao Mapa, quando os erros apontados foram corrigidos”, relembra
Michelle. Em seguida, foi pedida a auditoria de reconhecimento do Sisbi.

Hoje, a veterinária diz que daria um conselho aos municípios interessados
na adesão: “Tem que ter interação do veterinário e o incentivo de toda a
prefeitura, de todos os envolvidos. Precisa também ter a responsabilidade dos
estabelecimentos, essa vontade de crescer”.

Joanópolis tem hoje oito empresas cadastradas no SIM (quatro na área de
lácteos, duas na área de cárneos, uma de ovos e uma de mel). Um desses
laticínios já obteve o selo Sisbi e, segundo a veterinária, a produção
aumentou, o número de funcionários também e a demanda ainda não é
totalmente atendida.

A adesão ao Sisbi foi um processo que exigiu adaptações envolvendo
análises laboratoriais oficiais, adequação dos registros de plantas, toda a
documentação de entrada no SIM, a certificação de rótulos, processo
jurídico e a publicação do decreto de regulamentação da legislação
municipal. Ela estima que pelo menos 15 empregos diretos foram gerados
inicialmente. “A equivalência do SIM ao Sisbi é uma conquista, um incentivo
para mim. Consegui me aprimorar, buscamos sempre levar a qualidade e segurança
do alimento para o consumidor, além de estimular a economia local, gerando
renda e novos empregos”.

Fernandópolis

Duas empresas do setor cárneo já receberam o selo Sisbi em
Fernandópolis, sendo que uma delas se instalou na cidade justamente em função
da possibilidade de certificação. A manutenção da estrutura de inspeção
é coordenada pelo veterinário Mileno Castro Tonissi, que assumiu o SIM no
final de agosto e, na primeira semana, já foi procurado por outras quatro
empresas interessadas em aderir ao sistema brasileiro.

O processo de adesão foi iniciado por uma equipe anterior à chegada do
atual veterinário, e o reconhecimento de equivalência ocorreu em setembro de
2019 após dois anos de mobilização. A expectativa é que o trabalho aumente
em função da divulgação que a prefeitura vem fazendo do Selo. “É uma
responsabilidade muito grande, mas o caminho já está traçado, estou seguindo
os passos do meu antecessor”, disse.
Rio Preto

Em São José do Rio Preto, a expectativa é apresentar em breve a
solicitação ao Mapa de adesão ao Sisbi-POA. O secretário municipal de
Agricultura, Antonio Pedro Pezzuto Júnior, e a equipe envolvida com o SIM
estiveram na Superintendência Federal de Agricultura de São Paulo (SFA-SP) no
dia 12 de agosto para relatar a evolução do processo.

Estima-se que cerca de 40 empresas agroindustriais de Rio Preto tenham
potencial de certificação pelo SIM. Atualmente, 12 micro e pequenas
fabricantes de alimentos de origem animal estão em processo de obtenção do
novo SIM, já nos parâmetros adequados ao Sisbi. São empresas que têm como
matéria-prima a carne de animais de abate, o pescado, leite, ovo, mel e
derivados.

Rio Preto está reestruturando o serviço de inspeção municipal de forma
informatizada. O módulo para teste já permite uploads de arquivos, inclusive
das plantas dos estabelecimentos que serão verificadas pela Secretaria de
Obras. Houve reforma na estrutura física e aquisição de equipamentos.

O start para a adesão partiu do próprio prefeito, ao constatar que um
amigo de Santa Fé do Sul estava mudando a empresa para Fernandópolis em
função dessa certificação. “Todos abraçaram o projeto. Acreditamos que em
três meses poderemos solicitar a auditoria”, disse Pezzuto.
Estímulo

O Mapa tem realizado palestras educativas on-line para fomentar a
participação e adesão de mais municípios ao Sisbi-POA.

O SISBI-POA, que faz parte do Sistema Unificado de Atenção a Sanidade
Agropecuária, busca padronizar e harmonizar os procedimentos de inspeção de
produtos de origem animal para garantir a inocuidade e segurança alimentar.

Os estados e os municípios, individualmente ou consorciados, podem
solicitar a equivalência dos seus serviços de inspeção com o serviço de
inspeção federal. Para obter a equivalência, aqueles serviços precisam
comprovar que têm condições de garantir a qualidade e a inocuidade dos
produtos de origem animal com a mesma eficácia do serviço de inspeção
federal. O Mapa é o coordenador do SISBI-POA. Com informações da assessoria
de imprensa do Mapa.

Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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