Porto Alegre, 14 de outubro de 2015 – O Paraná está efetivamente
retomando as técnicas de conservação de solos e água, das quais foi
referência mundial nas décadas de 80 e 90. O avanço da degradação dos solos
está assustando os produtores que estão voltando a aderir às técnicas
recomendadas para conservação do patrimônio que é a propriedade rural.
A região Sudoeste está se destacando com essa retomada, onde mais de
2.000 hectares estão sendo conservados com o envolvimento de 330 produtores dos
municípios de Ampere, Marmeleiro, Realeza e Santa Isabel do Oeste. Nesses
municípios as ações de conservação de solos estão em ritmo acelerado este
ano e a tendência é ampliar ainda mais a adesão dos produtores às boas
práticas de produção.
Na semana passada, foi realizado um dia de campo no município de Santa
Isabel do Oeste, com a presença do secretário da Agricultura e do
Abastecimento, Norberto Ortigara, e mais 300 agricultores. O evento faz parte da
estratégia de mobilizar produtores, técnicos, prefeitos, secretários de
agricultura, cooperativas, universidades, pesquisa na busca de soluções e a
retomada por parte de todos os agentes locais na solução e proteção do solo.
No dia de Campo, Ortigara disse que o programa de Gestão do Solo e Água
em Microbacia é o ponto de partida para o produtor retomar as boas práticas de
produção que evitam a erosão e a degradação do solo, como preconiza a
Campanha Plante Seu Futuro. Lembrou também que o ano de 2015 foi declarado pela
FAO, como o Ano Internacional dos Solos. O secretário ressaltou ainda o
reajuste do repasse do governo estadual para as ações em microbacias, que
passaram de R$ 170 mil no ano passado para R$ 210 mil este ano. Os recursos são
do Banco Mundial para serem aplicados em ações de conservação de solos e
água em microbacias selecionadas para serem difusoras dessas técnicas para as
demais localidades.
O dia de campo foi realizado em Santa Isabel do Oeste, pelo fato desse
município ter abraçado a causa da retomada, adquirindo um terraceadro
(equipamento desenvolvido para fazer os terraços nas lavouras) com recursos do
município, e fazendo um programa subsidiado com o apoio do município, do
Estado e do produtor, tornando-se modelo para o Sudoeste do Paraná.
O evento tratou principalmente de como recuperar o solo, com palestras e
demonstrações de técnicas em estações que tratavam do solo. No final, foi
feita uma grande homenagem ao solo, onde os produtores se uniram para dar um
grande abraço no terraço, um evento inédito no mundo, onde produtores,
técnicos e acadêmicos se unem para expressar a importância desse insumo para
a produção de alimentos.
Descontinuidade
Na última década ocorreu uma descontinuidade no sistema de conservação
de solos implantado no Paraná nas décadas de 80 e 90, que consagrou o Estado
como modelo mundial em proteção do solo. Com a modernização da agricultura,
com novos implementos lançados no mercado, redução do ciclo das culturas, os
produtores foram abandonando algumas das técnicas que adotavam como
terraceamento e curva de nível, que infiltram a água no solo e evitaram a
erosão e formação de vossorocas no solo.
Segundo o engenheiro agrônomo Sergio Luiz Carniel, coordenador regional da
área de Meio Ambiente da Emater em Francisco Beltrão, o desmanche dos
terraços incialmente provocou consequências leves, mas com o passar dos anos
os sinais da erosão que tinham desaparecido voltaram a atormentar produtores e
técnicos.
Novamente o governo do Estado criou um novo programa de microbacias,
buscando reverter essa situação, com o apoio dos municípios para aquisição
de equipamentos específicos para fazer terraços. No ano passado foram feitos
34 projetos de microbacias, com investimentos de R$ 6,5 milhões do governo do
Paraná, que beneficiaram cerca de 1.700 produtores.
Para 2015, a expectativa é aplicar em torno de R$ 6,3 milhões em pelo
menos 30 projetos de microbacias, que já estão selecionados e que devem
beneficiar em torno de 1.500 produtores rurais em todo o Estado, informou o
engenheiro agrônomo Roney Andretta, coordenador do programa de Gestão dos
Solos e Água em Microbacia da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento.
Segundo Carniel, nas microbacias que estão sendo trabalhadas na região
de Francisco Beltrão, os produtores estão voltando com essas práticas
conservacionistas em suas lavouras. No município de Ampere, 35 produtores se
inscreveram para fazer a conservação de solos, que totalizam uma área de 150
hectares conservados. Em Marmeleiro, são 35 produtores na microbacia, dos quais
27 se inscreveram, totalizando uma área de 500 hectares a ser conservada. Em
Realeza, são 110 produtores, com uma área total de 277 hectares conservados.
Em Santa Isabel, são 60 produtores, com uma área total de 565 hectares na
microbacia e outros 673 hectares fora da microbacia que estão sendo
conservados. Com informações da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento
do Paraná.
Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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