Porto Alegre, 11 de novembro de 2015 – A greve dos caminhoneiros em vários
estados brasileiros, que começou no último dia 9 de novembro, segunda-feira,
vai prejudicar o transporte de produtos agropecuários, principalmente de carnes
em geral, alertam especialistas.
De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a maior
preocupação é que a paralisação de agora se assemelhe à de fevereiro
passado, quando cargas não puderam ser entregues, os portos pararam suas
atividades, as agroindústrias suspenderam abates e os estoques ficaram lotados.
Resultado disto foi um prejuízo estimado em R$ 700 milhões somente para este
setor.
“Passamos por um período estratégico para o nosso setor, quando
países – como a Rússia, por exemplo – aumentam o volume exportado para a
formação de seus estoques. Por este motivo, é fundamental uma rápida ação
por parte do governo junto ao movimento grevista, evitando prejuízos de
dimensões enormes, como os que ocorreram durante a última paralisação, em
fevereiro”, alerta o presidente da ABPA, Francisco Turra.
Todos os dias, conforme a Associação, os exportadores de carne de frango
embarcam em torno de 15 mil toneladas de frango, gerando uma receita de US$
24,8 milhões; e 2,7 mil toneladas de carne suína (US$ 5,5 milhões).
O governo federal já reagiu à greve dos caminhoneiros, que não conta com
o apoio de algumas entidades representativas da categoria – como a
Confederação Nacional dos Transportes Autônomos (CNTA) e a Confederação
Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística da Central Única dos
Trabalhadores (CNTTL/CUT). Para desestimular o movimento, as multas e sanções
a motoristas serão mais duras, conforme determina uma Medida Provisória (MP)
publicada no Diário Oficial da União, nesta quarta-feira, 11 de novembro.
PUNIÇÃO
Conforme o Código Nacional de Trânsito, quem obstrui a passagem de
veículos na malha rodoviária brasileira por quaisquer motivos, sem a
autorização de órgãos competentes, pode pagar uma multa de R$ 1,915,00.
A atual punição continua, mas a nova MP determina que, se houver
obstrução deliberada com o uso de veículo, o condutor será enquadrado em uma
infração gravíssima, podendo pagar, se multado, R$ 5.746,00, com valor
dobrado se for registrada reincidência.
O motorista também poderá ter seu direito de dirigir suspenso por 12
meses, ter seu veículo apreendido, a carteira de habilitação recolhida e ser
proibido de receber, por dez anos, incentivos creditícios para comprar de novos
veículos automotores.
“O governo quer frisar que estas manifestações não têm uma pauta de
reivindicações e são claramente políticas. Quando eu obstruo as rodovias,
estou praticando atos ilícitos. Não se trata de ação governamental para
calar opositores. Trata-se aqui de defender o interesse público porque essas
manifestações prejudicam a população, o abastecimento e os serviços
essenciais. É fundamental que o Estado tenha uma atitude bastante firme”,
disse o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, durante entrevista coletiva
concedida nesta terça-feira, 9 de novembro, em Brasília, quando anunciou a
publicação da medida provisória do governo.
O ministro ainda determinou que a Força Nacional de Segurança Pública
reforçasse a segurança das rodovias afetadas pelas manifestações com a ajuda
da Polícia Rodoviária Federal (PRF), segundo informações da Agência
Brasil.
MOTIVAÇÕES
“Na última greve dos caminhoneiros, o setor agropecuário mineiro sofreu
com as paralisações e atrasos no escoamento da produção, principalmente de
grãos e de frutas, legumes e verduras. Naquela época, o volume de produtos na
Ceasa de Contagem diminuiu, o produtor perdeu parte de sua produção e os
preços ao consumidor foram elevados”, lembra Roberto Simões, presidente da
Federação de Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg).
Ele alerta que o momento de instabilidade política (a maioria dos
grevistas protesta contra o governo Dilma Rousseff e contra o Partido dos
Trabalhadores – PT) e o alto custo do frete, principalmente após o aumento do
diesel, são os motivos alegados pelos motoristas para efetuar os bloqueios nas
estradas e deflagrar a greve.
“Em um ano tão delicado economicamente, o agronegócio é que vem
sustentando saldos positivos. Mas o produtor não suporta mais aumento de custo
e perda de produção, em função de adversidades climáticas ou por
dificuldades na logística. Estamos monitorando os trechos rodoviários em Minas
e alertamos que o avanço da greve pode causar ainda mais prejuízos para o
setor”, avisa Simões.
Em sua opinião, se a vazão de distribuição de alimentos for afetada, o
fluxo de abate de animais e o armazenamento também poderão ser atingidos.
“Além disto, a população poderá sofrer com desabastecimento neste fim de
ano, época também importante para o setor varejista.”
SAFRA DE GRÃOS
Vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura, Hélio Sirimarco diz
que, em relação ao escoamento de grãos, o impacto da atual greve não será
grande, “já que estamos em pleno plantio das safras de soja e milho”.
“No momento, o volume de soja para exportação é residual. A safra já
foi praticamente toda exportada. Estamos agora embarcando milho, mas os volumes
são bem menores que os da soja. Pode haver algum impacto no plantio, se a greve
causar uma interrupção no fornecimento de combustíveis”, comenta
Sirimarco.
Ele reforça que o setor agropecuário mais afetado pela greve é o de
carnes, pois são alimentos perecíveis que não podem ter seus fluxos de
embarques interrompidos. “Além disto, importadores do Hemisfério Norte, como
a Rússia, vão começar a ser afetados pelo inverno. E nesta época, os
embarques têm de ocorrer antes que os portos comecem a congelar.” As
informações partem da assessoria de imprensa da Sociedade Nacional de
Agricultura.
Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
Copyright 2015 – Grupo CMA
Cotação semanal
Dados referentes a semana 24/07/2025
Suíno Independente kg vivo
R$ 7,93Farelo de soja à vista tonelada
R$ 1.650,00Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.400,00Milho Saca
R$ 68,25Preço base - Integração
Atualizado em: 24/07/2025 11:15