Porto Alegre, 19 de novembro de 2015 – O ano de 2015 deve ter menção
especial na história da cacauicultura do estado da Bahia – maior produtor
nacional da fruta. Neste segundo semestre, a região retomou sua participação
no mercado mundial, do qual estava afastada havia mais de 20 anos por causa da
incidência da doença da vassoura-de-bruxa nas lavouras da fruta.
A exportação de 6,6 mil toneladas de amêndoas de cacau – avaliadas em R$
15 milhões – deu novo ânimo aos cacauicultores baianos. Isso mostra que o
setor está readquirindo a condição de exportador em potencial do agronegócio
brasileiro, avalia a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira
(Ceplac), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(Mapa).
O embarque do produto no Porto de Malhado, em Ilhéus, sul baiano, com
destino ao de Hoterdã, na Holanda, tem enorme significado para o setor
cacaueiro do sul da Bahia. Esse é o resultado de uma intensa luta contra a
vassoura-de-bruxa, que devastou as plantações da fruta da região em fins dos
anos de 1980. De lá para cá, a Ceplac coordenou uma séria de ações, com
apoio de instituições de pesquisa e de assistência técnica, para combater a
praga, diz o diretor substituto da Ceplac, Edmir Ferraz.
“Passados 26 anos da ocorrência da vassoura-de-bruxa nos cacauais da
Bahia, as ações de pesquisa integradas à assistência técnica e extensão
rural, desenvolvidas pela Ceplac, resultaram na retomada da produção e
produtividade da lavoura cacaueira”, destaca Ferraz. A praga, lembra, foi
registrada pela primeira vez em 23 de maio de 1989, em Catolé, no município
baiano de Uruçuca. “Essa temível enfermidade, até então confinada à
Amazônia, promoveu brutal desorganização da base produtiva do cacau.”
Crise
De acordo com Ferraz, a vassoura-de-bruxa provocou uma crise sem
precedentes na cadeia produtiva da fruta, afetando, sobretudo, a produção.
Depois de alcançar uma safra de 384.327 toneladas, no ciclo 1990/1991, o que
levou Brasil à posição de segundo produtor de cacau no ranking mundial, a
colheita despencou para 123.006 toneladas, na temporada 1999/2000. “Os baixos
preços internacionais na década de 1990, as condições climáticas
desfavoráveis e, principalmente, o aparecimento dessa doença no estado da
Bahia rebaixaram o Brasil para a sexta colocação entre os maiores produtores
globais do produto.”
Essa situação, acrescenta Ferraz, fez com que o país passasse a importar
cacau em amêndoas para abastecer o parque industrial. Segundo ele, a primeira
importação, de 2.171 toneladas, ocorreu no ciclo 1992/93. “O ápice foi em
2009, quando o país comprou no mercado internacional cerca de 74 mil toneladas,
o equivalente a US$ 178 milhões. A partir daí, houve uma queda
considerável: “Em 2013, importamos apenas 8 mil toneladas, representando US$
19 milhões.”
A redução nas importações de cacau é consequência das ações
desenvolvidas pela Ceplac. “A lavoura começou a responder aos estímulos da
pesquisa e da assistência técnica em termos de aumento da produtividade média
do cacau, que saiu de 287,6 quilos para 416 quilos por hectare/ano, com aumento
44,6 %”, enfatiza Ferraz. Ao mesmo tempo, completa, houve um incremento de 71%
na produção nacional, que saiu de 170.000 toneladas, em 2003, para 291.000
toneladas, em 2014. “Foi a maior safra dos últimos 26 anos. A previsão para
2015 é de 260.008 toneladas de cacau.”
Estabilização
Além de reanimar o setor, esse resultado põe a cacauicultura no eixo de
estabilização da economia das regiões produtoras do Brasil, ressalta Ferraz.
“O país sai da condição de sexto maior produtor mundial de cacau para a
quarta posição, voltando a suprir o parque moageiro instalado em Ilhéus, cuja
capacidade estimada entre 230 mil e 248 mil toneladas de amêndoas. Com isso,
podemos retomar o status de exportador de amêndoas ou de seus derivados,
inclusive o chocolate.”
Para ele, é imperativo aumentar a produção porque o agronegócio do
cacau movimenta R$ 14 bilhões por ano no Brasil, considerando as exportações
do produto, derivados e o faturamento do setor chocolateiro. “O panorama
mundial é favorável. O embarque de 6,6 mil toneladas de amêndoas é o
prenúncio de uma nova temporada na cacauicultura nacional. Temos condições de
abastecer o mercado interno, afastando inclusive eventuais riscos de
introdução de pragas de alto poder destrutivo, com as importações de cacau
de outros países.”
Ferraz acentua ainda que a recuperação gradual da produção brasileira
de cacau mostra que a cultura reage bem às tecnologias preconizadas pela
Ceplac. “Os resultados se devem às inovadoras formas de manejar a lavoura, que
incluem sistemas de fertilização e fertirrigação e, particularmente, às
conquistas com as pesquisas de melhoramento genético do cacaueiro, que
permitiram o uso de clones de alta produtividade, disponibilizando aos
produtores uma série de 55 cultivares e nove linhagens de cacaueiros já
registradas.” Com informações do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento.
Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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Atualizado em: 22/07/2025 09:00