Porto Alegre, 9 de novembro de 2022 – O cenário de desaceleração econômica mundial tem
impulsionado a demanda por carnes mais baratas como o frango. Desafios pelo lado da oferta, como os
altos custos da ração, escassez de mão de obra, elevados fretes marítimo e rodoviário,
encarecimento da energia elétrica e os desafios sanitários, como a gripe aviária, devem
corroborar para equilibrar o balanço entre oferta e demanda no próximo ano. As informações fazem
parte do estudo do Rabobank Perspectivas para o agronegócio brasileiro 2023.
A China ainda se mantém como principal destino da carne de frango brasileira, porém, o aumento
da sua produção local nos últimos anos e a recuperação da produção de carne suína têm
reduzido os níveis de importação do país asiático, tendência que deve se manter no curto
prazo.
Para 2023, projetamos que a produção chinesa deve se elevar em 3% no comparativo anual, o que
deve reduzir ainda mais a dependência do mercado externo. Vale lembrar que além da PSA, a gripe
aviária de alta patogenicidade também se mantém ativa no território chinês e, a chegada sazonal
das estações mais frias no final do ano devem aumentar novamente o número de novos casos,
impactando a produção e a cadeia de suprimentos.
Com relação aos anos anteriores, os riscos de novas barreiras comerciais ainda são uma
realidade de alto risco para o setor devido à baixa previsibilidade, porém, a menor dependência
do mercado chinês e a melhor distribuição das vendas em termos geográficos e de novos destinos,
reduzem as chances de maiores perdas em caso de novos embargos.
Comparando o número de países importadores das três principais carnes brasileiras, bovinos,
frango e suínos, a carne de frango tem acessado mais destinos analisando os dados parciais deste
ano, com um número de 163 países compradores.
Os esforços dos exportadores para diversificar os destinos têm funcionado, já que China e
Arábia Saudita, que nos últimos foram os maiores importadores de carne de frango do Brasil,
atualmente representam apenas 12% e 7% do total embarcado, respectivamente.
No comparativo anual até setembro, a China reduziu em 17% o volume comprado e a Arabia Saudita
10%, e mesmo assim, quando olhamos os dados agregados deste ano, as exportações brasileiras devem
bater recorde tanto em volume quanto em faturamento, com um aumento de 4 a 5% nos embarques em
volume.
No acumulado de janeiro a setembro, as exportações registraram elevação de 5% em volume e
31% em faturamento, ou seja, os repasses das altas nos custos de produção têm sido absorvidos
pelo mercado internacional, que também tem elevado a competitividade pela carne brasileira. A China
se mantém como principal importador, seguido dos Emirados Árabes, que têm registrado aumento de
32% nos embarques, e do Japão com ligeira queda de 1% no mesmo período.
Destaque para União europeia e Reino Unido, que no próximo mês deve ultrapassar a Arábia
Saudita como 4o maior destino e com elevação de 18% nas compras brasileiras. Filipinas, Singapura
e Coreia do Sul também têm avançado fortemente suas importações, com aumentos de 42%, 61% e
48%, respectivamente, no mesmo período. O México avançou em 23% as compras do Brasil, após
reduzir a zero as taxas de importação (parte da estratégia de reduzir a inflação local).
Para o próximo ano, a forte competitividade do Brasil no mercado externo em termos de preço,
somado ao potencial de manter os níveis de exportação, deve continuar trazendo oportunidades e
com isso, projetamos um novo aumento de 3% no volume embarcado no comparativo anual.
A questão sanitária deve ter atenção redobrada nos próximos meses dado à confirmação
recente de dois focos de gripe aviária de alta patogenicidade na Colômbia. A América do Sul era
uma das poucas regiões que ainda não haviam sido afetadas pelo vírus no passado recente e devido
aos riscos de dispersão da doença por aves migratórias (diferentemente da PSA, que tem o javali
selvagem como principal agente dispersor via terrestre), os riscos se elevam ainda mais. Medidas
para reduzir os riscos de contaminação já foram tomadas nos últimos dois anos por conta da
Covid-19, e com o aumento dos riscos de contaminação pela gripe aviária, novas medidas devem
estar sendo tomadas também dentro das granjas produtoras.
Com relação ao mercado doméstico, a carne de frango é a proteína animal mais beneficiada em
termos de consumo nesses anos de pandemia. Nos últimos dois anos, o aumento acumulado no consumo
per capita dessa proteína registrou alta de quase 9%, porém os dados parciais deste ano já
mostram sinais de saturação na demanda doméstica.
Com a expectativa de retomada na oferta de carne bovina no próximo ano, pelo aumento nos
estoques de machos e elevação dos abates das fêmeas, a competitividade com relação à carne de
bovina será maior, e a menor diferença de preços entre as carnes somado ao forte apelo cultural
de parte da população devem limitar a continuidade do ritmo de aumento de consumo per capita da
proteína animal mais consumida no país. Vale lembrar que o consumo per capita de carne bovina
registrou em 2021 o menor volume dos últimos 16 anos, chegando a 27,8 kg.
Já os custos de produção, principalmente da ração, as expectativas de aumentos recordes de
área plantada de grãos devem reduzir os preços médios comercializados com relação a este ano.
Variáveis importantes como o clima e o conflito entre Ucrânia e Rússia devem ser pontos de
atenção.
O frete marítimo e a logística interna também devem ser monitorados para o próximo ano, dado
o cenário de preços ainda em patamares elevados. O Rabobank projeta crescimento de 1,5% na
produção de carne de frango para o próximo ano no comparativo anual, sustentados principalmente
pelo setor de exportação.
PONTOS DE ATENÇÃO
Aumento da competitividade com relação à carne bovina deve ser um dos maiores desafios do
mercado doméstico no próximo ano. Vale lembrar que o consumo per capita de frango em 2021 foi
próximo de 50 kg/habitante e o mercado já deu sinais de saturação na demanda neste ano.
Riscos sanitários aumentam de forma significativa com a chegada da gripe aviária de alta
patogenicidade na Colômbia. Porém, oportunidades também podem surgir para o setor de
exportação.
Revisão: Pedro Carneiro (pedro.carneiro@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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Cotação semanal
Dados referentes a semana 25/04/2025
Suíno Independente kg vivo
R$ 8,42Farelo de soja à vista tonelada
R$ 1.885,00Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.100,00Milho Saca
R$ 73,25Preço base - Integração
Atualizado em: 29/04/2025 09:50