Luís Eduardo Magalhães, 6 de junho de 2018 – Prioridade máxima entre os
produtores dos principais players mundiais de carne suína, a sanidade é, hoje,
um componente vital para a lucratividade na suinocultura. O tema será um dos
destaques da programação do 13 Seminário Internacional de Suinocultura
Agroceres PIC, que acontece de 8 a 10 de agosto em Mangaratiba (RJ).
A sanidade é, hoje, um pilar importante para a competitividade na
produção de suínos. Os eventos sanitários registrados pelo mundo, nos
últimos anos, geraram grandes prejuízos e reforçaram, entre os grandes
players, a importância da implementação de rigorosas medidas de
biossegurança e de planos de contingência sanitária.
Para Jean Paul Cano, Diretor Global de Serviços Veterinários da PIC, mais
do que um recurso incremental, a sanidade tornou-se, assim como a genética e a
nutrição, um componente vital para a eficiência e a lucratividade na
suinocultura. “A sanidade e, consequentemente, as boas práticas de
biossegurança, são elementos determinantes para a competitividade na
produção de suínos e é crescente essa mentalidade entre os produtores”,
afirma Cano, que é um dos palestrantes do 13 Seminário Internacional de
Suinocultura Agroceres PIC, que acontece de 8 a 10 de agosto em Mangaratiba
(RJ).
Médico Veterinário, formado pela Universidade Central da Venezuela, Jean
Paul Cano possui PhD pela Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos.
Reconhecido internacionalmente como uma das maiores autoridades em ecologia e
epidemiologia de doenças respiratórias em suínos, é considerado um dos
expoentes no estudo da PRRS. Iniciou sua trajetória profissional na área
acadêmica. Entre 2001 e 2009 foi professor de Medicina e Produção de Suínos
na Faculdade de Ciências Veterinárias da Universidade Central da Venezuela. A
partir de 2009, atuou como Diretor Sênior de Serviços Profissionais para
Suínos, numa gigante do setor de saúde animal e, desde 2014, é Diretor Global
de Serviços Veterinários da PIC – EUA, sendo responsável pelo
desenvolvimento e execução das diretrizes de monitoramento sanitário de um
plantel de mais de 140 mil fêmeas puras em multiplicação, distribuídas em
diferentes países, que atendem um total de aproximadamente 2 milhões de
matrizes.
Na entrevista a seguir, o especialista fala sobre a importância da
sanidade para a competitividade na produção de suínos, explica como os
inéditos eventos sanitários têm ajudado a criar a “cultura da
biossegurança” entre os suinocultores dos principais centros de produção de
carne suína e aponta quais são as doenças mais preocupantes para a
suinocultura mundial. Confira.
Os novos agentes infeciosos detectados e inéditos eventos sanitários
enfrentados na suinocultura mundial conferiram à sanidade um status
prioritário entre os suinocultores. O senhor poderia traçar um paralelo entre
sanidade e competitividade na suinocultura nos dias de hoje?
Jean Paul – Os custos de produção e a oferta global de carne são
determinantes para viabilizar a atividade. Na suinocultura moderna, podemos
considerar que a sanidade entra nesse contexto de forma decisiva, ou seja,
definindo se o país será um bom competidor ou não. Alguns agentes infecciosos
têm mostrado os seus impactos em regiões onde a biossegurança não é vista
como prioridade, chegando a comprometer completamente a atividade. Muitos
países gostariam de ter o padrão sanitário brasileiro e, para manter esse
“privilégio”, a biossegurança deve ser tratada como um pilar tão
importante como a Genética, a Nutrição e a Ambiência.
Na opinião do senhor, o surgimento de novas e o reaparecimento de velhas
doenças na suinocultura mudaram a forma de o setor enxergar a biossegurança?
Jean Paul – Sem dúvida, os impactos financeiros gigantescos, principalmente
aqueles gerados pela falta de disponibilidade de carne, como no caso dos surtos
de PED na América do Norte, fizeram a preocupação chegar até os
proprietários e acionistas das empresas. Nos Estados Unidos e em outros países
que presenciaram o surto, a mortalidade chegou a 100% nas maternidades,
obrigando as empresas a pararem suas indústrias por falta de animais. Essas
ocorrências sanitárias suscitaram discussões muito produtivas sobre
estratégias de biossegurança. Muitos avanços ocorreram desde então. Hoje, as
boas práticas de biossegurança são prioridade máxima entre os países
grandes, produtores de suínos. Novas tecnologias vêm surgindo, como o TADD,
por exemplo, um novo conceito em desinfecção de caminhões por secagem
forçada com ar aquecido.
Que postura as empresas suinícolas e os suinocultores precisam adotar diante
dessa nova realidade?
Jean Paul – Penso que o foco deve ser nos planos de expansão. Muitas
empresas estão tendo que aumentar seus plantéis, e é nesse momento de
planejamento que as estruturas de biossegurança devem ser contempladas nos
projetos. As granjas velhas terão seus dias contados e logo não atenderão às
exigências de produção.
É possível afirmar que já existe, entre os produtores dos principais players
do mercado suinícola global, a chamada “cultura da biossegurança”?
Jean Paul – Sim, por isso são consideradas altamente competitivas. Ao mesmo
tempo, essas empresas estão entendendo que não adianta nada investir
agressivamente em biossegurança, se a cadeia toda não fizer o mesmo.
Considero, também, a biossegurança como um compromisso de todos. Nos Estados
Unidos, por exemplo, as grandes agroindústrias estão compartilhando
informações para que todos possam lutar juntos contra as enfermidades.
Sob o ponto de vista produtivo, quais são as enfermidades mais preocupantes na
suinocultura, hoje em dia?
Jean Paul – Sem dúvida, as enfermidades virais, devido à resistência que
possuem em baixas temperaturas fora do hospedeiro. Entre elas, posso destacar a
PRRS (Síndrome Reprodutiva e Respiratória dos Suínos), PED (Diarreia
Epidêmica dos Suínos), DCoV (Coronavirus), TGE (Gastroenterite
Transmissível), SIV (Vírus da Influenza Suína) e o SVA (Seneca Valley Virus
A).
São todos agentes de difícil controle, porque podem ser carregados por vários
vetores, incluindo equipamentos contaminados. No caso do Brasil, acredito que o
Mycoplasma hyopneumoniae (Mhyo) e a SIV são os que causam maiores prejuízos,
por não se ter ainda ferramentas eficientes para o controle desses agentes.
As informações partem da assessoria de imprensa da Agroceres PIC.
Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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Atualizado em: 15/05/2025 09:30