Porto Alegre, 17 de novembro de 2021 – Em outubro de 2021, o Instituto
Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), realizou o último levantamento
das intenções de confinamento para 2021 no estado de Mato Grosso. A pesquisa
contou com a participação de 138 produtores, o equivalente a 75,41% da amostra
total. O volume consolidado foi de 837.770 animais, decréscimo de 5,32% ante o
levantamento de julho, mas 1,84% acima do consolidado de 2020.
Isso ocorreu mediante a conjuntura atual do mercado, que pressionou a
arroba e fez com que os confinadores buscassem alternativas para a entrega dos
seus animais. Para se ter ideia, o pico de oferta que era para ocorrer em
outubro, como foi em 2020, foi redistribuído nos últimos dois meses do ano.
Dentre as medidas mencionadas, uma parcela dos informantes relatou ter destinado
seus animais ao pasto, como também alterou a formulação da ração ofertada
no cocho no intuito de tardar a engorda dos animais.
Segundo o Imea, os resultados obtidos apresentaram movimentos atípicos,
visto que pela primeira vez o rebanho confinado no último levantamento do ano
reduziu ao comparar com o anterior, realizado em julho. Por conta disso, esse
relatório seguirá uma ordem cronológica diferente dos demais, a fim de
explicar o contexto que influenciou para este movimento. A começar pela
conjuntura atual do mercado, uma vez que em setembro houve a confirmação dos
casos atípicos da “vaca louca” no estado, uma das consequências imediatas
desse cenário foi a suspensão das exportações para alguns países
compradores de carne bovina mato-grossense, dentre eles, a China (principal
player consumidor). Com a ausência e sem retorno pré-estabelecido desse
importante comprador, a arroba do boi gordo que vinha alcançando elevados
patamares e influenciando na tomada de decisão de vários confinadores de Mato
Grosso, começou a ser pressionada. A queda passou a ser relatada em set.21, mas
registrou decréscimos mais agressivos em out.21.
Vale ressaltar que esse decréscimo mais agressivo nos preços do boi gordo
foi a principal preocupação relatada pelos entrevistados nesse último
levantamento, correspondendo com 50,00% da amostra. Além disso, cerca de 29,00%
dos informantes relataram receio com os preços dos insumos, principalmente por
conta da valorização do milho e farelo de soja.
Diante disso, no intuito de minimizar as perdas por conta da queda no
preço da arroba, os confinadores do estado buscaram alternativas. Para entender
melhor esse cenário, o Imea buscou realizar um levantamento sobre o assunto.
Contudo, apenas uma parcela da amostra (25 informantes) aceitou responder aos
questionamentos e os resultados obtidos foram subdivididos em três estratégias
adotadas.
A primeira delas se refere à parcela de confinadores que entregaram seus
animais mesmo diante do recuo no preço do animal. O principal motivo esteve
relacionado com a elevada cotação no custo da diária do animal – vale
destacar que 2021 foi um ano de maior procura por boitéis por conta dos preços
dos insumos em alta.
A segunda medida esteve voltada para os confinadores que buscaram
alternativas de postergar a entrega dos animais terminados, na expectativa de
valorização da arroba no curto prazo. Dentre as alternativas, destacou-se a
alteração na formulação da ração e a destinação dos animais ao pasto
para que a engorda fosse mais lenta.
Já a terceira estratégia englobou aqueles que iriam realizar o terceiro
giro de confinamento, ou que estavam no início do processo de engorda dos
animais. Por não possuírem animais prontos, se remanejaram conforme suas
particularidades como, por exemplo, deixando de adquirir os animais de
reposição ou permanecer seus animais no pasto
Quando se analisa as macrorregiões do estado, a que mais impactou para
essa variação negativa foi a sudeste, com queda de 39,31% na quantidade de
animais. Esse resultado está associado àqueles que iriam para o terceiro giro
de confinamento, ao qual a procura e a destinação deles ocorre com mais
intensidade no último trimestre do ano. Já as regiões centro-sul,
médio-norte e oeste registraram acréscimos no volume de bovinos pois a
garantia desses animais ocorreu mais cedo e a entrega, em sua maioria, se
concentrou no mês de outubro. É valido ressaltar que a movimentação nas
macrorregiões esteve diretamente relacionada com o poder do pecuarista em
manter seus animais numa engorda mais lenta já que os custos da diária
estiveram mais elevados na média mato-grossense
Com relação à previsão de entrega dos bovinos confinados, diferente do
último relatório em que a distribuição se concentrou no último trimestre de
2021 de forma homogênea, neste novo levantamento, foi observado uma menor
destinação dos animais ao abate em outubro, e maior nos meses de novembro e
dezembro
Além disso, é neste mesmo período que as cotações futuras começaram a
se valorizar e, mesmo que abaixo do que era observado no segundo trimestre do
ano, a movimentação no mercado começou a se intensificar. Sendo assim,
estima-se que em dez.21, o preço alcance o patamar de R$ 260,19/@ na praça
mato-grossense. Outro ponto importante a ser analisado esteve atrelado à
quantidade de produtores que buscaram um mecanismo de proteção para seu
rebanho confinado.
Para se ter ideia, no levantamento passado, cerca de 12,00% da amostra
relatou ter realizado o travamento na bolsa ou à termo com a indústria.
No entanto, por conta de toda a movimentação de mercado mencionada, houve
uma maior procura por parte do produtor no intuito de se proteger das quedas
mais intensas na arroba, assim a utilização de mecanismos subiu para X% nesse
levantamento. Com isso, na amostra houve uma parcela de 11,40% produtores que
relataram ter realizado contrato à termo e 7,03% que travaram na B3.
Partindo para a verificação das estruturas dos confinamentos, ressalta-se
que a capacidade estática das instalações de Mato Grosso subiu 23,10% ante
ao consolidado de 2020, totalizando 1,01 milhão de cabeças. Esse resultado
esteve atrelado às boas perspectivas de mercado observados no 2o trimestre/21,
animando os atuantes da área a investirem no ramo. Porém, a utilização da
capacidade estática dos confinamentos nas macrorregiões do estado reduziu
17,30 p.p. ante ao ano passado e resultou em 82,90% da utilização total. O que
impactou neste cenário foi o remanejamento de animais nos últimos quatro
meses do ano por conta das mudanças de mercado, aumentando a ociosidade das
instalações no período
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diferente do cenário satisfatório que o mercado vivenciava em meados de
2021, o último trimestre do ano foi marcado por tensões quanto à
precificação da arroba, que recuou 10,47% ante a set.21, o que desanimou parte
dos atuantes da área e levou muitos ao prejuízo por cabeça de bovinos
negociado. Diante disso, parte dos confinadores buscaram alternativas para se
esquivar da situação e tentar gerar um menor prejuízo possível. Dentre as
alternativas, esteve o remanejamento de animais para o pasto, principalmente do
rebanho que seria designado para o terceiro giro de confinamento.
Esse fator influenciou para o recuo no volume estimado de animais
confinados no estado que resultou em 837.770 animais. Nesse sentido, a entrega
dos animais que iriam ocorrer com mais força em outubro (segundo o levantamento
de julho), agora passou a ser estimado para dez.21, pois a engorda no pasto
leva um pouco mais de tempo para terminar o animal. Nesse mesmo período é
estimado que a bolsa volte a operar próximo dos R$ 300,00/@ no estado.
Além disso, pode-se observar que a procura pelos mecanismos de proteção
aumentou em 2021, principalmente porque os pecuaristas estiveram com receio de
que a arroba pudesse cair ainda mais diante da suspensão da China. Vale
destacar que 11,40% do total da amostra informou ter fechado contrato à termo
com a indústria, enquanto 7,03% travou na bolsa de valores. Por fim, mesmo que
a capacidade estática tenha aumentado nas instalações, diante da conjuntura
atual, o percentual de utilização reduziu de 100,20% em 2020 para 82,90% em
2021 na média mato-grossense. As informações partem do Imea.
Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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Cotação semanal
Dados referentes a semana 08/08/2025
Suíno Independente kg vivo
R$ 8,28Farelo de soja à vista tonelada
R$ 1.630,00Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.400,00Milho Saca
R$ 69,00Preço base - Integração
Atualizado em: 07/08/2025 09:10