Porto Alegre, 22 de julho de 2021 – Chegou a vez da carne suína. Apesar de
ser a carne mais consumida do mundo, no Brasil a proteína do porco por muito
tempo foi vista com preconceito, pela ideia de ter origem de um animal
considerado “sujo, gordo e transmissor de doenças”. Mas não há razão
para a má-fama que o porco tem no País, a julgar pela qualidade e minucioso
controle sanitário deste alimento por aqui. A boa notícia é que este
preconceito é cada vez menor e a proteína está fazendo parte da alimentação
dos brasileiros.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o
brasileiro consome, em média, 16,86 quilos de proteína por ano. De julho de
2020 a janeiro deste ano, as compras de carne suína nos supermercados
brasileiros cresceram 80%, aponta a Associação Brasileira dos Criadores de
Suínos (ABCS).
“O brasileiro tem hábito da carne bovina e de frango, contudo, estamos
cada vez mais cientes da qualidade da proteína suína e do quanto ela é
saudável. A tendência é de mais crescimento”, avalia o médico-veterinário
Odemilson Mossero, presidente eleito do Conselho Regional de Medicina
Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP) e presidente da Comissão de
Saúde Animal da entidade.
As exportações da carne de porco in natura e processada também se
destacam. O Brasil é o quarto principal país produtor de carne suína do mundo
e o envio aos mercados externos chegou a somar 351,8 mil toneladas entre
janeiro e abril de 2021. O resultado equivale a uma alta de 25,3% em relação
ao mesmo período do ano passado, conforme a Associação Brasileira de
Proteína Animal (ABPA).
O zootecnista Celso Carrer, presidente da Comissão de Zootecnia e Ensino
do CRMV-SP, lembra que o bom momento nas exportações também foi alavancado
pela forte demanda na China. “O país ainda se recupera dos episódios
sanitários que levaram ao abate de grande parte de seu rebanho e aos preços
competitivos da carne suína com base na desvalorização do real frente às
moedas fortes”, explica.
Cadeia produtiva
A suinocultura brasileira vem se consolidando enquanto cadeia produtiva nos
últimos 20 anos. Celso Carrer destaca o aumento da profissionalização do
setor, o uso de tecnologias de produção e gestão na criação, o
acompanhamento dos processos sanitários (majoritariamente realizado pelas
empresas integradoras do segmento), o melhoramento genético e da nutrição e,
sobretudo, pela consolidação da produção brasileira de grãos (milho e
soja). Segundo o zootecnista do CRMV-SP, os dois últimos são os principais
insumos e representam a maior parte da competitividade dos preços no mercado.
“Todos esses fatores combinados levam a uma situação de vantagens
competitivas, tornando o país um dos principais exportadores de carne suína.
Momentaneamente, a subida dos preços relativos da carne bovina permite um
aumento do patamar de preços praticados no mercado, gerando benefícios que
são sentidos em toda a cadeia produtiva.”
Biossegurança
Todo o trabalho feito pelo setor de suinocultura realizado há muitos anos
foi fundamental para o setor se manter em equilíbrio nos últimos 18 meses,
mesmo com a pandemia de Covid-19. Odemilson Mossero admite que o segmento
sofreu algum impacto no início, especialmente pela falta de conhecimento sobre
a doença, o que foi rapidamente corrigido.
O médico-veterinário destaca as medidas que o segmento produtivo da
suinocultura sempre tomou, que são as medidas de biossegurança preventivas
para evitar a propagação de agentes etiológicos, seja de vírus ou bactéria,
dentro de um plantel, ou para que esses agentes indesejáveis não entrem.
Além disso, ele ressalta todo o trabalho feito pelo Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (MAPA), de levar orientações sanitárias aos
produtores.
“Essas medidas de biossegurança são fundamentais. As grandes
lideranças do setor produtivo da suinocultura também participaram ativamente
desse processo e os produtores então seguindo todas as orientações”, avalia
o presidente eleito do CRMV-SP.
Novas tecnologias
O segmento produtivo da suinocultura tem grande interesse em relação à
incorporação de novas tecnologias das diferentes áreas, aponta Mossero.
Dentro das medidas de segurança, o membro do CRMV-SP gosta de destacar o sério
cuidado que o setor tem com a importação genética de matrizes, que passam
por quarentena na estação de Cananéia, uma base física do Ministério da
Agricultura, em parceria com o setor da suinocultura.
“Nesse isolamento, os animais são submetidos a testes, prevenindo o
País de possíveis riscos sanitários por meio de um controle rigoroso. Esse é
um exemplo de parceria muito positiva no segmento do agronegócio, que tem a
participação dos médicos-veterinários acompanhando todo esse processo do
controle sanitário.” Com informações da assessoria de imprensa do CRMV-SP.
Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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Cotação semanal
Dados referentes a semana 25/04/2025
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R$ 1.885,00Casquinha de soja à vista tonelada
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R$ 73,25Preço base - Integração
Atualizado em: 29/04/2025 09:50