Porto Alegre, 25 de novembro de 2022 – Primeira mulher a presidir a Associação Brasileira de
Angus, Mariana Franco Tellechea, titular da Cabanha Basca, de Uruguaiana (RS), assume o comando da
entidade em 2023 com foco em desenvolver projetos para uma pecuária cada vez mais sustentável no
Brasil. A iniciativa passa pela criação de programas de seleção que, além de índices de
eficiência produtiva e qualidade de carne, permitam a obtenção de animais que, juntamente com
práticas e manejos agropecuários, viabilize uma produção sustentável, regenerativa e que
contribua para a conservação do planeta. O trabalho da associação será buscar parcerias com
universidades, entidades de pesquisa e poder público no sentido de alcançar o objetivo de que a
produção de carne bovina brasileira seja identificada como conservacionista e capaz de gerar
créditos de carbono. É um caminho longo e que exigirá avanços consistentes nos próximos anos,
garante a médica-veterinária.
Liderando chapa de consenso que reuniu pecuaristas de quatro estados brasileiros (RS, SC, PR e
SP), Mariana foi eleita durante assembleia na manhã desta quinta-feira (24/11) na sede da
Federasul, em Porto Alegre (RS). O criador Ulisses Amaral, da Cabanha Santa Joana, de Santa Vitória
do Palmar (RS), será o 1º vice-presidente. A posse ocorrerá em janeiro de 2023, ano em que a
Associação Brasileira de Angus completará 60 anos de atividade.
A nova diretoria pretende dar continuidade aos programas exitosos das gestões anteriores que
colocaram a Angus na liderança na comercialização de sêmen entre os taurinos, juntamente com
programas de melhoramento genético e o mais robusto sistema de certificação de carne de qualidade
vigente no país associado a um projeto Sustentabilidade, iniciado na gestão de Nivaldo Dzyekanski
(2019-2022). No período, a Associação realizou provas de eficiência alimentar, estabeleceu
Parcerias Público-Privadas (PPPs) com a Embrapa e iniciou a medição das emissões de metano. Nos
últimos anos, avançamos em estudos técnicos que colocam a Angus em um novo patamar de seleção.
Implementamos a genômica e deixamos o terreno pronto para que a nova diretoria expanda a busca por
uma pecuária cada vez mais sustentável e eficiente, informa Dzyekanski. Um caminho que deve ter
continuidade no próximo biênio. Queremos que a Angus esteja ao lado dos criadores na
certificação desses processos sustentáveis que visam deixar um legado para as próximas
gerações por meio de medidas que assegurem a preservação e a continuidade da produção
pecuária, completa Mariana.
Uma das primeiras medidas a ser adotada será a criação de uma Diferença Esperada na
Progênie (DEP) de Eficiência Alimentar. Com ela, será possível indicar, por meio da genômica,
logo no nascimento, os reprodutores Angus que produzem mais carne com menor ingestão de
alimento.Até agora, a característica vem sendo avaliada em provas individuais, em que é preciso
submeter o animal à testagem para mensurar seu desempenho. Com a DEP Genômica, tal avaliação
passa a ser feita apenas com um exame de DNA. Em breve, adianta Mariana, mesmo caminho poderá ser
seguido pela Ultrablack, raça sintética cujos registros estão sob a tutela da Associação
Brasileira de Angus. A expectativa, segundo ela, é que a genômica da nova raça passe a rodar
ainda em 2023.
Entre as metas da nova diretoria à frente da Angus também está dar maior visibilidade à
realidade do pecuarista brasileiro, indivíduo responsável por alimentar uma população mundial e
que, apesar dos frequentes ataques, opera em sistemas sustentáveis. A sociedade precisa entender
que o produtor é o maior interessado na preservação e que muito é feito há anos pela
sustentabilidade no campo.
Convicta do avanço das mulheres no agronegócio brasileiro nas últimas décadas, Mariana sabe
do desafio de ser a primeira presidente da Angus, mas faz questão de destacar o protagonismo já
assumido por muitas criadoras na história de seleção da raça. A Angus contou com muitas mulheres
de fibra em seu desenvolvimento no Brasil. Coube a mim o papel de representá-las, e isso é uma
responsabilidade gigantesca. Tenho orgulho e me dedicarei ao máximo para trilhar um caminho de
inovação que honre o legado dessa raça fantástica.
Programa Carne Angus terá Comitê Gestor
Entre as novidades da gestão 2023/2024, está a criação de um Comitê Gestor para o Programa
Carne Angus Certificada. O grupo terá caráter executivo e será formado por dois integrantes da
diretoria da Associação Brasileira de Angus (presidente Mariana Tellechea e vice-presidente do
Programa Carne Angus, Dorival Borga) e um membro do Conselho de ex-presidentes (Nivaldo Dzyekanski).
Neste primeiro mandato, o comitê será presidido pelo pecuarista Nivaldo Dzyekanski. Deixo a
presidência em 2023 e assumo o comitê com muito orgulho porque garantiremos, desta forma, uma
transição tranquila dos projetos encaminhados junto aos parceiros e frigoríficos, pontuou.
Carregando a experiência de quem atua com comércio internacional em suas operações no Brasil
Florestal, o empresário pretende dedicar-se à prospecção de novos mercados e à expansão do
número de parceiros do Carne Angus, principalmente em estados onde ainda não há abate
certificado.
Números Carne Angus
O ano de 2022 foi positivo para o Programa Carne Angus Certificada. Dados parciais do ano
(janeiro-outubro22 X janeiro-outubro21),divulgados pela gerente nacional do Carne Angus durante a
assembleia, indicam aumento de 20,32% no número de animais abatidos pelo programa. Até outubro, o
programa abateu 365.227 cabeças. A projeção é fechar o ano com crescimento de 23% nos abates,
alcançando 450 mil cabeças. Expansão também foi registrada no volume de carne Angus produzida.
Nos primeiros dez meses de 2022 em relação ao mesmo período de 2021, a alta foi de 21,66%. Um dos
destaques foi a produção de industrializados (hambúrguer, linguiça, carpaccio e carne moída).
As exportações do Carne Angus também avançaram. De janeiro a outubro de 2022, o crescimento
foi de 69,42% em relação ao mesmo período do ano passado. A China foi o maior comprador, logo
seguida de Malásia,Arabia Saudita, Singapura, Holanda, Líbano e Emirados Árabes.
Mariana Tellechea
Nascida em Porto Alegre, Mariana Franco Tellechea é formada em Medicina Veterinária pela PUCRS
de Uruguaiana. Filha de um dos fundadores e primeiro presidente da Associação Brasileira de Angus,
Flávio Bastos Tellechea (1963-1965 e 1969-1972), começou a trabalhar na seleção do plantel Angus
da família na Cabanha Paineiras ainda jovem. Inicialmente, cuidava dos registros da raça Angus e
de ovinos. Após a morte do irmão Neco Tellechea (presidente da Angus entre 1984-1988) e do pai
Flávio Tellechea, assumiu a gestão da propriedade ao lado das irmãs e da mãe Lila. Atualmente
está à frente da Cabanha Basca, referência em bovinos Angus e Brangus e equinos Crioulos. A lida
diária é dividida com a filha Lila Tellechea e com o genro Henrique Gonzalez, com apoio do filho
Nelson Pinto e do esposo e também pecuarista Caio Vianna. As informações partem da Associação
Brasileira de Angus.
Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
Copyright 2022 – Grupo CMA
Cotação semanal
Dados referentes a semana 04/07/2025
Suíno Independente kg vivo
R$ 8,43Farelo de soja à vista tonelada
R$ 1.700,00Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.400,00Milho Saca
R$ 66,00Preço base - Integração
Atualizado em: 08/07/2025 09:10