Porto Alegre, 25 de junho de 2018 – O agronegócio catarinense tem um
grande desafio: criar uma logística eficiente para a importação de milho. Um
gigante na produção de carnes, Santa Catarina se tornou também um grande
comprador de milho. Todos os anos, quatro milhões de toneladas do grão saem do
Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul para abastecer as cadeias produtivas
de suínos, aves e leite em Santa Catarina. Na quinta-feira (21), representantes
do setor público e privado e lideranças do agronegócio estiveram na FIESC
para debater os desafios na logística do milho.
Santa Catarina produz em média três milhões de toneladas de milho por
ano e utiliza sete milhões na alimentação de suínos e aves – o consumo
diário passa de 19 mil toneladas. “Temos um déficit que ultrapassa 55% da
demanda, que tem sido suprida com milho que vem de longe. Temos buscado no norte
do Mato Grosso, com distâncias que chegam a dois mil quilômetros e o
transporte é feito via caminhões”, ressalta o secretário da Agricultura e
da Pesca, Airton Spies.
O secretário explica ainda que esse milho, que chegava ao estado a um
preço relativamente competitivo, encontrou outros destinos: a exportação e a
fabricação de etanol. O corredor de exportação do Arco Norte deu mais
competitividade para a saída dos grãos do Mato Grosso pelos portos do
Amazonas, Maranhão e Pará e o Mato Grosso está investindo em usinas flex que
produzem etanol a partir de milho. “Realmente, Santa Catarina tem que se
preocupar e agir diante do grande desafio que é o abastecimento do milho”,
declara.
Segundo Spies, há algumas alternativas que devem ser trabalhadas para
minimizar os efeitos do déficit de milho: aumentar a produção do milho no
estado através da elevação da produtividade, investir no aumento da
capacidade de armazenagem; usar outros grãos para completar a alimentação dos
animais, como trigo e cevada, e investir em ferrovias.
Ameaça à competitividade das agroindústrias
“Ou viabilizamos a oferta de milho para Santa Catarina ou o estado irá
perder a competitividade”, afirma o diretor de relações institucionais da
Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA,) Ariel Mendes. Para dar
continuidade ao modelo do agronegócio catarinense, a ABPA criou um grupo
técnico que estuda a questão do milho e da logística catarinense.
“Partimos da avaliação de que se não for resolvido o problema do
milho, Santa Catarina vai perder competitividade. Aqui estão as melhores
plantas, que exportam para os melhores mercados mundiais. Este é um patrimônio
que temos que preservar”, destaca. Ariel reforça ainda a importância de
pensar em rotas alternativas para a importação do grão e também da
organização das agroindústrias para a compra antecipada de milho.
De acordo com o presidente da Câmara de Assuntos de Transporte e
Logística da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), Mario Cezar
de Aguiar, a discussão sobre o abastecimento de milho passa obrigatoriamente
pela melhoria da infraestrutura na região Oeste. “Certamente um componente
importante é a infraestrutura e temos que ampliá-la para que possamos manter e
fortalecer a nossa agroindústria”.
Rota do Milho
Uma das alternativas para Santa Catarina é trazer milho do Paraguai. A
intenção é que o milho saia do Paraguai, siga para Argentina (passando pela
Provincia de Misiones em direção a Bernardo de Irigoyen) e chegue até
Dionísio Cerqueira, onde já existe um serviço de aduana. A distância é de
354 quilômetros, cinco vezes menor do que o trajeto feito pelos caminhões que
trazem milho do Mato Grosso, por exemplo. Até Chapecó, maior centro de consumo
do grão em Santa Catarina, os caminhões vindos do Paraguai percorrerão 555
quilômetros.
O secretário da Agricultura Airton Spies explica que Santa Catarina já
importa milho do Paraguai, porém em uma rota mais longa, passando por Foz do
Iguaçu. “Hoje o Paraguai é a melhor opção para o abastecimento de milho
em Santa Catarina. A produção do país ainda não consegue atender toda nossa
demanda, porém a produção deve aumentar assim que surgir uma procura maior
pelo grão”, ressalta.
O diretor executivo do Sindicarne, Ricardo Gouvêa, considera ainda a
possibilidade de trazer milho da Argentina e até mesmo dos Estados Unidos. “O
Brasil produz milho suficiente, porém falta uma política para cuidar do
abastecimento interno. Por isso a necessidade de encontrar fornecedores
alternativos. O milho é a base de toda cadeia produtiva de carnes e é uma
grande preocupação em Santa Catarina”.
Durante a reunião, o sub-coordenador do Núcleo Estadual da Faixa da
Fronteira (NFSC), órgão ligado à Secretaria de Estado do Planejamento,
Flávio Berté apresentou o cenário atual da Rota do Milho e anunciou o início
das operações para os dias 12 e 13 de julho. Com informações da assessoria
de imprensa da FIESC.
Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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