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SOJA: Estudo aponta viabilidade de irrigar oleaginosa no sul de MS

17 de novembro de 2015
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Porto Alegre, 17 de novembro de 2015 – A redenção de milhares de
pequenas e médias propriedades rurais localizadas sobre os 50 milhões de
hectares de solos arenosos no Brasil pode se dar com a adoção de sistemas de
integração, como indicam pesquisas da Embrapa. Ao menos 30 fazendas do Oeste
de São Paulo têm apostado na rotação soja-capim, alcançando produtividades
que chegam a mais de 70 sacas/ha em alguns pontos, algo até então considerado
inviável para a região, com ganhos expressivos também em desempenho animal no
período seco.

Já na “Costa Leste” e no Sul de Mato Grosso do Sul, um novo formato
de sistema de integração tem resultado em produtividades médias de carne de
até 20 arrobas/ha. Os resultados surpreenderam porque produzir nesse tipo de
solo sempre foi um desafio para pecuaristas e agricultores.

Região tradicionalmente pecuarista, o Oeste paulista é marcado por
pastagens degradadas sobre solos arenosos, considerados limitadores da atividade
agrícola por conterem baixo teor de argila e grande porosidade, o que
dificulta a retenção de água e, consequentemente, de nutrientes para as
plantas.

“Dizem que solo arenoso é um filtro de água. Mas, pelo menos, podemos
pensá-lo como um filtro de água melhor”, diz o pesquisador João Kluthcouski,
o João K, da Embrapa Cerrados (DF).

Sob a orientação da Embrapa e da Universidade do Oeste Paulista
(Unoeste), de Presidente Prudente (SP), e com apoio da cooperativa Cocamar (PR),
a Fazenda Campina, em Caiuá (SP), passou a adotar o sistema Integração
Lavoura-Pecuária (ILP) em 2013, iniciando a rotação de soja com braquiária
numa área de 450 hectares, ocupada durante 15 anos por pastagens de baixa
produtividade. A propriedade, pertencente ao Grupo Carlos Viacava, também
agregou tecnologias como o sistema plantio direto e a descompactação do solo.

Depois de apenas dois anos de plantio da soja, os dados impressionam. Na
safra de verão 2014/2015, apesar dos 29 dias de estiagem que alcançaram o
período reprodutivo da leguminosa, a produtividade média foi de 39,6 sacas/ha,
variando de 14,6 sacas/ha numa área com plantio convencional até 73,6
sacas/ha num talhão com plantio direto, algo impensável para a região.

No período de safrinha, foi plantado milho consorciado com
capim-braquiária. Dessa vez, foram 54 dias sem chuva. A colheita novamente
surpreendeu: média de 80,8 sacas/ha de milho com 13% de umidade do grão e
média de 41,9 t/ha de milho silagem. “São dados inacreditáveis para uma
área com altitude média em torno de 400 metros, considerada imprópria para a
cultura do milho”, comemora o pesquisador.

A terceira safra, a de boi, foi garantida pelo pasto, que permaneceu
verde mesmo no período mais seco do ano. A pastagem, que em 2013 suportava 0,5
unidades animal (UA – equivalente a um animal com 450 kg de peso vivo) por
hectare, viu a taxa de lotação aumentar para 1,9 UA/ha em 2015. O índice é
bem superior à taxa de lotação média nacional, que, de acordo com
estimativas, não ultrapassa 0,7 UA/ha.

O ganho médio de peso foi de 0,6 kg/dia/animal, e houve registros de
animais com ganhos de até 0,9 kg por dia sem qualquer suplementação
adicional. A forragem de melhor qualidade também permitiu aumento do peso
médio dos bezerros à desmama aos 210 dias: os machos ficaram 22 kg mais
pesados e as fêmeas 14,5 kg.

Na safra passada, quase 40% da área produtiva da fazenda foi dedicada
à soja, e o rebanho está maior que há três anos, quando o sistema ILP foi
implantado. Diante dos resultados, a ideia é de que, com a implantação do
sistema, metade da fazenda fique com lavoura de soja e a outra metade com
pastagem durante dois anos, com rotação de 50% da área a cada ano.

“Quando completarmos o giro, o que vai levar de um a dois anos, teremos
o máximo. Se conseguirmos aumentar a produção em 20%, já será um fenômeno.
Tenho certeza de que teremos também um aumento substancial da produção de
touros”, aposta o proprietário Carlos Viacava, que deve implantar o sistema em
mil hectares na safra 2015/2016. “A propriedade, que antes só tinha receita
advinda da pecuária, agora tem três fontes de receita”, completa o filho
Ricardo.

João K aponta que o segredo está no uso do capim-braquiária e no
sistema plantio direto, além do uso de mata-broto, um implemento agrícola
usado na descompactação do solo. Outro fator de sucesso foi o deslocamento do
período de enchimento de grãos ao efetuar a semeadura em novembro, em vez de
outubro. “Plantando mais tarde, escapamos do veranico”, explica o professor
Edemar Moro, coordenador do curso de especialização em ILPF da Unoeste.

Moro estima que entre cinco mil e dez mil hectares estejam atualmente
cultivados com soja a partir do sistema ILP no Oeste paulista. Ele lembra que
haviam casos isolados de uso do sistema na região até 2011, quando a
universidade passou a promover dias de campo na fazenda experimental em
Presidente Bernardes (SP) e em propriedades rurais como a Fazenda Campina, em
parceria com a Embrapa, a Cocamar, empresas integrantes da Rede de Fomento à
Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) e outras. “Estamos conseguindo
mudar a mentalidade dos pecuaristas da região”, afirma.

“Mostramos aquilo que era considerado impossível: fazer, em 12 meses,
três safras sem irrigação, em solos arenosos com apenas 9% de argila, até
então considerados inaptos para a agricultura e a pecuária. Os solos arenosos
estão distribuídos em várias regiões do Brasil e são a próxima fronteira
agrícola. E os sistemas de integração são a única solução conhecida até
o momento para esse tipo de solo”, completa João K.

Novo formato de sistema integrado

Em Mato Grosso do Sul, a equipe liderada pelos pesquisadores Júlio Cesar
Salton, da Embrapa Agropecuária Oeste (MS), e Ademir Zimmer, da Embrapa Gado de
Corte (MS), validou o Sistema São Mateus (SSMateus), novo formato de sistema
de integração apropriado para a região da Costa Leste de Mato Grosso do Sul,
de solos predominantemente arenosos. O diferencial é que, após a correção da
fertilidade, a sequência da rotação começa pela pastagem (pasto-soja).

O novo formato possibilitou o aumento da produtividade média de carne de
seis arrobas/ha para 20 arrobas/ha. E, na mesma região, considerada inadequada
para a produção de grãos, é possível obter uma média de 50 sacas de soja
por hectare. “Com o início da rotação pela pastagem, há tempo adequado para
que os corretivos reajam no solo, o sistema radicular da pastagem construa uma
estrutura de solo favorável à manutenção de umidade e forneça a palha
necessária para o plantio direto da soja”, explica Salton.

Um modelo parecido está sendo levado ao sul de Mato Grosso do Sul, na
região de Naviraí, tradicional em pecuária de corte. Por meio de um projeto
nacional de pesquisa e transferência de tecnologias (Rede de Fomento em ILPF e
Macroprograma da Embrapa), foi montada uma Unidade de Referência Tecnológica
(URT), em parceria com Cooperativa Agrícola Sul-Mato-Grossense (Copasul).

Os últimos números da produção da pecuária indicam que o sistema de
integração pode ser a saída para a região: em Naviraí, há cerca de 180
mil cabeças de gado. Antônio José Meireles Flores, gerente do departamento
agronômico da Copasul, lembra que o número já foi maior (240 mil cabeças), e
que existem cerca de 100 mil hectares ocupados por milho, soja, mandioca e
cana-de-açúcar, a maior parte arrendada por pecuaristas a agricultores.

Segundo Salton, a região está ampliando a área cultivada com soja e
milho em solos de textura média a arenosa, que, sem tecnologia adequada, não
são propícios à agricultura. “A chance de perda nas lavouras é muito
grande. Para aumentar a possibilidade de sucesso, é preciso colocar em prática
o sistema integrado com pasto”, afirma.

O diretor vice-presidente da Copasul, Yoshihiro Hakamada, ressalta que a
URT trará benefícios para a região, que precisa recuperar cerca de 80% das
áreas com pastagens. “Com as pesquisas focadas na realidade local, vamos
aumentar a área de grãos, diversificar a propriedade, melhorar a fertilidade
do solo e a produção de carne, além, é claro, de valorizar a propriedade”,
diz.

Nos 31 hectares reservados para a URT na Copasul, os trabalhos de
recuperação dos pastos começaram em 2014, com uso de corretivos e
incorporação ao solo e com o cultivo, em diferentes áreas, de soja, milho,
milho consorciado com Brachiaria ruziziensis, mandioca, eucalipto e com a
pastagem BRS Piatã, que serão avaliados ao longo das safras.

O ganho de peso do gado é monitorado a cada 60 dias em duas áreas: uma
com pasto degradado e outra com pasto recuperado (BRS Piatã) em
outubro/novembro de 2014. Na primeira avaliação, os resultados não
apresentaram diferenças significativas, pois o ganho médio de peso foi de
0,199 kg/dia/cabeça na área de pastagem degradada e de 0,208 kg/dia/cabeça na
área de pasto recuperado. Já na segunda avaliação, a recuperação do pasto
já mostra o seu valor: enquanto o gado na área degradada perdeu em média
0,030 kg/dia/cabeça, os animais da área recuperada obtiveram ganho médio de
0,536 kg/dia/cabeça.

Hakamada lembra que a região de Naviraí tem uma pecuária tecnificada,
com carne de qualidade, participando, inclusive do Programa de Apoio à
Criação de Gado para o Abate Precoce (Novilho Precoce), vinculado à
Secretaria de Estado da Produção. “O gado daqui é o Nelore, e o frigorífico
da região abastece também outros estados brasileiros e exporta para outros
países. Com a ILP, com certeza a qualidade e o mercado ficarão ainda
melhores”, acredita.

E, para quem ainda tem dúvidas quanto à viabilidade do investimento,
Ademir Zimmer lembra que a ILP e a ILPF abrem novas fronteiras para culturas
anuais em solos considerados marginais. “A ILPF é um investimento e não um
gasto, como alguns ainda pensam. A primeira safra de soja, por exemplo, já se
paga e ainda cobre os custos da recuperação das pastagens”, enfatiza. As
informações partem da Assessoria de Imprensa da Embrapa cerrados.

Revisão: Carine Lopes (carine@safras.com.br) / Agência Safras

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Dália Alimentos* - base leitão

R$ 7,00

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Alibem - base suíno leitão

R$ 6,60

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Estrela Alimentos - creche e term.

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Estrela Alimentos - base leitão

R$ 6,40

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R$ 6,60

Pamplona* base suíno leitão

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