O lançamento de um produto à base de óxido de zinco, que reduziu o alto índice de mortalidade de leitões desmamados, foi o ponto de partida de uma pequena fábrica localizada em Casca, cidade da Serra Gaúcha com pouco mais de 9.000 habitantes. Hoje, 33 anos após sua fundação, a Mig-Plus conquista, pela primeira vez, o prêmio Melhores do Agronegócio na categoria Nutrição Animal.
A inspiração para a criação do produto que marcou o nascimento da empresa surgiu depois que o veterinário Flauri Ademir Migliavacca participou de um congresso em Barcelona, na Espanha, em 1986, mas pode-se dizer que o embrião da Mig-Plus Agroindustrial remonta à infância de Migliavacca. Quando tinha 6 anos, relata, seu pai, Reynaldo, chamou o pequeno Flauri para que cuidasse da maternidade de suínos da raça duroc do sítio da família.
“Meu pai me disse ‘filho, você tem que tirar os leitões da barriga da porca ou ela vai morrer’. Ele molhou minha mão com gordura e me orientou. Os leitões nascem com dentes, e um
deles me mordeu. Meu pai enrolou um lenço no dedo mordido e me ensinou como tirar corretamente o leitão do útero da porca. Tirei três e salvamos a porca. Aquilo me marcou”, relembra Flauri, de 74 anos, hoje diretor técnico da Mig-Plus. “Foi paixão imediata. Eu nem queria mais brincar”.
Após se formar na Universidade Federal de Santa Maria (RS), em 1972, e usar os conhecimentos que recebeu do pai e dos técnicos alemães e italianos que visitavam a propriedade da família, Flauri começou a dar palestras sobre suinocultura por todo o país. Nas viagens, ele ajudava a preencher um vácuo que existia na época, quando o ensino nas faculdades de veterinária era quase 100% voltado à criação de bovinos.
Em 1986, o veterinário convenceu o irmão, Laner, a deixar o emprego em um frigorífico para fundarem, juntos, uma representação de empresas de nutrição para suínos.
Cinco anos depois, os irmãos criaram a própria indústria para produzir o Desmama Plus, à base de zinco. “Os leitões eram desmamados precocemente, e a metade morria de diarreia quando começava a consumir uma ração que continha muita proteína. Começamos a misturar o produto de zinco na proporção de 3 quilos por tonelada de ração, e já não morria mais leitão. Foi a salvação nacional da suinocultura”, diz Flauri. Ele conta que chegaram a vender 60 toneladas do produto por mês.
O Desmama Plus já não é mais o carro-chefe de vendas da Mig-Plus, mas ainda está no portfólio da empresa e integra suas rações. Atualmente, a companhia tem duas unidades fabris, ambas 100% automatizadas. A indústria produz de 4.500 a 5.000 toneladas de premixes e núcleos por mês, além de rações prontas para suínos, bovinos de corte e leite, frangos e poedeiras, equinos, ovinos e outras espécies animais.
“O segredo do sucesso foi que, quando o produtor tinha algum problema com a saúde ou a nutrição dos animais, a gente ia lá resolver. E esse produtor acabava se tornando amigo e cliente”, conta Flauri. A Mig-Plus tem hoje uma área construída de 15.000 metros quadrados e domina o mercado brasileiro de produtos de nutrição para suínos de granjas independentes, mas ela também aposta em outras espécies e prevê lançar em breve produtos para tilá-pias. A empresa está investindo R$ 40 milhões na ampliação da estrutura e na compra de novos equipamentos, que vão dobrar sua capacidade de peletização da ração.
A companhia tem crescido 12% ao ano, em média. Em 2024, seu volume de produção aumentou 25%, mas o diretor estima que o faturamento deve subir menos do que isso, em virtude da queda dos preços dos produtos. Com frota própria, revendas e vendedores técnicos, a Mig-Plus comercializa 75% de seus produtos no Rio Grande do Sul e o restante em Santa Catarina, Paraná, Goiás, Minas Gerais e São Paulo. Ela também exporta para o Paraguai, para onde envia, por mês, até cinco carretas com produtos. A sucessão no comando da empresa de 430 funcionários já está encaminhada. Duas holdings, das famílias de Flauri e do irmão, que faleceu em 2014, controlam a Mig-Plus. 0 sobrinho, Tadeu, é o diretor administrativo, e três outros membros do clã
Migliavacca atuam na companhia.
Cotação semanal
Dados referentes a semana 22/11/2024
Suíno Independente kg vivo
R$ 9,53Farelo de soja à vista tonelada
R$ 71,50Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.200,00Milho Saca
R$ 1.975,00Preço base - Integração
Atualizado em: 22/11/2024 17:50