A suinocultura brasileira experimentou, recentemente, uma das maiores crises da história, onde em determinados momentos a “tempestade perfeita” de alto custo de insumos (principalmente milho e farelo de soja) e a alta oferta de suínos penalizou os produtores e tirou muitos da atividade. Passado este momento, sempre fica a pergunta: quando será a próxima crise e como podemos nos preparar para ela?
Pensando na gestão, há inúmeros fatores que respondem esta indagação, tais como: gestão de processos (produtividade), gestão de insumos (custos) e gestão financeira. Gerenciar bem todos estes fatores é pré-requisito indispensável para a sustentabilidade econômica da atividade. Porém, há desafios que nem sempre estão na rotina do processo produtivo, mas que, se não enfrentados, podem ao longo do tempo, inviabilizar a perpetuação do negócio. São questões que vão além da viabilidade financeira e que devem estar contempladas no planejamento estratégico de médio e longo prazo da suinocultura. Destaco a seguir as principais:
– Biosseguridade. A sanidade é um dos pilares mais importantes da suinocultura e nos fez conquistar os mercados mais exigentes mundo a fora. Investimento em estrutura e educação continuada dos envolvidos determinam a redução do risco de entrada de novas doenças e o controle daquelas já existentes no rebanho.
– Promoção do bem-estar animal (BEA) e das pessoas. Cada vez mais a sociedade cobra a humanização dos processos, com respeito ao bem-estar animal, baseado na ciência, e atenção aos trabalhadores que são a base do sucesso na produção. A adoção de novas tecnologias deve focar não somente em ganhos de produtividade, mas também na funcionalidade para as pessoas e na precisão dos manejos em condições de BEA.
– Uso responsável de antimicrobianos. Os antibióticos são uma ferramenta indispensável e que deve ser preservada pela sua importância na saúde humana e animal. O acompanhamento veterinário e medidas profiláticas, além da promoção do BEA, são fundamentais para racionalizar o uso de antimicrobianos e reduzir riscos de resistência bacteriana.
– Economia circular na produção. Geração própria de energia, reciclagem da água e a integração com outras atividades na propriedade são algumas das ações que otimizam custos e incrementam a sustentabilidade ambiental e econômica.
– Sucessão familiar. Com a suinocultura cada vez mais profissionalizada, a participação da família diretamente no processo passou a ser um desafio. Envolver os possíveis sucessores no processo decisório desde tenra idade, de forma pedagógica e democrática aumenta as chances de encontrar, na geração seguinte da família, a continuidade do negócio.
– Atuação coletiva do suinocultor. A participação de cada produtor em sua associação regional, estadual e nacional é fundamental para dar força às instituições e lideranças na defesa dos interesses da classe. No caso específico dos produtores integrados é obrigação de cada um se conectar e dar respaldo aos seus representantes nas CADECs. Sem dúvida, um dos pilares do crescimento da suinocultura das últimas décadas é a força de suas entidades representativas e esta força é resultado da soma da participação de cada suinocultor.
O Brasil tem uma suinocultura vocacionada para crescer e ganhar cada vez mais espaço no mercado doméstico e mundial. As sucessivas crises determinaram melhorias consideráveis na gestão do negócio e dos processos, mas é preciso entender que o mercado está mudando muito rápido, com exigências que vão além da competitividade em termos de preço e qualidade. A forma como produzimos torna-se cada vez mais importante para mantermos e expandirmos nosso mercado.
Cotação semanal
Dados referentes a semana 07/11/2025
Suíno Independente kg vivo
R$ 8,59Farelo de soja à vista tonelada
R$ 1.700,00Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.300,00Milho Saca
R$ 69,50Preço base - Integração
Atualizado em: 11/11/2025 09:48