O ano de 2016 para a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) foi marcado pelas adversidades enfrentadas por todos os elos que compõem a cadeia da suinocultura. Em um período destacado pela alta do dólar e a escassez de milho no mercado interno, os produtores acenderam o alerta para o aumento nos custos de produção e as dificuldades que isto traria para o setor. Apesar do cenário desafiador, dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) registram o crescimento da atividade neste ano, com a produção chegando a 3,7 milhões de toneladas e a exportação alcançando 720 mil toneladas, apresentando uma elevação de 30% em relação ao registrado no ano passado. Para 2017, a expectativa é de crescimento de 2% na produção nacional e elevação de até 5% nas exportações.
Em um ano em que a economia e a política passaram por momentos de instabilidade, a prioridade foi trabalhar para que soluções estratégicas trouxessem efetivamente resultados para o setor, o que refletiu no trabalho da ABCS em 2016. Ao todo foram realizadas 431 ações, 35% a mais do que no ano passado, distribuídas em produção, indústria, política e marketing em prol do desenvolvimento do setor, resultado do trabalho desenvolvido em parceria com o Sebrae Nacional, produtores, associações filiadas, empresas do setor e indústria por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (FNDS).
Política
Os altos custos de produção não refletiram durante o ano na alta no preço de venda do suíno vivo, uma vez que este valor é regido pela oferta e demanda da carne suína no mercado interno, deixando o produtor preocupado durante todo o 2016. Em busca de medidas para lidar com as intempéries, a ABCS intensificou sua atuação junto à Frente Parlamentar Mista da Suinocultura e participou de uma Audiência Pública para apresentar as principais demandas do setor no cenário de crise. Como resultado, conseguiu estabelecer novas regras para a renegociação dos vencimentos dos custeios e investimentos pecuários para suínos junto ao Banco do Brasil, e aprovar com a CTNBio a importação de milho dos Estados Unidos.
De acordo com o diretor executivo da ABCS, Nilo Chaves de Sá, essas medidas oportunizam maior tranquilidade ao produtor para passar por este período turbulento e voltar a ter rentabilidade no próximo ano. Além disso, o consumo interno se manteve estável nos últimos meses e a carne suína fez parte do dia a dia do brasileiro. “ O mercado interno historicamente consume cerca de 80% da produção nacional e em 2016 tivemos uma resposta positiva do consumidor brasileiro, destacando o potencial do nosso produto”, explica de Sá.
Ações de Marketing – Com a recessão econômica e redução do poder de compra do brasileiro, as ações de marketing foram fundamentais esse ano para que a carne suína não perdesse espaço na cesta do consumidor. As ações junto ao varejo foram intensificadas e houve inovação no trabalho junto aos multiplicadores da área da saúde. Conquistar um espaço na gastronomia brasileira para expansão da proteína nesse segmento foi um passo inédito deste ano.
Entre as principais ações, destaca-se o Festival Suíno no Ponto, realizado em São Paulo. Ao todo, foram 48 casas servindo pratos com carne suína, com 20% de desconto durante dez dias. O sucesso foi comprovado com número de vendas: mais de 3,2 mil pratos e a permanência de 15 novos pratos em cardápios de restaurantes que antes não trabalhavam com a proteína.
Atenta a influência dos chefs brasileiros junto aos consumidores, cada vez mais interessados no tema, a entidade contou com figuras importantes para chamar a atenção da versatilidade, da qualidade e do sabor da carne suína, como o chef e apresentador da emissora SBT, Carlos Bertolazzi. A parceria resultou na criação da série de vídeos “Escolha + Carne Suína Por Carlos Bertolazzi”. O chef explorou o sabor de cortes como filé-mignon, copa-lombo, ossobuco, pernil e lombo – receitas versáteis e que atendem diversos nichos: leve, churrasco, dia a dia, gourmet e petiscos.
Outro resultado relevante foi a Semana Nacional da Carne Suína (SNCS), parceria de sucesso consolidada entre ABCS e GPA, que ganhou neste ano a sua quarta edição. Realizada no mês de setembro, a 4ª SNCS inovou com o treinamento de vendas e campanha educativa, além da realização de 102 oficinas gastronômicas com mais de 2 mil clientes. Com 26% de aumento de vendas, quando comparado ao mesmo período em 2015, a carne suína provou ser um bom negócio.
A ABCS também investiu no desenvolvimento de materiais e realização de ações específicas sobre a saudabilidade da carne suína para estudantes, nutricionistas, médicos e profissionais de educação física. Em 2016, foram 49 palestras com nutricionistas em 10 estados brasileiros, sendo cinco delas com a participação do preparador físico Marcio Atalla, além de 300 visitas a consultórios de nutricionistas e quatro Fóruns Nutricionais realizados em São Paulo. Juntas, as ações atingiram mais de 8 mil multiplicadores.
Segundo Marcelo Lopes, presidente da ABCS, o trabalho de marketing desenvolvido ao longo do ano foi importante para o posicionamento da carne suína como proteína competitiva no mercado brasileiro. “Nossa estratégia tem sido mostrar ao brasileiro, em diferentes frentes de atuação, o potencial da carne suína e assim incentivar o seu consumo. Os resultados alcançados, sem dúvida, são referentes ao esforço que toda cadeia produtiva vem fazendo para trazer ainda mais sustentabilidade para o nosso setor”, afirma.
Produção e indústria – A ABCS também dedicou esforços na capacitação e profissionalização dos produtores e colaboradores de granjas e frigoríficos, que este ano contaram com os cursos de Bem-Estar Animal (BEA), originados da série de cartilhas inéditas de BEA desenvolvida em parceria com o Sebrae Nacional e instituições do setor. As capacitações foram divididas nos módulos granja, transporte e frigorífico, e totalizaram 35 cursos com quase dois mil participantes nas principais regiões produtoras do país.
Mapeamento do Suinocultura Brasileira – Fechando com chave de ouro o ano de 2016, a ABCS lançou no mês de novembro, na cidade de São Paulo, o inédito Mapeamento da Suinocultura Brasileira.Com objetivo de fortalecer ainda mais a cadeia e mostrar a representatividade do setor na economia nacional, o estudo apresenta dados atualizados de plantel, volume produzido, bem como os sistemas e modelos de produção de Norte a Sul do país. O projeto teve como base entrevistas com suinocultores, especialistas em produção, associações de classe e frigoríficos. Segundo os dados levantados, a suinocultura brasileira registrou em 2015 o Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 62,57 bilhões e gera 126 mil empregos diretos e mais de 900 mil indiretos.
O material foi produzido pela ABCS, com apoio do Sebrae Nacional, em parceria com a Markestrat, empresa especializada em estudos de segmentos agroindustriais. A publicação contou ainda com o apoio da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan) e do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações) e apoio institucional da Embrapa e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Também colaborou com o levantamento de dados a Associação Brasileira das Empresas de Genética de Suínos (Abegs).
O Mapeamento está disponível na versão português e inglês e pode ser consultado no site da ABCS, no qual está disponível para download. Confira aqui o material.
O portfólio de ações realizadas ao longo do ano não deixa dúvidas quanto a efetividade da ABCS para suinocultura. Por meio da colaboração financeira ao FNDS por parte dos produtores e afiliadas da ABCS, além dos recursos arrecadados junto às Empresas Amigas e ao Sebrae Nacional, foram desenvolvidas ações distribuídas em toda a cadeia produtiva, atendendo às necessidades políticas, de produção, indústria e marketing.
Para o presidente da ABCS, em 2017 a busca da entidade será por resultados ainda melhores e pelo aperfeiçoamento das atividades. “A caminhada prossegue em 2017. Atendendo à nossa cadeia, precisamos estar atentos às principais mudanças na nossa sociedade e no mundo. Isso nos ajuda a moldar nosso produto, inovar e aplicar novas medidas para oferecer o que o mercado consumidor exige cotidianamente”, finaliza Marcelo Lopes.
Cotação semanal
Dados referentes a semana 22/11/2024
Suíno Independente kg vivo
R$ 9,53Farelo de soja à vista tonelada
R$ 71,50Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.200,00Milho Saca
R$ 1.975,00Preço base - Integração
Atualizado em: 22/11/2024 17:50