A sanidade da produção é o principal patrimônio a ser zelado pela cadeia suinícola. Com casos de Peste Suína Clássica (PSC) registrados em Alagoas (AL), Zona não Livre (ZnL), algumas entidades do setor, junto da Associação Brasileira de Criadores de Suínos – ABCS, se uniram para evitar o alastramento da doença.
A Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul – ACSURS está entre elas. A entidade, que contou com o apoio do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Estado do Rio Grande do Sul – SIPS, destinou R$ 24 mil para auxiliar no desenvolvimento do Plano Estratégico Brasil livre PSC. Cada entidade contribuiu com 50% do valor total.
O valor fará parte dos R$ 300 mil, que serão destinados para a contratação das equipes de vacinação e também para aquisição de insumos através do Plano para Erradicação da Peste Suína Clássica no Estado de Alagoas. O projeto é um braço do Plano Brasil Livre de Peste Suína Clássica, que foi lançado em 2019 pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária de Alagoas (Adeal).
O presidente da ACSURS, Valdecir Luis Folador, acredita que o esforço e o trabalho feito em conjunto entre as entidades representativas dos suinocultores e o setor público se faz necessário e vem com a preocupação da manutenção do status livre de PSC, já conquistado em alguns estados brasileiros como o Rio Grande do Sul, que é certificado desde 2015 pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).
Os esforços desenvolvidos junto dos órgãos federais para o combate da PSC buscam garantir muito mais que a sanidade do rebanho, mas também os mercados já conquistados pelo Brasil e toda cadeia suinícola. “São questões que precisamos tratar com muito cuidado, muita atenção, para garantir o futuro da cadeia, do produtor e dos investimentos feitos no campo”, enfatiza o presidente da entidade.
De acordo com Folador, a dedicação para manutenção do status sanitário da porteira para dentro não adianta se corremos o risco de a doença chegar e causar transtornos e estragos para os suinocultores gaúchos. “É necessário fazer este tipo de repasse de recursos. E no médio e longo prazo, esperamos que a região possa se tornar livre da doença, através de controles e vacinações. E chegar ao nível de status sanitário que temos aqui no Rio Grande do Sul”, justifica.
A manutenção do atual status sanitário é uma das prioridades da entidade que representa os suinocultores gaúchos. Dessa forma se garante que o setor tenha acesso aos mercados internacionais e interno, além do seu sustento.
Público e privado
Nos últimos tempos, o setor público e o privado estão trabalhando cada vez mais juntos em prol de interesses coletivos. Cenário que está se repetindo desta vez na cadeia suinícola.
O presidente da ABCS, Marcelo Lopes, explica que a união entre o poder público e a iniciativa privada busca envolver todos os elos da cadeia suinícola para viabilizar um programa de longo prazo para erradicar a PSC na ZnL. “Quando tratamos de uma parceria público-privada, estamos diante de um projeto que conta com uma participação conjunta dos setores, envolvendo recursos em prol de interesses coletivos, visando a estruturação de uma importante política pública para o aprimoramento da suinocultura nacional”, complementa.
Folador acrescenta que trabalhar junto do poder público é necessário para que os problemas sejam resolvidos de forma mais ágil. “O setor privado consegue recursos de forma mais rápida e assim ajuda o poder público a fazer um trabalho melhor e muito mais ágil quando se tem algum problema”, destaca.
A parceria entre o setor público e o sistema ABCS iniciou na execução do Projeto Piloto Alagoas, ação fundamental e estruturante do Plano Brasil Livre de Peste Suína Clássica, podendo ser o ponto de partida para a replicação dessa ação nos demais estados da ZnL.
O projeto está sendo implementado a partir de uma definição das ações de responsabilidade de cada integrante, visando colocar em prática o Plano. Entre os objetivos está a elaboração do programa piloto de vacinação e as estratégias a serem utilizadas para a operacionalização da vacinação contra a PSC no estado de Alagoas.
Exercitar a operação de vacinação contra a PSC no estado de Alagoas, e assim identificar e mitigar as dificuldades que possam prejudicar a execução nas demais unidades federativas da ZnL, também será dos focos do projeto piloto.
Além disso se tem como objetivo, aprimorar o processo de vacinação e replicar a metodologia nos demais estados que compõem a ZnL, onde está prevista a vacinação contra PSC.
PSC
A PSC é uma doença viral contagiosa que acomete suídeos domésticos e silvestres, causada por um vírus do gênero Pestivirus, da família Flaviviridae, que produz grandes perdas produtivas e econômicas, devido a alta infectividade e letalidade.
A transmissão da doença ocorre principalmente pela via oronasal, por contato direto entre suídeos infectados e suscetíveis, mas também pode ocorrer por via indireta, por meio de pessoas, veículos, alimentos de origem animal ou roupas contaminadas. “Uma vez instaurada no rebanho, não há tratamento disponível para a PSC e, em caso de detecção de focos, realiza-se o sacrifício sanitário dos animais doentes e seus contatos diretos e indiretos, além de outras medidas de defesa sanitária previstas em legislação”, explica a diretora técnica e comercial da ABCS, médica-veterinária Charli Ludtke
A região caracterizada por ZnL de PSC inclui 11 unidades federativas, que são Alagoas, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Amapá, Amazonas, Roraima e Pará.
Com aproximadamente 18% do rebanho suíno nacional, distribuído em mais de 300 mil estabelecimentos rurais, predominantemente de pequenos produtores familiares, a região representa cerca de 50% do território brasileiro. “Quando tratamos de buscar a erradicação da PSC é com o intuito de que essas medidas viabilizem resguardar a saúde e a proteção de todo o rebanho nacional, assim como o crescimento e a estruturação da suinocultura na região envolvida, que representa um importante mercado consumidor”, argumenta Charli.
O avanço no controle e erradicação da PSC na ZnL possibilitará o fortalecimento das capacidades do Serviço Veterinário Oficial em desenvolver outros programas sanitários e a vigilância das doenças animais, além de assegurar a atual ZL e as exportações brasileiras.
A erradicação da PSC no país também contribuirá para melhoria da imagem e melhor acesso a mercados internacionais, considerando tratar-se de uma doença erradicada na maioria dos países desenvolvidos, incluindo os principais exportadores de carne suína. “Apesar do princípio de zonificação que divide o território nacional (Zona Livre e Zona não Livre), acompanhamos nos últimos dois anos o aparecimento de mais de 70 focos da PSC, atingindo cerca de 7 mil suínos na ZnL, e com isso o Serviço Veterinário Oficial podia atuar com a única medida que é sacrificar os suínos afetados pela enfermidade para conter a disseminação viral”, complementa a médica-veterinária.
Sabendo que a vacinação contra a PSC é eficaz para interromper o ciclo de transmissão viral, tornando os suínos resistentes ao vírus, buscou-se retornar com a vacinação na ZnL, visando atingir uma boa cobertura vacinal.
Cotação semanal
Dados referentes a semana 22/11/2024
Suíno Independente kg vivo
R$ 9,53Farelo de soja à vista tonelada
R$ 71,50Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.200,00Milho Saca
R$ 1.975,00Preço base - Integração
Atualizado em: 07/11/2024 17:50