AÇÚCAR/ETANOL: Reformas em impostos trazem enormes incertezas -Rabobank

Porto Alegre, 30 de junho de 2022 – Leia, abaixo, análise do banco de
investimentos holandês Rabobank para o mercado de açúcar e etanol. O banco
destaca as “enormes incertezas associadas com as propostas para a reforma dos
impostos sobre combustíveis no Brasil”.

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Impostos cortados – e agora?

Com 107 milhões de toneladas de cana moída até o começo de junho, a safra
2022/23 no centro-sul ainda em uma longa estrada para percorrer. Os resultados
iniciais mostram que o acumulado do teor de ATR por tonelada de cana ficou 5%
abaixo em relação à safra passada. De fato, esse número não está tão
diferente do valor médio das cinco safras anteriores (considerando o mesmo
período) e, talvez sirva para mostrar que era a safra passada que ficou fora da
curva. Enquanto isso, a indicação preliminar de que a produtividade média da
cana colhida até agora tem sido apenas igual à safra passada parece mais
marcante, dada a recuperação parcial da produtividade esperada para o atual
ciclo.

Enquanto o preço de Nova Iorque continuava flutuando entre 18 e 20 USc/lp e
o balanço mundial sinalizava uma situação equilibrada, o setor de açúcar e
etanol no Brasil enfrentava as incertezas enormes associadas com as propostas
para a reforma dos impostos sobre combustíveis. No dia 23 de junho, foi
sancionado o PLP 18, e o Rabobank calcula que, com premissa de preço na
refinaria constante da Petrobras, a redução do ICMS na gasolina para 18% em
São Paulo, junto à suspensão de PIS/Cofins e CIDE, poderia gerar uma queda de
até R$1,40 por litro do valor na bomba da gasolina, e reduziria preço ESALQ
de hidratado em cerca de R$0,45 por litro.

Em primeiro lugar, vale destacar que a suspensão de PIS/Cofins e CIDE dura
até o final de 2022, o que significa que a partir do dia 1 de janeiro 2023 os
preços na bomba deveriam passar por um aumento relevante com a volta destes
impostos federais. Em segundo lugar, os nossos cálculos sobre mudança de
preço são feitos com aquela velha premissa de economistas de “tudo o mais
constante”. Na prática, sabemos que tem vários outros fatores que poderiam
impactar a evolução dos preços no futuro. Um exemplo claro disso foi o
anúncio no dia 17 de junho da Petrobras, aumentando em 5% a gasolina. Ou seja,
apesar da redução dos impostos, os mercados internacionais de combustíveis e
de câmbio continuarão como variáveis-chave para determinar o preço na bomba
sob o sistema atual de precificação.

Nas próximas semanas, vão se revelar os efeitos das mudanças tributárias
nos preços da gasolina e do etanol. Fatores que poderiam ter influência sobre
a magnitude e duração dos impactos são: o ajuste natural dos preços enquanto
os estoques adquiridos pelos postos nos valores antigos são esgotados, a
evolução do balanço oferta/demanda do etanol no mercado, e, mais para frente,
as estratégias de comercialização das usinas, olhando o aumento dos preços
no começo de 2023 com a volta dos impostos federais.

Revisão: Fábio Rübenich (fabio@safras.com.br) – Agência SAFRAS

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