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AGRICULTURA: Brasil adicionou 22,8 mi de t de fósforo no solo em 50 anos

2 de maio de 2018
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Porto Alegre, 2 de maio de 2018 – Estudo realizado por pesquisadores da
Embrapa Solos (RJ) e de outras instituições brasileiras revela que quase
metade do fósforo (P) aplicado na agricultura em forma de fertilizante
inorgânico nos últimos 50 anos continua na terra. Cálculos apontam que um
total de 45,7 milhões de toneladas, ou teragramas (Tg), de fósforo foi
aplicado no Brasil desde 1960, quando começou a utilização regular desse
insumo. Hoje, estima-se que 22,8 Tg desse montante continue fixado no solo.

Esse legado de fósforo na terra, que hoje é avaliado em mais de U$ 40
bilhões, pode ajudar o Brasil a se precaver contra uma possível escassez
futura do nutriente ou variações no preço do insumo. Em 2008, por exemplo, o
preço da rocha de fosfato aumentou 800% em um período de 18 meses.

Em 2050, serão 105 milhões de toneladas

Para avaliar esse recurso, foram examinadas as dinâmicas de fósforo em
seis experimentos de longa duração (14 a 38 anos) em solos do Cerrado, onde se
acredita que a maior parte da expansão e da intensificação da agricultura
deve ocorrer. A estimativa é que o resíduo de fósforo em terras brasileiras
possa chegar a 105 Tg em 2050.

O estudo, publicado na Nature Scientific Reports, no artigo Transitions to
sustainable management of phosporus in Brazilian Agriculture (Transições para
o manejo sustentável de fósforo na agricultura brasileira, tradução livre),
chama a atenção para uma questão importante na discussão do excesso de uso
do nutriente. O fósforo aplicado sucessivamente em solos brasileiros,
principalmente na produção de grãos, desde 1970, aliado a práticas
conservacionistas, como o plantio direto, gerou um legado, promovendo o acúmulo
de um capital natural. “Nosso solo absorveu esse fósforo. Por isso,
precisamos aplicá-lo cada vez em menor quantidade na terra, reduzindo seu uso
na adubação”, revela Vinícius Benites, pesquisador da Embrapa Solos e um
dos autores do artigo.

Controvérsias sobre o uso do fósforo

O estudo responde a diversas críticas de pesquisadores atuantes em países
de agricultura de clima temperado. “Há aproximadamente dois anos, alguns
cientistas de países do Hemisfério Norte começaram a questionar o que seria
uma aplicação excessiva do fósforo na agricultura tropical, principalmente no
Brasil”, lembra Benites. “Por lá, eles consideram o fósforo como um
poluente, em vez de insumo. É necessário observar que nossos solos tropicais,
para produzir, têm uma demanda muito maior de fósforo do que a terra de
países de clima temperado”, completa.

Luís Prochnow, diretor geral do Instituto Internacional de Nutrição de
Plantas no Brasil (IPNI), pondera: “Realmente existem trabalhos criticando
alguns aspectos do uso de fósforo no Brasil. Tais argumentos se referem
normalmente à grande quantidade que utilizamos para tornar a nossa agricultura
eficiente e produtiva. Questiona-se algumas vezes se o custo [da aplicação de
fósforo] não é muito elevado e se não estamos esgotando as reservas no mundo
muito rapidamente”.

O professor Luciano Gatiboni, da Universidade do Estado de Santa Catarina
(Udesc) vê algumas contradições nas críticas. “É interessante observar
que as reclamações sobre o uso do fósforo na agricultura brasileira têm
vindo de países nos quais foram utilizados fertilizantes fosfatados por
séculos e hoje boa parte dos seus solos apresentam teores excessivos desse
elemento, valores tão altos que causam poluição ambiental. Obviamente, nessas
condições, a eficiência da adubação é próxima a 100%, pois há tanto
fósforo armazenado no solo pelas adubações anteriores que não há fixação.
Então, eles criticam o Brasil por estar fazendo o que já foi feito no passado
por eles”, avalia.

Prochnow também discorda da argumentação dos pesquisadores europeus:
“Temos que considerar que precisamos de fósforo em quantidades elevadas para
construir a fertilidade dos nossos solos, mas temos uma agricultura muito
eficiente, bem mais eficaz do que a das regiões temperadas”.

Manejo adequado manterá fósforo por muitas décadas

Um bom exemplo é que no Brasil é possível fazer dois ou mais cultivos ao
ano em uma mesma área, realizando o manejo adequado com aplicação dos
princípios fundamentais para uso de fertilizantes, conhecido como o conceito
4C: utilizar a fonte de fertilizante correta, na dose correta, no momento
correto e no local correto. “Se o utilizarmos com sabedoria, teremos reservas
de fósforo por muitas décadas. Ademais, tenho convicção de que serão
estabelecidas formas eficientes de se reciclar esse nutriente. Isso será
imperativo no futuro. Resumindo, não devemos confundir as coisas. Precisamos de
agricultura forte no Brasil, que necessita de fósforo bem manejado. Isso é
perfeitamente possível”, completa Prochnow.

O fósforo é elemento vital para a saúde e o vigor das plantas. Alguns
fatores de crescimento associados ao fósforo são melhoria na qualidade da
plantação, maior resistência a doenças e suporte ao desenvolvimento da
planta por todo ciclo de vida. Além disso, ele está presente de modo intensivo
na agricultura, na utilização do NPK, sendo um dos três nutrientes
principais para as plantas, ao lado do nitrogênio e do potássio, na
composição dos fertilizantes.

Esse debate se torna ainda mais importante diante da escassez do recurso,
explica Benites: “Importamos metade do fósforo que utilizamos. Existem
reservas de fosfato no Brasil, mas elas são compostas por minerais de menor
qualidade, o que aumenta o custo da produção. Por essa razão, torna-se mais
barato importá-lo. Ele é um elemento limitado. As grandes minas estão
localizadas no norte da África, muitas em regiões de conflitos geopolíticos.
Ainda existe fósforo suficiente para abastecer a agricultura por algum tempo.
Porém, em breve, ele vai se tornar uma preocupação quando pensarmos na
segurança alimentar no mundo”.

Fósforo secundário

A perspectiva de escassez leva os pesquisadores a alertar para a
necessidade de se pensar em sistemas de produção que racionalizem o uso desse
insumo. Uma alternativa abordada no artigo publicado na revista Nature é o uso
do fósforo secundário, presente nos dejetos da produção animal ou nos
resíduos do processamento da cana-de-açúcar, por exemplo. Esse material já
é utilizado na Austrália. Estimativas indicam que o fósforo secundário pode
suprir até 20% da demanda brasileira de grãos por volta de 2050, com
investimento em tecnologias de recuperação do nutriente.

O diretor do IPNI acredita que o aproveitamento do fósforo secundário é
uma possibilidade concreta. “Porém, ainda precisamos evoluir muito em
tecnologia e em distribuição dessas fontes. A reciclagem de fósforo será
fundamental em um futuro próximo e a viabilidade técnica será estabelecida,
bem como existirão forças econômicas para que essas fontes possam ser
utilizadas. É necessário que o País se preocupe e pesquise esse assunto.
Alguns têm feito isso com clareza e da forma científica necessária”,
declara Prochnow.

Luciano Gatiboni também tem uma visão otimista sobre o tema. “Acredito
que o Brasil pode tranquilamente manter seu protagonismo como principal produtor
de alimentos e bioenergia no futuro, sem críticas quanto à eficiência de uso
de fertilizantes fosfatados, se conseguir usar eficientemente na agricultura as
fontes secundárias de nutrientes com a inclusão de fertilizantes oriundos do
reuso do fósforo. Melhor ainda se conseguirmos desenvolver tecnologias para
usar pelo menos parte do fósforo fixado no solo e acumulado pelo histórico de
adubações”, sugere o professor da Udesc.

Alguns países, como Cuba e China, buscaram uma saída mais radical e usam
no campo o fósforo presente nos dejetos humanos, já que 80% do fósforo
ingerido é excretado. As informações partem da assessoria de imprensa da
Embrapa Solos.

Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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