Porto Alegre, 8 de junho de 2016 – Preocupados com as baixas vazões dos
rios que abastecem o oeste da Bahia, os agricultores desta região decidiram
suspender a irrigação em mais da metade da área agrícola regada por pivôs.
Isso significa que dos 120 mil hectares irrigados na região, cerca de 72 mil
hectares terão seus equipamentos de rega desligados.
A medida, cujo objetivo é adequar a água disponível aos múltiplos usos
neste período castigado por uma severa estiagem, começa a valer a partir do
próximo mês de julho e deve durar até o mês de outubro, quando são
esperadas chuvas para recarregar os rios e aquíferos da região.
“É importante ressaltar que esta é uma iniciativa racional da
categoria, e não uma decisão imposta por autoridades, mesmo porque todos os
irrigantes da região estão legalizados, pois possuem outorgas concedidas pelos
órgãos ambientais competentes. O que queremos com isso é contribuir para
minimizar os efeitos da estiagem. Contudo, outros segmentos da sociedade que
contribuem para a baixa vazão dos rios, fazendo uso indiscriminado da água,
precisam fazer a parte deles”, explicou o diretor de Águas da Associação de
Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Cisino Lopes.
Segundo Lopes, a falta de informação tem levado a população a atribuir
a responsabilidade da crise hídrica à agricultura, o que é um grande
equívoco. “É claro que a água retirada dos rios para a irrigação
contribui, mas não em níveis assustadores como se propagam. Tanto que nos rios
Preto e Correntina há um número bastante reduzido de pivôs, mas o nível de
suas águas também está muito a baixo da média. Temos que levar em
consideração dois fatores importantes: o ciclo natural de baixa vazão dos
rios e o aumento da população e a sua consequente demanda por água”,
pontuou.
De acordo com dados apresentados pelo diretor de Águas da Aiba, o consumo
diário de água indicado para cada habitante é de 150 litros, mas a média
registrada tem sido entre 180 a 200 litros/dia, ou seja, um desperdício de
cerca de 30%.
Impactos na Economia
A interrupção da rega visa contribuir com o meio ambiente, mas deve
trazer efeitos negativos para a região, como o desemprego e a falta de
abastecimento de alguns alimentos, a exemplo do feijão, que deixou de ser
plantado por falta de água para irrigar. A consequência disso será mais de 1
milhão de sacas a menos no mercado. Com a pouca oferta, o preço deste alimento
deve subir consideravelmente.
Para o presidente da Aiba, Júlio Cézar Busato, este é um mal
necessário: escolher entre economizar água ou elevar a produção.
“Propomos, por iniciativa própria, deixar de irrigar aproximadamente 60% da
área. Os outros 40% não podem ser interrompidos por se tratar de culturas
perenes, como o café; ou mais sensíveis a falta d’água, como a produção
de sementes. Essa atitude é um indicativo de que praticamos uma agricultura
responsável e sustentável. Nossa preocupação com a água e com o meio
ambiente é real, afinal de contas, se faltar água nós também seremos
afetados, pois vivemos aqui com as nossas famílias”, disse Busato, confiante
na mudança de cenário no próximo ano, com a chegada do efeito la niña, que
deverá normalizar as precipitações pluviométricas e consequentemente as
vazões dos rios. As informações partem da assessoria de imprensa da Aiba.
Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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