Porto Alegre, 25 de janeiro de 2018 – O excelente resultado da safra
passada não refletiu no bolso do produtor rural. No final do ano, os preços
pagos ao produtor em 2017 foram 11,54% menores na comparação com 2016,
conforme o Indice de Inflação de Preços Recebidos (IIPR), divulgado pela
Assessoria Econômica do Sistema Farsul. O resultado é o pior da série
histórica que teve início em 2010. Apesar de ter colhido mais, a receita no
campo registrou um impacto real de -7%.
A pequena elevação de dezembro na relação com novembro de 2017 não foi
o suficiente para amenizar o resultado. O economista-chefe do Sistema Farsul,
Antônio da Luz, explica que o ano teve dois períodos distintos. “Tivemos um
primeiro momento que iniciou no ano anterior. Entre julho de 2016 até abril de
2017, os preços engataram dez meses consecutivos de queda e chegaram a acumular
-18%. Justamente quando entrava a safra e a maior parte é comercializada. Isso
significa que grande parte da produção de 2017 foi vendida por preços bem
menores que em 2016”, compara.
Entre os piores resultados estão nos preços milho (-22%), leite (-17%),
soja (-7%), boi gordo (-4%). Luz ressalta a situação de uma cultura em
especial. “O arroz é o destaque mais negativo de todos. Ele já vive uma crise
muito importante e não é por acaso, na comparação entre dezembro de 2016 e
2017 a diferença é de -24%. Isso comprova aquela máxima que repetimos ao
longo de 2017, foi um ano de safra cheia, mas de bolso vazio”, comenta.
Mesmo com resultado negativo, o acumulado do IPCA Alimentos (-1,87%) ficou
bem distante do IIPR. “Não existe uma correlação direta entre o preço
recebido pelo produtor e aquele pago pelo consumidor”, afirma Luz. Ele destaca
que outros fatores compõe o preço final nas prateleiras. “Quando tínhamos um
leiteiro que tirava o leite da vaca e colocava na porta do consumidor final,
evidentemente que o preço pago pelo consumidor era o mesmo recebido pelo
produtor. Mas agora não, hoje o produtor vende o leite para uma indústria que
vai elaborar esse leite e revender para o varejo, até chegar ao consumidor”,
explica. O economista lembra que nesse processo outros elementos acabam por ter
forte impacto na composição dos preços, inclusive combustíveis e energia
elétrica que registram altos reajustes no ano passado.
O relatório também apresenta queda em 2017 no Indice de Inflação dos
Custos de Produção (IICP). A marca de -3,90% foi a primeira negativa desde
2010. A principal razão para o resultado foi a taxa de câmbio de -8%. Os
produtos de maiores retrações foram fertilizantes e agroquímicos que são,
em sua maioria, importados. “As empresas também sentiram a dificuldade de
vender aos produtores porque eles estavam realmente muito descapitalizados. Esse
binômio de taxa de câmbio menor e um produtor com pouco recurso forçou o
custo para baixo. Entretanto, a queda no IICP foi menor do que no IIPR , ou
seja, a queda dos custos é bem abaixo do que a dos preços”, ressalta Luz.
Entre as lavouras analisadas, a maior queda de custo foi no trigo (-5%), seguido
pela soja (-3%), arroz (-1%) e milho (-0,5%). Com informações da assessoria
de imprensa da Farsul.
Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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Cotação semanal
Dados referentes a semana 30/04/2025
Suíno Independente kg vivo
R$ 8,42Farelo de soja à vista tonelada
R$ 1.836,67Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.200,00Milho Saca
R$ 72,23Preço base - Integração
Atualizado em: 06/05/2025 09:25