SAFRAS (16) – Autor da emenda que reabre o programa de refinanciamento dos
débitos dos produtores rurais inscritos na Dívida Ativa da União (DAU), o
deputado federal Luis Carlos Heinze (PP-RS), presidente da Frente Parlamentar da
Agropecuária (FPA), aguarda que a Presidência da República aprove a
matéria. “Dilma vai aprovar o programa de refinanciamento para produtores
rurais, até porque isto já foi negociado com o governo federal”, assegura.
A contar da data de aprovação no Senado Federal, agora no início de
junho, a presidente tem um prazo de 15 dias úteis, que vencerá no próximo dia
20. De acordo com Heinze, o problema do endividamento dos produtores vem se
arrastando há anos. “Muitos querem vender a terra, mas não conseguem. Donos
de algumas propriedades já faleceram e os filhos não conseguem fazer nada, e
outros certamente pretendem reinvestir no negócio.”
A emenda do parlamentar aponta que os produtores rurais que não
conseguiram aderir ao programa até agosto do ano passado terão até 31 de
dezembro de 2015 para assegurar até dez anos para liquidação das dívidas e
bônus. Os valores vão de 33% a 70%, e variam conforme o tamanho do débito.
Só terá direito quem estiver com valores inscritos até a data da
publicação da nova lei (até 20 de junho). Para tanto, os produtores que
estão nessa situação devem procurar os bancos para pedir a inscrição das
parcelas inadimplentes, principalmente do PESA (Programa Especial de Saneamento
de Ativos).
De acordo com os últimos dados da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional
(PGFN), levantados em 2012, constavam na lista de inadimplência mais de 115 mil
contratos inscritos na Dívida Ativa da União, o que correspondia a, pelo
menos, 600 mil produtores, entre os devedores principais e os avalistas. Tais
operações financeiras devem ultrapassar a marca dos R$ 15 bilhões.
O QUE DIZ A LEI 11.775/08
Com texto baseado na Medida Provisória (MP) número 432, o artigo 8o da
Lei 11.775/08 estabelece um rebate de 33% para pagamento, em até dez parcelas,
dos débitos inscritos em DAU, para quantias superiores a R$ 200 mil. O abate
chegava a 38% se o devedor optasse pela liquidação integral. Ainda estabelece
um bônus de R$ 19,2 mil sobre o total do débito.
Para quantias inferiores a R$ 200 mil, a redução varia de 36% a 70%,
conforme o valor da dívida. Em todos os casos, a correção do saldo devedor
ainda é feito pela Selic (taxa básica de juros) mais 1% ao ano. Esse índice,
em alguns períodos após a sanção da lei, superou os 18%.
EMPLACAMENTO DE MÁQUINAS AGRICOLAS
Na terça-feira, 10 de junho, Heinze participou de uma reunião da
Comissão Mista da Câmara Federal para discutir a MP n 646, que dispensa
tratores do emplacamento e registro para trânsito em vias públicas.
“Precisamos retirar urgentemente a obrigatoriedade de emplacamento de máquinas
agrícolas. Alguns Estados já estão fazendo isso, mas precisa ser uma
iniciativa nacional”, ressalta o parlamentar.
O governo havia vetado a decisão, mas teve de recuar no início de junho,
após pressão dos membros da Frente Parlamentar da Agropecuária, presidida por
Heinze. A regra passa a valer para tratores e máquinas agrícolas que tenham
sido fabricados antes de 1 de agosto de 2014.
A partir dessa data, o porte de documentação e a utilização de placas
continuam sendo obrigatórios para trânsito em vias públicas. Também ficou
determinada que a renovação anual do licenciamento não será mais
obrigatória, após emenda apresentada pelo deputado. “Havia uma brecha na lei
que obrigava o licenciamento de colheitadeiras, tratores e implementos
agrícolas até mesmo para percorrer a própria propriedade rural. Por isso,
tivemos de propor alguns ajustes no texto, porque precisamos evitar problemas
para os agricultores no futuro.”
A Medida Provisória 646 tramita em regime de urgência na Câmara dos
Deputados. Não há a possibilidade, no entanto, de apresentar novas emendas,
porque o prazo se encerrou no último dia 2 de junho. Agora, deve entrar na
pauta da Casa até 23 deste mês. Depois disso, a matéria deve passar pelo
Senado, com prazo final para deliberação para até 8 de agosto. “Precisamos
votar a MP 646 até dia 17 de agosto, antes do recesso da Câmara”, alerta
Heinze.
IVERMECTINA DE LONGA DURAÇÃO
O deputado também vem coordenando mesas de debates com representantes da
bovinocultura no Brasil que são contra a proibição do uso de ivermectina de
longa duração aplicada no gado. A utilização do produto em animais
confinados está proibida desde 2012, segundo Heinze, por causa das indústrias
que exportam para os Estados Unidos, onde o item é vetado para carnes
enlatadas.
A proibição foi uma sugestão apresentada pela Associação Brasileira da
Indústria de Exportadores de Carne (Abiec), como forma de evitar excesso de
resíduos do produto na carne exportada pelo País. “Apenas 10% da carne
brasileira exportada é enlatada, o resto é in natura. Esta proibição tem
prejudicado muitos produtores de carne do Brasil e precisamos rever isso”,
salienta o parlamentar.
Para resolver o imbróglio, o deputado, também na condição de presidente
da Frente Parlamentar da Agropecuária, já se reuniu com outros representantes
do setor, na sede da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA),
para debater o tema. “O próximo passo será marcar uma reunião entre
bovinocultores e o governo federal para tratar da proibição do uso de
ivermectina de longa duração. É preciso adotar critérios para controle do
produto, mas sem penalizar os produtores.”
A ivermectina é um parasiticida composto do grupo das avermectinas
(lactonas macrocíplicas), utilizado para prevenção e tratamento de endo e
ectoparasitas nos animais, principalmente em bovinos. O Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) decidiu suspender o medicamento de
longa duração por terem sido encontrados resíduos do produto em carnes
exportadas para os EUA. Na ocasião, o órgão apontou a restrição apenas para
ivermectina de longa duração, orientando pecuaristas a continuarem com a
aplicação de curta duração, que protege o gado de parasitoses por um
período de 45 dias. Com informações da assessoria de imprensa da Sociedade
Nacional de Agricultura. (AB)
Cotação semanal
Dados referentes a semana 22/11/2024
Suíno Independente kg vivo
R$ 9,53Farelo de soja à vista tonelada
R$ 71,50Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.200,00Milho Saca
R$ 1.975,00Preço base - Integração
Atualizado em: 07/11/2024 17:50