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‘-AGRICULTURA: SETOR TEM POSIÇÃO SECUNDÁRIA NO PROCESSO TECNOLÓGICO – CNA

16 de junho de 2014
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SAFRAS (16) – O setor agrícola, apesar dos inúmeros avanços
científicos, continua numa posição secundária em termos de pesquisa, com o
conhecimento tecnológico em ciências agrárias sendo ainda insuficiente para
atender aos desafios da produção agrícola mundial. Foi o que afirmou o
ex-presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), Pedro
Arraes, em palestra para os alunos da primeira turma da Faculdade CNA de
Tecnologia.
A agricultura, disse ele, está claramente numa posição de inferioridade
em termos de conhecimento tecnológico e, como consequência dessa situação,
“a área agrícola acaba sendo obrigada a apropriar-se dos resultados obtidos
em outras áreas, caso da medicina, por exemplo, como forma de desenvolver
projetos próprios para o segmento”, explicou.
Arraes, que atualmente presta serviços à Secretaria de Assuntos
Estratégicos da Presidência da República (SAE), mostrou que essa situação
de inferioridade da agricultura está comprovada nos 35 países da Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), cujas pesquisas em
ciência e tecnologia contemplam apenas 3% para o setor agrícola, sendo 55% de
responsabilidade do setor privado e os restantes 45% do setor público.

Pesquisa e conhecimento

Um dado interessante, segundo o ex-presidente da EMBRAPA, é a forma como a
sociedade percebe e compreende os resultados práticos das pesquisas
científicas na agricultura. Ele lembrou, a propósito, da polêmica em torno da
questão dos transgênicos. Trata-se, segundo ele de uma questão cultural e de
como o público ainda não conhece detalhadamente a pesquisa e seus resultados
concretos.
Arraes citou o cientista Alberto Sabin, descobridor da vacina contra a
paralisia infantil no século passado. “Muitos, no início do processo,
consideravam a vacina uma coisa do demônio, mas isso ocorreu devido ao total
desconhecimento sobre o assunto”, avaliou.
O crescimento da população mundial, estimada em mais de 9 bilhões de
pessoas em 2050 e a redução da fome no mundo, dá conta dos enormes desafios
para o aumento da oferta de alimentos nas próximas décadas, assinalou o
pesquisador. O interessante e desafiador dessa situação, segundo Pedro Arraes,
é que a população mundial vem substituindo, de forma gradual, os cereais por
amidos, carnes, lácteos, doces e alimentos processados.
Ao mesmo tempo, no caso do Brasil, houve uma impressionante “evolução na
produção agrícola”, destacou Arraes. É que nas décadas de 1960 e 1970, no
século passado, o Brasil enfrentou crise alimentar, pobreza no campo,
necessidade de exportar para pagar a dívida externa e ausência de conhecimento
específico sobre a agricultura em zona de clima tropical.
A partir da criação da EMBRAPA e da adoção de várias outras medidas
institucionais, como novo modelo para o financiamento agrícola e a
modernização da assistência técnica, o Brasil se tornou uma verdadeira
potência na produção mundial de grãos, rivalizando com os Estados Unidos e
outros países desenvolvidos, concluiu Arraes. Com informações da assessoria
de comunicação da CNA.
(AB)

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