Porto Alegre, 2 de abril de 2020 – A estiagem dos últimos meses no Estado
tem castigado a produção agropecuária catarinense. É o que aponta estudo
elaborado pelas equipes da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural
de Santa Catarina (Epagri/Cepa/Ciram). O levantamento apresentado às entidades
do setor produtivo nesta semana revela que a falta de chuva tem causado grandes
perdas na safra de verão (julho/2019 a abril/2020), especialmente nas lavouras
de milho, feijão e batata, além de queda na produção de leite, devido à
redução das pastagens.
É que as chuvas acumuladas dos meses de fevereiro e março foram abaixo da
média mensal em quase todas as regiões do Estado. Segundo dados da
Epagri/Ciram, as regiões do extremo-oeste, oeste, meio-oeste, vale do Rio
Itajaí, planalto norte, planalto sul e Florianópolis serrana registram média
acumulada inferior a 50 mm em março, o que é classificado pelos técnicos como
anormalidade hídrica. Atualmente, Santa Catarina está com 22 estações
hidrológicas em situação de estiagem, 10 delas na condição de emergência,
9 em alerta e 3 em atenção para estiagem. A situação mais crítica está nas
regiões do extremo-oeste, oeste, meio oeste, planalto sul e alto vale do Rio
Itajaí-Açu.
“Estamos em uma situação complicada e preocupante, que se agrava a cada
dia devido à falta de previsão de chuvas significativas para o Estado. Nas
regiões do meio-oeste, extremo-oeste, planalto sul e planalto norte, choveu 550
mm a menos que a média histórica para o período. No momento em que todas as
atenções estão voltadas à pandemia do Coronavírus, não nos demos conta de
que também estamos passando por uma forte seca que está reduzindo a nossa
produtividade”, alerta o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária
do Estado de Santa Catarina (Faesc), José Zeferino Pedrozo.
Diante do grave cenário, a Faesc, por meio da Confederação da
Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), solicitou à ministra da Agricultura,
Tereza Cristina, um conjunto de propostas para que os produtores rurais possam
superar os transtornos e os impactos causados pela pandemia do Coronavírus e
agravados pela estiagem. Entre as prioridades está a prorrogação automática
de todos os tipos de financiamento, principalmente custeio e investimento, sem
que isso acarrete em mudanças na tributação ou em dificuldades de acesso ao
crédito rural para a safra 2020/2021. Outro ponto foi a suspensão de qualquer
tipo de procedimento em que o produtor precise ir ao cartório ou agência
bancária.
A entidade também solicitou medidas tributárias: prorrogação do prazo
de entrega e pagamento do Imposto de Renda Pessoa Física para 30 de junho;
prorrogação do prazo de entrega das obrigações acessórias para pessoas
jurídicas por 90 dias e diferimento do pagamento, por seis meses, do Programa
de Regularização Tributária Rural (PRR); suspensão por seis meses das
inscrições de operações na Dívida Ativa da União, e adiamento para julho
dos pagamentos de tributos federais (PIS/Cofins e IPI) com vencimento em abril,
maio e junho, sem incidência de juros e multa e parcelamento em três vezes.
NÚMEROS PREOCUPAM O CAMPO
Os números reforçam a preocupação da Faesc. De acordo com o relatório
da Epagri, a estimativa de produção de milho da primeira safra é de 2,51
milhões de toneladas, 10% a menos que a obtida na safra 2018/19 no Estado. Para
o milho de segunda safra e grão total, a área estimada de produção é de 15
mil hectares, o que representa uma retração de 7,4% em relação à safra
anterior. A expectativa é que as áreas de safrinha também sejam fortemente
impactadas pela estiagem. Segundo o estudo, alguns municípios já relatam
produtividades até 20% menores em relação ao ano anterior. Para o milho
silagem é esperada uma redução de 0,6% na produção, fechando em 9 milhões
de toneladas.
O mesmo acontece com outras culturas. O feijão da primeira safra deve
encerrar com queda de 3,35%, alcançando 60,6 mil toneladas do grão. A
estimativa da Epagri é que as áreas da segunda safra – 37% da produção total
do Estado – sejam fortemente impactadas pela falta de chuva. Alguns municípios
relatam produtividades de 20% a 50% menores em relação ao ano anterior, o que
pode apresentar variação final negativa de 6,68% na produção e 5,04% na
produtividade em relação à safra 2018/19.
Os prejuízos na produção de soja são menores. Cerca de 70% das lavouras
catarinenses de soja já foram colhidas e devem ter uma queda de apenas 0,9% na
produção devido a um aumento na produtividade nas regiões de Chapecó, São
Miguel do Oeste e Canoinhas e pelo aumento de mais de 15 mil hectares na área
plantada em todo o Estado. Mesmo assim, as regiões que estão com a colheita em
andamento estimam perdas de até 30% da produtividade, o que pode mudar os
números do grão no final da safra. A produção de fumo também deverá ser
reduzida em -1,13% nesta safra.
LEITE
Existe uma preocupação também com o setor leiteiro. Os meses de abril e
maio são, historicamente, os períodos de menor oferta, o que se acentuou neste
ano pela estiagem. A falta de chuvas está prejudicando a quantidade e a
qualidade das pastagens, o que impacta diretamente no aumento dos custos de
produção de leite.
De acordo com vice-presidente da Faesc, Enori Barbieri, a falta de chuva
destruiu as pastagens e os produtores já não estão conseguindo bancar os
altos custos da ração à base de milho.
“Os produtores precisam urgentemente equilibrar seus ganhos aos custos de
produção para a situação não se agravar ainda mais”, sublinha Barbieri.
PECUÁRIA
Segundo informações da Epagri/Cepa, até o momento, não há relatos de
perdas diretas na produção de suínos e aves decorrentes da estiagem. Em
alguns municípios, os produtores estão sendo atendidos com caminhões pipa,
porém a grande maioria dos suinocultores e avicultores possuem estruturas de
armazenagem de água, o que dá maior segurança para o sistema de produção e
reduz a necessidade de abastecimento complementar.
Na produção de bovinos de corte se observa uma gradativa piora na
qualidade das pastagens em função do baixo volume de chuvas e das elevadas
temperaturas. Esse processo normalmente reduz o ritmo de ganho de peso dos
animais criados à base de pasto ou demanda a utilização de alimentação
suplementar, o que eleva os custos de produção. Com informações da
assessoria de imprensa da FAESC.
Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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Atualizado em: 31/07/2025 11:10