Porto Alegre, 26 de setembro de 2022 – Mato Grosso é o grande protagonista e berço da
pecuária brasileira, detendo o maior rebanho bovino do País. De janeiro a agosto deste ano, por
exemplo, o Estado foi responsável por 3,2 milhões de animais abatidos. Diante dessa importância
do setor, em setembro a Fundação MT realizou o seu I Encontro Técnico Pecuária de Corte, em
parceria com a Acrimat e o Imac. Eventos como esse são fundamentais para a cadeia, conforme destaca
o pesquisador responsável pela área de Pecuária de Corte da instituição, Thiago Trento.
Uma das palestrantes do evento, Monique Melânia Kempa, coordenadora da inteligência de mercado
do Imea, falou sobre a atividade no MT. Para ela, há muitas oportunidades para o curto e médio
prazo para a bovinocultura de corte no Estado, porém, para ser ainda mais eficiente é preciso
superar alguns desafios diante das oscilações do mercado.
Em relação ao cenário de ofertas, tem-se observado uma mudança de ciclo pecuário. O ano de
2021 foi marcado por um período de retenção de fêmea, o maior dos últimos dez anos, que
auxiliou o preço da arroba a permanecer em elevados patamares. Contudo, segundo a especialista,
desde o final do ano passado é notada uma mudança desse ciclo pecuário, que tem se confirmado a
cada mês de 2022. Agora é um período de maior oferta de mercado, isso traz uma maior
disponibilidade de carne e consequentemente causa uma pressão para os preços da arroba.
Já sobre o abate de bovinos, em 2022 houve incremento de mais de 5% em relação ao mesmo
período do ano passado (janeiro a agosto). Esse aumento vem principalmente do abate das fêmeas,
que cresceu nesses meses quase 12%, um indicativo de virada de ciclo. Outro indicativo está nos
preços de reposição em Mato Grosso, que estão recuando desde o final do ano passado, algo que
também indica uma maior oferta no mercado. Tudo indica que a bovinocultura está passando por um
processo de mudança, com maior oferta e consequentemente isso traz uma maior pressão sobre os
preços.
O principal desafio para os pecuaristas vai ser em relação ao custo de produção. Neste ano,
há uma estimativa de crescimento de 37% para cria, 19% para recria e engorda e 29% para o ciclo
completo. O aumento é significativo e traz atenção para o produtor, que precisa ter os seus
custos calculados e se proteger no mercado futuro para não ficar refém das oscilações do
mercado, já que há previsões de que 2023 seja um período de maior oferta no mercado.
Já em termos de demanda, é preciso uma contextualização sobre o que fica dentro de Mato
Grosso, o que vai para outros estados e o que segue para exportação. Basicamente, nos últimos
anos, era evidente um cenário de 80% ficando no mercado interno e 20% indo para exportação. Já
com a entrada mais forte da China no mercado, em 2021 já houve um cenário diferente, com 65%
ficando no mercado interno e 35% seguindo para exportação.
Para 2022, com a China mais forte ainda no mercado, 40% são estimados para exportação e 60%
para o mercado interno. Outro fator de impacto desse cenário é com relação ao consumo per capita
de carne bovina do brasileiro, o qual está caindo. A Conab está estimando 24,8 quilos por ano, ou
seja, o menor consumo per capita dos últimos dez anos. Esse número vem diminuindo desde o começo
da pandemia, com a desaceleração econômica. Como 2022 não teve entrada de auxílios do governo,
houve retração de quase 11% em relação a 2021. Com informações da Fundação MT.
Revisão: Pedro Carneiro (pedro.carneiro@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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Atualizado em: 17/06/2025 09:45