Porto Alegre, 29 de janeiro de 2015 – Atualmente no Brasil os cultivos
chamados de CSFI (Cultivos com Suporte Fitossanitário Insuficiente), mais
conhecidos como “minor crops” são importantíssimos para a manutenção da
saúde humana como: legumes, frutas e hortaliças (cenoura, pimentão, chuchu,
morango, amoras, pêssego, alface, couve, brócolis etc.). Porém, carecem de
pesquisa específica para registro de defensivos agrícolas, conforme requerido
por órgãos do governo no Brasil e em outros países. E essa problemática
coloca os produtores rurais no papel de vilões do agronegócio.
“Um exemplo típico é: o produtor tem metas de produtividade, só
que não tem o produto registrado para combater a praga que ataca a lavoura de
morango. Porém, este mesmo produto está registrado para praga similar na
lavoura de soja. Para o produtor não perder a plantação, ele compra o produto
legalmente, mas ao usar na plantação de morango, se torna ilegal, porque a
empresa não registrou o produto para morango. A ANVISA (Agência Nacional de
Vigilância Sanitária) detecta o produto no morango e a confusão está
feita”, explica Luiz Carlos Bhering Nasser, membro do Conselho Científico
Para Agricultura Sustentável (CCAS), engenheiro agrônomo, pós-doutor em
biologia ambiental e professor coordenador do curso de pós-graduação de
análise ambiental e desenvolvimento sustentável do UniCEUB.
O conselheiro esteve presente no III Encontro Nacional sobre Registro de
Agrotóxicos para CSFI. O evento foi ontem (28/01), na sede da CNA
(Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), em Brasília/DF.
Estiveram presentes representantes da cadeia de agronegócio: associações e
entidades, indústrias, produtores rurais, e teve abertura especial da ANVISA,
MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), IBAMA (Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e CNA. O
objetivo principal foi de aprimorar o sistema de registro dos produtos no
Brasil.
Essa discussão é importante para colocar o produtor rural na
legalidade, ou seja, usando os agroquímicos registrados pelos órgãos
competentes do Brasil. “Com isso se protege a saúde do consumidor, do
trabalhador rural, além de minimizar o desequilíbrio ambiental no solo e
cursos da água, flora e fauna”, detalha Nasser.
Ricardo Lopes, presidente da APHORTESP (Associação dos Produtores e
Distribuidores de Hortifrútis do Estado de São Paulo) também acompanhou o
evento e considera essencial que toda cadeia produtiva discuta e busque
soluções para aprimorar os sistemas de registro de agrotóxicos para CSFI.
“É uma iniciativa importante, pois o produtor rural pode expor seus entraves
para toda a cadeia produtiva, afinal a limitação de produtos registrados afeta
diretamente a nossa produtividade, com consequências para o abastecimento no
varejo, e obviamente, para o consumidor”, afirma Lopes.
Além disso, o consumidor final não pode ver o produtor rural como um
vilão já que cada vez mais os produtores estão preocupados em plantar e
colher com sustentabilidade e segurança. “Nossas associadas são
certificadas, passam por controles e auditorias, treinamentos constantes e
investem na qualidade e segurança do alimento. Precisamos valorizar isso e
mostrar essa imagem para o mundo”, finaliza Lopes. As informações partem da
assessoria de imprensa do Conselho Científico para Agricultura Sustentável
CCAS.
Revisão: Carine Lopes (carine@safras.com.br) / Agência Safras
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Atualizado em: 29/11/2024 10:30