Atingida em cheio pela disparada dos preços do milho no mercado doméstico, a catarinense Cooperativa Central Aurora Alimentos, uma das maiores produtoras das carnes de frango e suína do Brasil, suspendeu os planos de investimentos até segunda ordem. A cooperativa, que viu o resultado líquido cair mais de 40% no ano passado, agora já se contentará se encerrar o primeiro semestre deste ano no zero a zero. “O preço do milho está impraticável”, lamentou o presidente da Aurora, Mário Lanznaster. Segundo ele, com os preços do cereal acima de R$ 40 por saca, a central está trabalhando com margens negativas nas vendas de itens como pernil e paleta suína, coxas e sobrecoxas de frango. “Certos cortes não dão resultados”, disse.
O milho é o principal componente da ração de aves e suínos e por isso afeta os custos da Aurora, já que a central fornece o insumo a seus cooperados. Nem mesmo para os produtos industrializados a situação é confortável. “O industrializado deixa alguma margem, mas muito menor”, afirmou Lanznaster. A situação é tão grave que a Aurora vai dar férias coletivas para cerca de 180 trabalhadores de linhas de produção de salsicha e espetinho. “Tem que parar até que o estoque volte ao normal”, afirmou. Segundo o presidente da Aurora, a paralisação das linhas de produção vai durar 30 dias. Lanznaster também assegurou que, apesar do momento difícil, a cooperativa não fará demissões. “Mas também não estamos admitindo”, acrescentou. Ao todo, a Aurora emprega 26 mil trabalhadores.
A Aurora informou, na sexta-feira (5), que teve uma queda de 41% no seu resultado líquido (sobras) de 2015, em comparação a 2014, afetada por aumento nos custos de produção e pela crise econômica que atinge o país. A empresa teve lucro (sobras) de R$ 246 milhões em 2015, ante o resultado recorde de R$ 418 milhões de 2014. “O pesado aumento dos custos de produção, insumos, matérias-primas, energia elétrica, despesas gerais e a instabilidade da economia foram responsáveis pela redução do resultado líquido final”, informou a empresa em comunicado à imprensa. Custos crescentes no mercado de aves e suínos e dificuldade para repasse ao consumidor já eram considerados desafios para a Aurora em abril de 2015, quando o vice-presidente da empresa, Neivor Canton, disse que a companhia buscaria expandir a participação das vendas no mercado externo. Em 2015, a Aurora fez diversos investimentos em aumento de produção, incluindo aquisição e ampliações de capacidade, que colaboraram para elevar em 12% a receita bruta, a R$ 7,7 bilhões. Desse total, 76% vieram de vendas para o mercado interno e 24% de exportações.
As vendas de carne suína foram o destaque no mercado interno. No externo, a líder em exportações foi a carne de aves, representando 66% do faturamento líquido total obtido com embarques (R$ 1,24 bilhão). A carne suína somou vendas externas de R$ 612 milhões. Crescimento da produção A Aurora abateu e processou 4,5 milhões de suínos em 2015, um aumento de 8,6% ante o ano anterior. A produção in natura de carne suína cresceu 7,7%, a 373,2 mil toneladas, incluindo cortes para matéria-prima de industrializados, miúdos, cortes resfriados, congelados, salgados e temperados. Entre os produtos suínos industrializados, a Aurora elevou a produção em 1,5%, para 305,5 mil toneladas de curados, defumados, empanados, linha festa, fatiados, hambúrgueres, linguiças, mortadelas, presuntaria, refinados, salsichas e porcionados. No segmento de aves, a produção in natura cresceu 8%, a 481,5 mil t. Já a industrialização subiu 0,5%, somando 55,4 mil t de produtos. Ao longo de 2015, a Aurora investiu na aquisição do frigorífico de aves de Mandaguari (PR), na inauguração da linha de presuntaria no frigorífico de suínos de São Gabriel do Oeste (MS) e no aumento da capacidade da unidade de suínos de Joaçaba (SC).
Cotação semanal
Dados referentes a semana 22/11/2024
Suíno Independente kg vivo
R$ 9,53Farelo de soja à vista tonelada
R$ 71,50Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.200,00Milho Saca
R$ 1.975,00Preço base - Integração
Atualizado em: 07/11/2024 17:50