Aurora e Sebrae/SC apresentam resultados do Encadeamento Produtivo

A avaliação das ações do Projeto Encadeamento Produtivo, neste ano, mostrou que a evolução nas propriedades rurais e nas empresas fornecedoras do segmento de aves, suínos e leite superaram as expectativas com melhoria da qualidade em todo o processo de gestão e organização dos empreendimentos. Somente em 2015, os investimentos foram de mais de R$ 2,4 milhões do Sebrae Nacional, Sebrae/SC, Aurora, parceiros e empresas beneficiadas. A apresentação dos dados e cases foi realizada, nessa semana, durante encontro promovido pela Cooperativa Central Aurora Alimentos e pelo Sebrae/SC, reunindo a governança, técnicos e parceiros, em Chapecó.

Criado em 1998, o projeto era denominado Programa de Desenvolvimento de Produtores Rurais Cooperativistas, tendo como foco o atendimento às propriedades rurais. No ano passado, foi remodelado para atender também as empresas fornecedoras da cadeia produtiva de suínos, aves e leite e, por isso, passou a denominar-se Encadeamento Produtivo. A iniciativa é do Sebrae/SC em parceria com a Aurora Alimentos, Senar, Sescoop, Sicoob, Fundação Aury Luiz Bodanese e oito cooperativas agropecuárias – Cooperalfa, Itaipu, Auriverde, Coolacer, Copérdia, Caslo, Cooper A1 e Coopervil.

O vice-presidente da Aurora, Neivor Canton, valorizou os parceiros e destacou a grandeza do projeto que transformou agricultores em empresários rurais. “Os avanços nas propriedades rurais, tanto na manutenção visual quanto na parte organizacional e de gestão, são visíveis. Aliado a isso, o resgate da autoestima e a volta de muitos filhos às propriedades, atualmente econômica e socialmente sustentáveis, também estão entre os resultados significativos do projeto”.

O coordenador regional oeste do Sebrae/SC, Enio Albérto Parmeggiani, reconheceu a importância da parceria para o sucesso do projeto e, consequentemente a sustentabilidade das propriedades rurais. “O projeto representou a iniciativa de maior alcance envolvendo produtores rurais no sul do Brasil e foi um grande sucesso nestes 18 anos de existência”.

A presidente da Fundação Aury Luiz Bodanese Isabel Cristina Machado, anunciou que os 47 anos da Cooperativa Central Aurora Alimentos serão comemorados em grande estilo em abril de 2016. “Vamos lançar uma publicação com os resultados e relatos do projeto nestes 18 anos. Para brindar as conquistas, nada mais justo do que falarmos sobre a evolução dos produtores rurais, que têm feito a diferença no gerenciamento de suas propriedades e, consequentemente, na qualidade de sua produção”.

O superintendente do Senar/SC, Gilmar Zanluchi, o vice-presidente do Sicoob Maxicrédito Elói Frazzon, o presidente da Cooperalfa que representou todas as cooperativas Romeu Bet, e a representante do Sebrae/RS, Silvana Berguemmaier, também se manifestaram, destacando a importância do projeto para o desenvolvimento das propriedades rurais e realçaram o compromisso em continuar parceiros da iniciativa.

O evento contou, ainda, com apresentação do projeto do Senar/SC de proteção de nascentes e fontes, apresentação do grupo de empresas rurais da Cooperativa Agroindustrial Alfa que criou o Times de Excelência, explanação sobre o Projeto de Melhoramento Genético da Aurora, bem como do Leite Legal e do Programa Aurora Propriedade Rural Sustentável, programação para 2016 e encerrou com a palestra “A evolução do mundo e o conflito entre gerações”, conduzida por Jaime Folle.

Principais ações de 2015

Segundo o coordenador de treinamentos da Aurora, Joel José Pinto, e a analista técnica do Sebrae/SC, Joselita Tedesco, entre as ações executadas, neste ano, estiveram 41 cursos do Programa De Olho, 23 do Programa de Gestão da Qualidade e outros 23 do Times da Excelência. O projeto também oportunizou a participação de produtores rurais e fornecedores da cadeia produtiva de aves, suínos e leite em eventos como o CDA Alfa, Itaipu Rural Show, VI Simpósio Brasil Sul de Avicultura, ExpoAgro de Concórdia, Expooeste de Chapecó, Seminário de acesso a crédito em São Lourenço do Oeste, Painel de Oportunidades e Inovação, entre outros.

Além disso, foram organizadas 66 missões empresariais com 1.197 participantes, 15 clínicas tecnológicas com 232 empresas inscritas e 2.250 horas de consultoria. Para o ano que vem estão previstas 30 clínicas tecnológicas, 59 missões e mais 4.500 horas de consultoria. No que se refere ao desenvolvimento sustentável e responsabilidade social, foram realizadas 24 palestras, 12 cursos, além do manual da propriedade sustentável e o desenvolvimento da planilha eletrônica.

O Programa De Olho na Qualidade atendeu 651 propriedades rurais em 2015 e 25.838 no período de 1998 a 2015. O QT Rural atendeu neste ano 401 propriedades, totalizando 10.212 desde o início dos treinamentos. O Programa De Olho Granjas atendeu 734 participantes nos últimos 18 anos.

Times de excelência

Um exemplo dos resultados do Encadeamento Produtivo foi apresentado por Silvério José Watt e Marta Therezinha Schlec Watt, que representaram as sete famílias que fazem parte do Times de Excelência, de São Carlos, denominado “Schone Schwein”. Segundo eles, o grupo surgiu porque as famílias expressaram a necessidade de evoluir tecnicamente e iniciou com a participação nos cursos QT Rural e De Olho na Qualidade. Todas as propriedades possuem em média 26 hectares, cerca de 760 suínos por propriedade (a menor possui 220 animais e a maior com 1.100 animais) e todas têm ênfase na sucessão familiar.

O grupo tem como missão buscar soluções para os problemas em comum visando melhorar a qualidade do produto final e os resultados financeiros. A visão é tornar-se um time reconhecido pela excelência de resultados no município até 2018 e os valores incluem buscar o desenvolvimento sustentável, bem-estar do grupo, agregação de valores, estabelecer parcerias e preservar o meio ambiente.

Os resultados até o momento incluem redução em 19% da mortalidade de suínos, redução de gastos em 64%, melhoria da conversão alimentar em 4,1% e a renda da propriedades aumentou em mais de 18%. O grupo totaliza 5.360 cabeças de suínos e gerou, para o sistema, economia aproximada de R$ 122.580,00 desde o início dos encontros. “Estamos trabalhando para melhorar os nossos resultados juntamente com os resultados das cooperativas”, destacou Watt.

Projeto de melhoramento genético

O projeto de Melhoramento Genético da Aurora (MGA) foi apresentado pelo gerente de lácteos da agroindústria, Selvino Giesel. A iniciativa tem como base compreender a real situação genética do rebanho leiteiro da Cooperativa Aurora (saúde, produção, conformação), fazer uso de modernas biotecnologias disponíveis no mercado de seleção genética, aplicar mecanismos modernos para a seleção, informação técnica e científica aos criadores associados e ao corpo técnico das cooperativas afiliadas, entre outros.

Além da Aurora e cooperativas singulares, o projeto conta com a parceria do Sebrae/SC, Unoesc, TAG do Brasil/DNA Genética, Zoetis Saúde Animal, Laboratório Araucária e Laboratório Fertiliza.

Giesel explicou que a iniciativa está baseada primeiramente nas informações existentes sobre a situação genética da Aurora e a situação do rebanho do oeste de SC. Baseado nisso e, após a realização da genotipagem com 2.500 amostras de vários animais, bem como a análise do material, foi instituído o grupo gestor de todas as cooperativas, o que resultou na criação do Modelo Genético Aurora. O primeiro passo, segundo Giesel, foi tirar de circulação os animais que, por ventura, possam transmitir doenças. Dessa forma, os animais que serão comprados nesse modelo são originados de sêmens de touros livres de doenças.

“O segundo aspecto importante está baseado naquilo que precisamos que são os sólidos com ênfase para a proteína, gordura, entre outros, ou seja, melhorar principalmente a composição do que realmente interessa do leite, o que resultará em rendimento na indústria e que premiará o produtor”.

O gerente de lácteos da Aurora destacou, ainda, que é essencial ter volume de leite, mas o mais importante é saber o que tem nele. Então, esse melhoramento genético é para priorizar o que interessa para que o pagamento por qualidade ao produtor seja contemplado. “Agora estamos estudando a viabilidade de colocar um centro para transferência de embrião, que também é uma ferramenta, no entanto, a principal estratégia é conseguir disponibilizar a um custo razoável e, aí a parceria com o Sebrae/SC é muito importante. Também ressaltamos a parceria das cooperativas singulares, das demais empresas e o comprometimento da direção da Aurora para que possamos oferecer, aos produtores, a partir de 2015 um certo volume com preço bem acessível de sêmen baseado nesse modelo genético da Aurora”.

O coordenador regional oeste do Sebrae/SC, Enio Albérto Parmeggiani, complementou que as consultorias tecnológicas de preparação das propriedades e dos técnicos, coordenadas pelo Sebrae/SC, oferecem condições para que os produtores tenham acesso a sêmens que passaram por processo de melhoria genética, o que resultará na produção de leite de excelência.

Propriedade rural sustentável

Outra iniciativa apresentada na reunião foi o “Propriedade Rural Sustentável Aurora”. Criado recentemente para desenvolver os cooperados de maneira que atinjam níveis de sustentabilidade nas suas cadeias produtivas, o projeto envolve os processos de gestão e meio ambiente e oportuniza gerar certificação das propriedades.

O programa “Propriedade Rural Sustentável Aurora” é a soma dos programas De Olho na Qualidade Rural, Times de Excelência, Suíno Ideal, Qualidade Total Rural, Frango Aurora, Programa Aurora de Qualidade do Leite, Leitão Ideal, Creche Aurora e Programa de Capacitação Ambiental.

Conforme o assessor de suinocultura da Aurora Alimentos, Sandro Luiz Tremeá, os programas trabalhavam de maneira isolada, por isso surgiu a necessidade de integrá-los, bem como uma forma de avaliar e premiar os cooperados que aplicam e mantém seus fundamentos. “O grupo de trabalho iniciou as atividades no campo em 2012, na sequência foi realizada a capacitação dos produtores e técnicos e definida a maneira de auditoria com indicadores econômicos relativos aos programas modelos de certificação das propriedades”, explicou.

O projeto-piloto foi realizado em quatro cooperativas (Cooper A1, Auriverde, Cooperalfa e Cooperitaipu), com a participação de 12 produtores. Os itens do checklist incluíram: gestão geral da propriedade; ambiental geral; social; gestão específica das atividades e ambiental específica das ações.

Para participar é necessário planejar a implantação do programa, capacitar a equipe técnica, analisar e indicar produtores para certificar, avaliar previamente para certificar, solicitar certificação, auditar as propriedades, apreciar relatórios da auditoria, certificar, rever relatórios e replanejar melhorias. Inicialmente serão premiadas as atividades de suínos, aves e leite que atenderam os critérios. O prêmio (bonificação) será anual e proporcional ao tempo certificado.

O modelo de certificação das empresas rurais foi elaborado pelo consultor do Sebrae Geraldinho Buffon, especialista em ISO 9000.