Porto Alegre, 6 de fevereiro de 2023 – Produtores de biodiesel acionaram o vice-presidente e
chefe do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin (PSB), em busca de
apoio na discussão sobre a mistura obrigatória do biocombustível ao diesel – mantida pelo
Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) em 10% até 31 de março de 2023.
Entidades que participaram de uma reunião com Alckmin, na sexta-feira (3), em Brasília,
disseram estar otimistas em relação à retomada do mandato, e que o vice-presidente aceitou a
missão.
Participaram do encontro representantes da Aprobio (Associação dos Produtores de
Biocombustíveis do Brasil), da Ubrabio (União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene), da Frente
Parlamentar do Biodiesel, entre outras.
De acordo com a Ubrabio, Alckmin pediu às entidades a elaboração de um documento relacionando
a participação do biodiesel na economia brasileira, contribuição na redução de gases de efeito
estufa, geração de emprego e renda, participação na agricultura familiar e os benefícios para a
saúde pública.
Elevação gradual da mistura de biodiesel
O setor já reconhece que a adição obrigatória não deverá alcançar o patamar de 15% (B15)
este ano, mas pede um avanço gradual. A proposta apresentada ao novo governo é adotar 12% a partir
de março deste ano, passando por ajustes ao longo do ano até chegar ao B15 em março de 2024.
Os produtores também levaram ao vice-presidente um apelo para que o CNPE tenha mais
previsibilidade e garanta condições favoráveis à segurança jurídica do mercado. Pelo
cronograma original de uma resolução de 2017 do próprio CNPE, a mistura obrigatória deveria
estar em 14%, chegando a 15% em março deste ano.
Mas desde 2020 o cronograma não é cumprido. No final do ano passado, o governo de Jair
Bolsonaro publicou a resolução fixando a taxa em 10% nos três primeiros meses de 2023 – sob
protestos dos produtores.
Motivações econômicas
Na quinta-feira (2) o setor se reuniu com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira
(PSB), com o mesmo pedido. Em nota, a Aprobio afirma que o ministro compreendeu a urgência.
Houve uma compreensão por parte do ministro da urgência da definição de um ambiente de
previsibilidade. Da sua parte, o setor considera a possibilidade de uma evolução gradual, desde
que a decisão seja em breve para garantir a organização da programação de suprimento e de
produção.
O CEO da Ubrabio, Donizete Takarski, fez um apelo ao ministro para que os critérios de
definição do percentual de mistura obrigatória considerem fatores além do preço do
biocombustível.
Segundo ele, é fundamental entender que a produção mantém uma cadeia relevante de empregos,
principalmente no campo, além de aspectos como o esmagamento da soja e a produção de farelo.
Nós temos cerca de 20 mil pessoas diretamente ligadas à indústria do biodiesel e 300 mil
agricultores familiares associados à produção. Ou seja, são mais de 70 mil famílias. Somente no
ano passado, houve uma aquisição em torno de R$ 9 bilhões em matéria-prima originária da
agricultura familiar.
Redução pontual desde 2020
A decisão de reduzir a participação do renovável no diesel foi tomada, ainda na gestão do
ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de Bento Albuquerque (ex-ministro de Minas e Energia), por causa
da elevação dos preços do biocombustível, o que pressionou o valor final do diesel.
A mistura vem sofrendo cortes pontualmente desde 2020, em razão de choques no mercado de
combustível durante a pandemia da covid-19. Isso também ocorreu em outros países.
Em um entendimento entre o governo federal e mercado, o CNPE criou em outubro de 2021 um grupo
de trabalho para em caso de necessidade, [subsidiar] a definição do teor de biodiesel adicionado
ao diesel, por meio do estabelecimento de uma metodologia robusta e com critérios objetivos,
anunciou o MME na época.
Os produtores, no entanto, alegam que o mercado de diesel é deficitário e, ao reduzir a
mistura de biodiesel, o governo promove importações do fóssil, à medida que condiciona a
política de descarbonização ao valor de um produto (o óleo vegetal), sem garantia de resultado,
pelo fato de não controlar a cotação do petróleo.
A resolução do CNPE que fixou o percentual de 10% chegou a ser alvo de ações na Justiça,
porém não houve decisão favorável ao setor, que teve frustradas as expectativas de investimentos
e opera com mais 50% de ociosidade.
As informações partem da EPBR.
Revisão: Sara Lane (sara.silva@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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Atualizado em: 17/06/2025 09:45