Após passar por uma profunda revisão de portfólio no Brasil e eliminar 220 itens vendidos no varejo, a BRF está revendo parte das decisões. A pedido dos supermercados, a dona das marcas Sadia e Perdigão vai relançar alguns dos produtos que foram retirados do mercado. Conforme o gerente geral da BRF no Brasil, Rafael Ivanisk, a redução do portfólio feita há quase dois anos visava tirar do mercado itens de rentabilidade restrita ou baixo volume comercializado. No lugar deles, a ideia era lançar produtos que tivessem melhores margens. No entanto, houve um “descasamento” entre a retirada de itens das gôndolas e os lançamentos, o que favoreceu o avanço da concorrência. “Deveríamos ter esperado para retirar”, admitiu Ivanisk. Como os lançamentos não aconteceram paralelamente à retirada dos itens, o espaço foi ocupado pelos concorrentes.
A decisão da BRF de reduzir o portfólio também afetou produtos importantes para varejistas como o Grupo Pão de Açúcar. Na categoria de pratos prontos, por exemplo, a lasanha verde, um dos itens retirados devido ao baixo volume comercializado no Brasil, era responsável por cerca de 10% das vendas do GPA. “Em alguns casos, até derrubamos o resultado da categoria para os varejistas”, acrescentou Leonardo Byrro, que divide a posição de gerente geral da BRF no Brasil com Ivanisk. De acordo com Ivanisk, a BRF vai relançar 12 itens no quarto trimestre. Em 2017, entre dez e 12 itens também serão relançados. Dentre os produtos, estão o pão de queijo, que agora terá a marca Perdigão, a lasanha verde e porções menores de lasanha bolonhesa.
Além dos relançamentos, a BRF também prepara novos itens. A programação da empresa prevê o lançamento de 75 novos produtos em 2017. Segundo Byrro, esses itens têm margem bruta 17% superior ao atual portfólio. No Brasil, a BRF também tem planos para ingressar em outras categorias. Na esteira do sucesso do snack Salamitos, que marcou a estreia da empresa no segmento, a companhia avalia aproveitar a marca Qualy, de margarinas, e lançar geleias e cream cheese. “No futuro, a marca também poderá ser sinônimo de barra de cereais e chips de vegetais”, acrescentou Ivanisk.
No curto prazo, recompor as margens no país, corroídas pela alta do milho, segue como o maior desafio da empresa no Brasil. Tanto é assim que, em setembro, a BRF promoveu nova rodada de reajustes. Em média, os preços foram elevados em 3,5%. De acordo com o vice-presidente de finanças e relações com investidores da BRF, Alexandre Borges, o terceiro trimestre foi mais “desafiador” do que o imaginado. O movimento de “trade down”, troca por categorias ou marcas mais baratas, que vem sendo marcante em tempos de crise econômica, continua afetando os preços e a rentabilidade da empresa, que mantém a liderança em alimentos processados com 57%, bem à frente da rival Seara Brasil, da JBS. Na avaliação de Ivanisk, o “trade down” também marcará as festas de fim de ano, o que deve reduzir as vendas de carne de peru em detrimento de aves mais baratas. Em contrapartida, a tendência é que as vendas de carne suína cresçam, impulsionadas pelos preços mais baixos.
Cotação semanal
Dados referentes a semana 22/11/2024
Suíno Independente kg vivo
R$ 9,53Farelo de soja à vista tonelada
R$ 71,50Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.200,00Milho Saca
R$ 1.975,00Preço base - Integração
Atualizado em: 07/11/2024 17:50