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CAFÉ: Bahia vence concurso de qualidade utilizando tecnologias da Embrapa

2 de dezembro de 2014
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Porto Alegre, 02 de dezembro de 2014 – A Bahia produziu 2,28 milhões de
sacas de café de 60 kg em 2014 (Conab/set./2014), o que torna o Estado o quarto
produtor nacional de café, atrás de Minas Gerais (22,62 milhões de sacas),
Espírito Santo (12,85 milhões de sacas) e São Paulo (4,47 milhões de sacas).
E não é só volume de produção que tem dado destaque à cafeicultura
baiana. Nos últimos anos, o estado não só agregou o café à sua produção
agrícola, como também se tornou um dos grandes produtores de cafés de
qualidade, o que tem permitido vencer vários concursos de cafés especiais,
como foi o caso recente do 15 Cup of Excellence – Early Harvest Brasil 2014,
promovido pela Associação Brasileira de Cafés Especiais – BSCA.

Essa conquista é resultado da articulação da pesquisa, produção,
extensão rural e ensino de instituições integrantes do Consórcio Pesquisa
Café, coordenado pela Embrapa Café. No Estado, fazem parte do Consórcio a
Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola – EBDA e a Universidade Estadual
do Sudoeste da Bahia – UESB.

Como reflexo dessa articulação, a Bahia, que tem tradicionalmente
produção expressiva de café arábica, vem se tornando, nos últimos anos,
também grande produtora de café conilon. Das 2,28 milhões de sacas produzidas
em 2014, 1,23 milhão foram de arábica e 1,04 milhão de conilon. A produção
de conilon na Bahia concentra-se predominantemente na região Atlântica,
localizada no extremo Sul do Estado, composta pelos municípios que se situam em
torno de Eunápolis, Porto Seguro, Itabela, Alcobaça e Teixeira de Freitas.

Concurso de cafés especiais – Os produtores baianos vencedores dos cinco
primeiros lugares do 15 Cup of Excellence – Early Harvest Brasil 2014,
promovido pela BSCA, utilizaram tecnologias e cultivares (Catuaí e Catucaí)
desenvolvidas por entidades parceiras do Consórcio Pesquisa Café (Instituto
Agronômico – IAC e Fundação Procafé). O concurso é realizado anualmente
com apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA,
da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos –
Apex-Brasil e da Alliance for Coffee Excellence – ACE e do Serviço Brasileiro
de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Sebrae.

No total, 21 produtores de cafés cerejas descascados e/ou despolpados dos
estados da Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo sagraram-se vencedores do 15
Cup of Excellence – Early Harvest Brasil 2014. Todos eles atingiram notas
superiores a 85 pontos com base na escala de 0 a 100 pontos da Specialty Coffee
Association of America – SCAA.

O vencedor, Cândido Vladimir Ladeia Rosa, da Chácara Ouro Verde, em
Piatã, com 94,05 pontos, utilizou a cultivar Catuaí, do IAC. Com essa
vitória, o produtor foi vencedor pela segunda vez, pois sua primeira conquista
ocorreu em 2009. O segundo colocado, Antonio Rigno de Oliveira, da Chácara São
Judas Tadeu, alcançou 93,36 pontos – cultivar Catuaí. Em terceiro, ficou a
produtora Zora Yonara Macedo Pina Oliveira, da Chácara Tijuco, com 92,26 pontos
– cultivar Catuaí. Em quarto lugar, Eulino José de Novais, da Fazenda Santa
Bárbara, com 90,14 pontos obtidos – cultivares Catuaí (IAC) e Catucaí, da
Fundação Procafé. Em quinto, Simpliciano Alves Neto, da Fazenda Vista Alegre
– 89,05 pontos com a cultivares Catuaí e Catuacaí.

Para o presidente do Júri do Cup of Excellence, Sílvio Leite, idealizador
do concurso, a Chapada Diamantina é um oásis de cafés especiais de
altíssima qualidade. “Todos os vencedores da região são pequenos produtores
cuidadosos que fazem uma colheita muito seletiva, de frutos bem vermelhos ou bem
amarelos, dependendo da cultivar. Além desse cuidado dos produtores, a Bahia
se destaca também em virtude do solo, altitude e localização privilegiada que
possui”, completa. Sílvio acredita ainda que o Cup of Excellence traz
reconhecimento ao produtor e valoriza o produto.

Também foram premiados no Cup of Excellence – Early Harvest 2014 outros
produtores que utilizaram tecnologias do Consórcio: oito das Matas de Minas
(MG); quatro do Planalto Baiano (BA); dois da Mantiqueira de Minas (MG); um do
Cerrado Mineiro (MG) e um das Montanhas do Espírito Santo (ES). A cerimônia de
premiação foi realizada no Espaço Acadêmico-Cultural Fernando Sabino, da
Universidade Federal de Viçosa – UFV, instituição anfitriã do evento e
integrante do Consórcio Pesquisa Café.

Mercado de cafés especiais – Segundo a BSCA, a demanda pelos grãos
especiais cresce em torno de 15% ao ano no Brasil e no exterior, em relação ao
crescimento de cerca de 2% do café commodity. O segmento representa hoje cerca
de 12% do mercado internacional da bebida. O valor de venda atual para alguns
cafés diferenciados tem um sobrepreço que varia de 30% a 40% a mais do que o
café convencional. Em alguns casos, pode ultrapassar a barreira dos 100%. Os
principais mercados consumidores dos cafés especiais brasileiros são, na
ordem: Japão, Estados Unidos e União Europeia. Coreia e Austrália também
consomem cada vez mais cafés especiais brasileiros. Em relação ao consumo
interno, das 20 milhões de sacas consumidas no Brasil, estima-se que um milhão
seja de cafés especiais.

Atributos positivos dos cafés especiais – Os atributos predominantes
dos cafés especiais são influenciados principalmente pelas características
das regiões produtoras, condições edafoclimáticas, durante a maturação e
colheita, além dos cuidados e tecnologias de plantio e beneficiamento
empregadas nas fases de colheita, pós-colheita e preparo do produto. Cafés
especiais são aqueles que se distinguem por uma característica peculiar ou
grupo de atributos singulares possuindo, portanto, uma especialidade ou
especificidade na percepção de seus atributos sensoriais e de seu sistema de
produção. Em resumo, para ser reconhecido como especial, o café deve possuir
atributos específicos quanto à origem, cultivar, tamanho do grão, aroma e
sabor. (Conheça aqui os critérios de classificação de cafés especiais da
BSCA)

A cafeicultura na Bahia – A área total de produção de café no Estado
da Bahia, em 2014, é de aproximadamente 142 mil hectares. São 167 municípios
produtores – dos quais 80 têm grande importância no cenário cafeeiro do
Estado – que geram cerca de 250 mil empregos. A produtividade média é de 16
sacas por hectare (Cerrado – 39,6; Planalto – 8,1; e Atlântica – 31,9).
A grande maioria das propriedades (86%) está vinculada a pequenos produtores
e/ou agricultores. As demais são de médios e grandes proprietários, sendo
que, desse número, somente 5% apresentam áreas superiores a 100 hectares,
concentradas no Oeste, onde a atividade é empresarial.

Café nas regiões da Bahia e seus destinos – A cafeicultura desenvolvida
no Estado da Bahia apresenta atualmente um quadro tecnológico bastante
diversificado, o que reflete diferentes condições ambientais, variadas formas
de ocupação do seu espaço agrário e modalidades de organizações da
atividade produtiva. O Estado possui três regiões produtoras principais:
Cerrado e Planalto (regiões que concentram café arábica) e Atlântica
(especializada em conilon).

Segundo a professora titular do Departamento de Fitotecnia e Zootecnia da
UESB, Sandra Elizabeth Souza, doutora em Proteção de Plantas pela Universidade
Estadual Paulista – Unesp, os primeiros plantios de café arábica na Bahia
datam dos primórdios do século XX, nos municípios do Vale do Jiquiriçá,
Brejões e Santa Inês – que compõem o Planalto baiano e têm grande potencial
para produção de cafés despolpados, suaves e aromáticos. A região
caracteriza-se por uma cafeicultura de base familiar, poucos recursos hídricos
e altitude entre 600m a 1380m. Já a região Oeste ou Cerrado é caracterizada
por uma cafeicultura empresarial, totalmente irrigada e mecanizada,
assemelhando-se aos cafés produzidos no Cerrado de Minas Gerais. Nela, é
produzido cafés naturais finos e despolpados, excelentes para serem usados em
blends destinados ao expresso. O Extremo Sul e Sul do Estado produzem um dos
melhores cafés conilon do mundo e caracterizam-se por uma cafeicultura
empresarial organizada. O município de Itabela é o maior produtor de conilon
da Bahia, seguido de Teixeira de Freitas, Itamaraju, Alcobaça, Eunápolis,
Camacan e Arataca.

As informações partem da assessoria de imprensa da Embrapa Café.

Revisão: Fábio Rübenich (fabio@safras.com.br) – Agência SAFRAS

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