Porto Alegre, 24 de maio de 2022 – Minas Gerais sempre figurou na rota dos
cafés especiais, levando mundo afora sabores que impressionam pela
autenticidade de cada xícara. O Norte do estado também vem ganhando espaço
nessa cadeia produtiva, com a expansão de várias lavouras nos últimos anos,
principalmente no alto da Serra do Cabral, entre os municípios de Francisco
Dumont, Várzea da Palma, Buenópolis e Joaquim Felício, e ao longo de cidades
banhadas pelo Rio São Francisco, como é o caso de Buritizeiro e Pirapora. O
Sistema FAEMG está atento ao avanço da atividade na região e oferece cursos
voltados para a cafeicultura, visando a profissionalizar o produtor rural.
A Fazenda Ecoagrícola é uma das que se destacam nessa cadeia produtiva no
Norte de Minas. De acordo com o diretor-presidente da fazenda, Pedro Henrique
Lima Veloso, a Serra do Cabral é uma região com características muito boas
para a produção, atingindo 1.200 metros de altitude, tem terreno argiloso,
ótima integração da cultura do café com a natureza e um microclima bem
definido, com seca no inverno e verão com chuva, com média de 1.350
milímetros por ano.
A fazenda, que já recebeu cursos do Sistema FAEMG, investe na produção de
café desde 2007, quando começou a estruturação de todo o terreno e dos
métodos de trabalho para o plantio. Em 2020, foi realizada a primeira
capacitação para operação e manutenção de tratores agrícolas, direcionada
aos funcionários. O curso ocorreu por meio da Associação dos Pequenos
Produtores do Brejão, de Claro dos Poções.
“A fazenda era de outra família, que explorava a cultura de pinhos.
Passados muitos anos, os herdeiros viram o potencial do café e, em 2010, vim
conhecer a região com o objetivo de me tornar investidor do projeto. Hoje
estamos com 343 hectares de área de produção, atingindo média de 15 a 18 mil
sacos de café por ano. Em 2024, esperamos chegar perto de 55 mil sacos”,
destacou Pedro Henrique.
Para a colheita no primeiro perímetro de irrigação, foi preciso um
trabalho pontual, com aplicação de técnicas específicas para a cafeicultura.
Foi feita a adequação da nutrição da lavoura para melhor se integrar ao
clima e às variedades plantadas. “A cafeicultura é uma evolução. No
início, houve incertezas e inseguranças. O projeto passou por diversas
melhorias. Ajustamos o manejo, o tratamento de pragas e doenças e
aperfeiçoamos a sustentabilidade econômica do negócio”.
Desde então, a fazenda, que mantém estrutura de irrigação com cinco
pivôs e emprega mais de 180 funcionários, foi sendo moldada e, a partir de
2016, passou a ganhar prêmios nacionais e internacionais. Os cafés são
processados com método natural e alguns microlotes são submetidos a técnicas
de fermentação.
“Os nossos cafés expressam características muito fortes. Estamos
localizados em um terroir bastante distinto que, cada vez mais, vem ganhando
destaque mundial. E o mais importante: os nossos cafés refletem essa conexão
entre agricultura responsável, meio ambiente preservado e história de vida de
cada uma das pessoas que trabalha conosco. Temos a responsabilidade de
desenvolver uma cafeicultura eficiente porque somente desta forma conseguimos
entregar lotes especiais que variam de 80 e 89 pontos ou mais na escala SCA. E
sobre mercado, hoje, 60% do que produzimos é destinado à exportação”.
Produção em baixa altitude
A Fazenda Bauru é outra propriedade que exemplifica bem a importância de
aliar conhecimento e tecnologia para uma produção sustentável,
independentemente de onde o empreendimento é montado. Localizada em uma região
considerada de baixa altitude, cerca de 500 metros, o projeto, que existe há
15 anos, migrou para o Norte do estado após anos dedicados ao plantio de café
na região de Patrocínio, no Triângulo Mineiro.
Atualmente são 470 hectares destinados à produção de café tipo
arábica (cereja descascado e descascado fermentado), com foco no mercado
internacional. 70% do que é produzido é exportado, especialmente para redes de
cafeterias na América, Europa e países do Oriente Médio. A gestão do
empreendimento já projeta expansão, para chegar a um total de 680 hectares,
passando de 30 mil para 40 mil sacas de café ao ano.
“Estamos localizados entre Várzea da Palma, Buritizeiro e Pirapora.
Somos pioneiros; até então ninguém acreditava que era possível plantar café
por aqui. Há 20 anos, nós já considerávamos a irrigação como grande
ferramenta tecnológica, por isso temos até hoje o uso do pivô central como
diferencial. Para tudo isso funcionar, o Rio São Francisco foi determinante.
Solo a gente constrói. Aqui é tropical, e nós sabíamos do limitante, mas já
existiam estudos que mostravam os caminhos para seguir. Pegamos o que era
melhor do Cerrado e desenvolvemos aqui. A produção precisa ser muito técnica,
pois nos obriga a ter pouca margem de erro”, lembrou o gerente da fazenda,
José Eustáquio Gonçalves.
Parte do sucesso e durabilidade do empreendimento teve como foco um trabalho
gerencial e técnico, que propiciou a criação de uma metodologia própria,
adaptada ao cenário regional, que inclui manejo de irrigação, otimizando a
água usada; investimento em materiais para uso em plantações em regiões de
baixa altitude; manejo de fertilidade de solo; um calendário de plantio; e
introdução de braquiária, forrageira que atua como matéria orgânica, entre
outros.
“O objetivo de tudo isso foi chegar a este nível de produção. Quando se
tem metodologia bem-feita, tem produtividade. Ser propriedade técnica é
buscar conhecimento. Quando se consegue aplicar tecnologia, os resultados são
grandes. Aqui também temos como ponto forte o solo arenoso, que reduz cursos de
fertilização e adubo. Hoje nosso custo por hectare varia entre R$ 22 mil e R$
23 mil por ano”, finalizou José Eustáquio.
Nova frente de trabalho
Para o gerente regional do Sistema FAEMG em Montes Claros, Dirceu Martins, o
crescimento da cafeicultura é de suma importância para a região. Somente na
Fazenda Baru, a rotina de trabalho emprega, em média, 120 pessoas; em época de
colheita, movimenta de 200 a 250 funcionários. “Estes dois exemplos de
empreendimentos mostram a potencialidade de produzir café, no Norte de Minas,
com uma qualidade semelhante à dos melhores cafés de nosso estado”.
As informações partem da assessoria de imprensa da FAEMG.
Revisão: Fábio Rübenich (fabio@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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Cotação semanal
Dados referentes a semana 13/06/2025
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R$ 1.750,00Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.200,00Milho Saca
R$ 66,75Preço base - Integração
Atualizado em: 17/06/2025 09:45