SAFRAS (23) – Diamante, Jequitibá e Centenária. As três variedades
clonais de café Conilon do Incaper completam um ano de lançamento e estão em
plena multiplicação em jardins clonais. Mas, como atender a mais de 50% da
demanda de mudas de Conilon do Estado em tão pouco tempo do lançamento? Para o
Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural
(Incaper), órgão vinculado à Secretaria de Estado da Agricultura,
Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), esta matemática é fundamental para
que a tecnologia chegue mais rápido aos produtores rurais de base familiar do
Estado.
A lógica é a seguinte: ao longo de mais de 20 anos de pesquisa, o Incaper
utilizou diversas estratégias de melhoramento genético, fazendo avaliação
científica em mais de mil clones em diferentes ambientes. Foram consideradas 17
características associadas à produção e à qualidade da bebida.
Em seguida, os pesquisadores selecionaram e agruparam os clones superiores,
obtendo três novas variedades clonais, que se diferenciam uma da outra pelo
tempo de maturação. Cada variedade é formada por nove clones superiores, e
foram devidamente registradas e protegidas no Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Cada um dos 27 clones que compõem as três variedades foi multiplicado em
três jardins clonais, nas Fazendas Experimentais do Incaper de Marilândia,
Sooretama e Bananal do Norte (Pacotuba, Cachoeiro de Itapemirim), totalizando em
torno de dez mil matrizes. As técnicas de clonagem foram adotadas mais uma vez
para multiplicar estas matrizes. Cada planta tem potencial de gerar, por ano,
300 descendentes geneticamente iguais à mãe.
Dessa forma, as matrizes que o Incaper possui nos jardins clonais das
Fazendas Experimentais se multiplicaram em 177 mil plantas superiores, que foram
disponibilizadas a viveiristas cadastrados no Ministério da Agricultura,
instituições de ensino, sindicatos, associações, cooperativas como a
Cooabriel, prefeituras municipais e outras entidades parceiras.
Com este trabalho, foi implantada no Espírito Santo uma rede 166 jardins
clonais, com as variedades clonais ‘Diamante Incaper 8112’, ‘Jequitibá
Incaper 8122’ e ‘Centenária Incaper 8132’, em 45 municípios capixabas. O
objetivo desta rede é multiplicar os clones desta variedade e fazê-los chegar
aos produtores capixabas.
Em outras palavras, estes 166 parceiros do Incaper, que têm em mãos 177
mil matrizes, possuem potencial para produzir de 30 a 40 milhões de mudas por
ano, atendendo mais da metade da demanda Estado, que é cerca de 60 milhões de
mudas por ano.
Isso representa um grande salto na produção, na produtividade e também
na qualidade do café Conilon produzido no Espírito Santo. As variedades
Diamante, Jequitibá e Centenária são cerca de 30% mais produtivas que a
média das seis variedades anteriormente desenvolvidas e lançadas pelo Incaper.
Em três unidades demonstrativas (Fazendas Experimentais do Incaper),
implantadas e conduzidas seguindo as recomendações técnica, registraram
produtividade média na ordem de 120 sacas por hectare, bem acima da média do
Estado, que é de 35 sacas por hectare.
As três variedades clonais lançadas há um ano possuem uma série de
outras vantagens: oferecem a qualidade de bebida demandada pelo consumidor no
mundo todo; possuem maturação uniforme e em diferentes épocas, o que
contribui para uma melhor gestão da produção (colheita, secagem,
armazenamento, beneficiamento); apresentam moderada resistência à ferrugem e,
por isso, exigem menos defensivos, gerando um impacto positivo ao meio ambiente;
as plantas apresentam boa arquitetura, o que facilita o manejo e o trabalho na
lavoura.
Dos 65 municípios capixabas que cultivam café Conilon, 45 já possuem
jardins clonais para a multiplicação dessas variedades. Com o cadastro de
quase 40 outros parceiros, o Incaper deverá contar com mais de 200
multiplicadores até o fim desse ano no Espírito Santo. Outros Estados também
se interessaram pela tecnologia. As variedades estão sendo multiplicadas
também em jardins clonais em Itabela (sul da Bahia), em Carangola (MG) e em Bom
Jesus do Itabapoana (RJ).
“O aniversário de um ano de lançamento das variedades clonais de café
Conilon não é apenas para comemorar o sucesso da pesquisa. É para mostrar que
este trabalho sai do âmbito científico das bases do Incaper e chega ao campo.
O resultado dessa pesquisa está sendo aplicado e disponibilizado aos
produtores rurais. Este é o nosso grande objetivo”, disse Romário Gava
Ferrão, pesquisador do Incaper e coordenador do Programa Estadual de
Cafeicultura.
Ferrão coordenou os trabalhos que culminaram no lançamento das variedades
clonais, e contou com o envolvimento da equipe técnica do Instituto e de
parceiros, como o Consórcio Pesquisa Café e da Embrapa Café.
Impacto das tecnologias
Das 14 variedades de café Conilon registradas no Ministério da
Agricultura, nove foram desenvolvidas pelo Incaper. As três mais recentes são
Diamante, Jequitibá e Centenária, lançadas há um ano. As variedades
melhoradas representam nada menos que 36% do impacto econômico da atuação do
Incaper em 2013, que foi de R$ 1,09 bilhão. O programa de pesquisa em
cafeicultura é desenvolvido no Espírito Santo desde 1985.
Os clones dessas variedades do Incaper têm sido a base de renovação do
parque cafeeiro de Conilon do Estado, que ocorre numa faixa de 7% a 8% ao ano.
As variedades lançadas pelo Incaper associadas a outras tecnologias
recomendadas pelo Instituto (espaçamento, calagem e adubação, plantio em
linha, poda, irrigação, entre outras) fizeram quadruplicar a produção de
café Conilon no Estado, que passou de 2,4 milhões de sacas para quase dez
milhões de sacas ao ano. A produtividade também cresceu em proporção muito
significativa, registrando um aumento de quase 300% em 20 anos. As informações
são do Incaper.
(CS)
Cotação semanal
Dados referentes a semana 22/11/2024
Suíno Independente kg vivo
R$ 9,53Farelo de soja à vista tonelada
R$ 71,50Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.200,00Milho Saca
R$ 1.975,00Preço base - Integração
Atualizado em: 07/11/2024 17:50