SAFRAS (26) – A crise cafeeira peruana segue afetando a economia agrária
do país. Produtores de diferentes regiões informam que continuam os efeitos da
praga da ferrugem, diminuindo ainda mais a colheita de 2014 em comparação com
o ano anterior. Embora os preços tenham melhorado, há muito pouco café para
colher, sobretudo no centro e sul do país, ainda que em Cajamarca e Amazonas
tenha havido uma recuperação na produção.
O presidente da Junta Nacional de Café (JNC), Anner Roman Neira, informou
que, segundo os dados das organizações sociais, esse ano a produção chegaria
a apenas 3,68 milhões de sacas de 60 quilos, das quais se exportariam 3,45
milhões de sacas, o que significaria que as receitas poderiam alcançar US$ 800
milhões. Ele disse que, em 2011, o Peru teve exportações recordes, que
implicaram em receitas de US$ 1,593 bilhão.
“A crise pela qual está atravessando a cafeicultura se deve à queda na
colheita, pelos efeitos da ferrugem, e à falta de créditos para a renovação
dos cafezais”. A assembleia nacional de associados estabeleceu uma agenda de
gestões para desenvolver no Parlamento e no Poder Executivo, segundo ele. Além
disso, ele disse que esse problema fez com que milhares de produtores tenham
abandonado suas fazendas para buscar obter rendas em outras atividades nas
cidades e, em muitos casos, para trabalhar no cultivo da folha de coca.
O ex-presidente da Cooperativa Agrária Cafeeira La Divisoria, Ignacio
Bravo Condezo, disse que devido à baixa produção, muitos dos 650 sócios
dessa organização, localizada em Tingo María, abandonaram os cafezais e
migraram, já que não têm como sustentar suas famílias. Ele disse que, esse
ano, a produção de seus sócios não chegará sequer a 7,6 mil sacas, o que
significa menos de 50% de sua produção de 2013, que foi de 16,1 mil sacas.
Ele disse que um grande número de produtores não conseguiu a
reprogramação de seus créditos com o Agrobanco, apesar de ter exposto esse
problema, pois os funcionários dessa instituição os condicionam a uma
amortização e, ao estar inadimplentes, não podem ter acesso a outros
empréstimos. “Isso tem trazido o ressurgimento da coca, abandono dos cafezais
e abandono escolar, porque não há para que as crianças estudarem”.
Em Sandia, ocorre algo parecido. O ex-presidente da Cooperativa Agrária
Cafeeira Charuyo, Sixto Flores, disse que esse ano, a colheita de café na
região não chegará sequer a 23 mil sacas, apesar de há dez anos a produção
ter chegado a 123 mil sacas.
Os dirigentes da VRAEM advertiram a JNC que, nesse ano, a colheita chegará
a 23 mil sacas de 60 quilos em 6 mil hectares, quando se produzia 69 mil sacas
em 8 mil hectares. Em Selva Central, não foram atendidas 75% das solicitações
das cooperativas para reprogramação de créditos e fundos para renovação de
cafezais, vivendo-se atualmente uma situação de ansiedade social.
Estimativa do USDA
Já a estimativa do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA)
vai na contramão do que diz o Presidente JNC. Segundo os estadunidenses, a
safra no Peru deverá crescer. A reportagem é do Inforegion, divulgada pelo
CaféPoint.
(CS)
Cotação semanal
Dados referentes a semana 22/11/2024
Suíno Independente kg vivo
R$ 9,53Farelo de soja à vista tonelada
R$ 71,50Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.200,00Milho Saca
R$ 1.975,00Preço base - Integração
Atualizado em: 07/11/2024 17:50