CÂMBIO:Possível interferência do governo na Petrobras preocupa e dólar sobe

São Paulo, 24 de maio de 2018 – O dólar opera em alta desde a abertura
refletindo a preocupação dos investidores com a possibilidade de
interferência do governo brasileiro na política de preços da Petrobras,
depois que a petrolífera anunciou a redução de 10% no preço do diesel nas
refinarias em razão da crise com a greve dos caminhoneiros, que entrou hoje no
quarto dia. Segundo analistas, os desdobramentos respingam no aumento custo
fiscal.

Às 10h21 (de Brasília), a moeda norte-americana subia 0,35%, negociada a
R$ 3,6390 para venda no mercado à vista. O contrato para junho, no mercado
futuro, tinha alta de 0,27%, a R$ 3,639. Lá fora, o Dollar Index operava em
queda de 0,28%, aos 93.744 pontos.

A Petrobras anunciou ontem a redução de R$ 0,2335 no preço por litro do
diesel negociado nas refinarias. A redução vale a partir de hoje e o preço
fica inalterado por 15 dias. A companhia terá um impacto negativo de R$ 350
milhões na receita com a iniciativa.

“A decisão do governo coloca que em xeque a situação fiscal do País,
já que o prejuízo deve ser muito maior do que o previsto pelo governo”, diz o
diretor de uma corretora estrangeira. Ele acrescenta que a desvalorização do
real não é maior em razão de mais um leilão de swap cambial, com a injeção
de US$ 750 milhões no mercado nesta manhã, o que mantém o alívio na
pressão cambial.

Segundo o economista da Guide Investimentos, Ignacio Crespo, a decisão de
reduzir o imposto sobre o produto trará um impacto fiscal significativo. No
ano, a estimativa é de um custo superior a R$ 10 bilhões. Inicialmente, o
presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), informou que o custo ficaria
apenas em R$ 3,5 bilhões.

Ontem, a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei de reoneração da
folha de pagamentos, incluindo no texto a isenção do PIS/Cofins para o diesel
até o final do ano, algo que não era esperado pelo governo. A dúvida agora é
se o governo manterá o corte do Cide sobre o diesel como prometido como
condicionante para a aprovação da reoneração da folha.

O assunto, segundo o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton
Rosa, em relatório, provoca mais incertezas no cenário político. Já que a
pauta será muito negativa para o governo, prejudicando os candidatos
presidenciais do chamado centro, identificados com a continuidade da atual
política econômica.

As informações são da agência CMA.

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