Porto Alegre, 6 de junho de 2023 – Os preços do boi gordo continuaram perdendo sustentação ao
longo de maio, mesmo após o reestabelecimento das exportações para a China no final de março. Na
média de maio, o indicador Cepea (SP) ficou em R$ 264,36 por arroba, queda de 7,7% frente ao mês
anterior e recuo de 18% ante maio de 2022. O movimento baixista ocorrido no mercado físico se
intensificou diante da boa oferta de gado, o que permitiu aos frigoríficos alongarem as escalas de
abates e exercerem maior pressão na originação. A queda da carne no atacado, embora menor que a
do boi, também influenciou.
Do lado das exportações, apesar do retorno da China na ponta compradora, os embarques de abril
ainda continuaram fracos, embora a situação tenha melhorado em maio. De fato, em abril, o spread
das exportações caiu para 3% negativo, diante da alta do custo do boi em dólares, efeito
principalmente da apreciação cambial além de leve queda do preço da carne in natura exportada.
Todavia, em maio, além do custo com o boi ter caído razoavelmente, o preço de embarque da carne
reagiu, o que elevou o spread para 11%. Os embarques in natura do quinto mês somaram 168,5 mil
toneladas, 10,6% acima de maio de 2022 e o preço médio subiu expressivos 6,5%, para USD 5,1mil por
tonelada
No mercado interno, o spread dos frigoríficos também reagiu bastante em maio, dado que o
animal terminado apresentou queda superior à carne no atacado. Apesar da carcaça casada ter
voltado aos R$ 18,35 por quilo, o menor valor desde dezembro de 2022, sendo 4,9% abaixo do mês
anterior, o boi desvalorizou7,7% no mesmo comparativo.
Terminado o pico de safra, pressão negativa no boi deve aliviar
Os contratos futuros do boi gordo nos vencimentos do último trimestre do ano perderam entre R$
25 e R$ 33 por arroba nos últimos trinta dias, diante do enfraquecimento dos preços no físico.
Dado o tom negativo, chama atenção o fato de o mercado futuro precificar hoje a entressafra
próxima do nível atual dos preços no físico, pico teórico de safra, na faixa dos R$ 245 por
arroba, o que é contraintuitivo, embora não impossível.
Caso os preços futuros do bois e recuperem um pouco e/ou o milho caia mais, o resultado
projetado para os confinamentos voltará a ficar interessante. Cabe destacar que, apesar da
desvalorização do boi gordo neste ano, os custos de confinamento também vêm cedendo
expressivamente, tanto o animal magro quanto os insumos da ração, notadamente o milho. Até poucos
dias atrás, considerando os futuros do boi e os custos dos insumos, havia margem positiva projetada
nos estados onde o insumo é mais barato (caso do Mato Grosso) ou em S]ao Paulo, onde não há o
diferencial de base. Os futuros do boi gordo tem estado bastante voláteis nas últimas semanas.
É de se esperar que, na medida em que o período seco se instalar, o volume de gado de pasto
destinado ao abate modere, abrindo espaço para um certo ajuste das cotações. Ainda assim, os
preços do boi gordo em São Paulo vistos até o final de março, acima dos R$ 290 por arroba, nos
parecem distantes.
No que tange as exportações, vemos uma perspectiva de aumento dos volumes, o que pode vir
acompanhado de evolução no preço de embarque. Com isso, o spread da exportação tende a seguir
melhor do que os meses anteriores, o que pode ajudar no preço pago pelo boi gordo. Mesmo assim, é
importante que o produtor, sobretudo o confinador, se proteja nos momentos de reação do mercado
futuro, lembrando que, no ano passado, mesmo diante de um bom fluxo de exportação, a indústria se
preparou para a entressafra com os contratos a termo e manteve uma postura conservadora na
aquisição de animais diante da oferta confortável, o que não deve ser diferente neste ano.
As informações são do Boletim Agro Mensal do Itaú BBA.
Revisão: Pedro Carneiro (pedro.carneiro@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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Cotação semanal
Dados referentes a semana 15/08/2025
Suíno Independente kg vivo
R$ 8,57Farelo de soja à vista tonelada
R$ 1.665,00Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.400,00Milho Saca
R$ 68,75Preço base - Integração
Atualizado em: 14/08/2025 10:30