Porto Alegre, 17 de agosto de 2016 – Ao longo do mês de julho de 2016 foi
realizado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (Imea) o segundo
levantamento anual das intenções de confinamento em Mato Grosso. Em busca da
máxima abrangência de informantes, o levantamento contou com a participação
de 199 unidades confinadoras do Estado, de um universo de 229, atingindo assim
representatividade de 86,90%.
A desistência e a imprevisibilidade podem ser classificadas como as
principais palavras para o confinamento em 2016, dos 199 entrevistados, apenas
50,75% afirmaram que irão confinar em 2016, menor número para o levantamento
de julho dos últimos três anos. Ressalta-se também que 9,05% afirmaram ainda
não ter uma previsão se confinarão em 2016, o que causa certa preocupação,
visto que já se passarão sete meses do ano e deixar para comprar o boi magro e
os insumos para o confinamento são estratégias arriscadas.
O conjunto de insumos caros aliado a manutenção do preço do boi magro em
patamares elevados, foram as principais reclamações dos bovinocultores de
corte que detêm confinamento no Estado. Dentre os entrevistados que optaram por
responder esta pergunta, 60,81% afirmaram que o principal problema para o
confinamento em 2016 foram os insumos, e as reclamações foram variadas, desde
o preço alto até a dificuldade em encontrar produto no mercado. O milho,
isoladamente, foi lembrado por 20,95% dos entrevistados.
Entre adições de unidades confinadoras e retiradas (decorrente de
desmanches), o número de contatos cresceu e como informado acima, são 229
contatos em nossa base de dados, e devido a esses ajustes a capacidade estática
também foi alterada, atingindo 987,02 mil cabeças.
Com a “tempestade perfeita” que se formou, composta por custo elevado e
receita comprometida por preços em queda, era de se esperar uma redução na
intenção de confinamento de bovinos em Mato Grosso. A queda se concretizou, e
estima-se que 506,67 mil animais sejam confinados em 2016. Tal número
representa uma queda de 32,94% ante ao primeiro levantamento realizado em
abril/16, e uma diminuição de 24,37% frente a quantidade de animais
“fechados” em 2015.
A diminuição na expectativa de confinamento para 2016 acometeu em todas
as macrorregiões de Mato Grosso, os destaques negativos ficam por conta das
regiões nordeste e médio-norte, que apresentaram reduções de 62,41% e
57,46%, respectivamente. Coincidentemente, essas regiões foram onde as lavouras
de milho e soja mais sofreram no Estado, o que pode ter prejudicado o
planejamento dos invernistas no que diz respeito a alimentação dos animais que
serão confinados, e assim os fizeram diminuir a quantidade de bovinos
terminados em confinamento ou até mesmo desistir da atividade neste ano.
Além disso foi questionado aos confinadores sobre a porcentagem de bovinos
que eles já haviam “garantido” para realizar o confinamento em 2016, e
constatou-se que 91,91% dos animais que os confinadores pretendem confinar já
foram adquiridos. Ou seja, ainda restam pouco mais de 8,09% de bovinos a serem
“acoplados” ao rebanho confinado estimado, vale ressaltar que apesar dos
bovinos já estarem garantidos para o confinamento, não necessariamente eles
serão engordados nos confinamentos, visto que, se a conta não “fechar”, o
confinador que dispor de alguma outra estrutura já pronta para a engorda (ex:
semi-confinamento; suplementação a pasto), pode optar por realizar a engorda
desses animais nelas.
Diante da constatação de queda na estimativa de animais confinados em
2016, era de se esperar um aumento da ociosidade nos confinamentos do Estado. A
utilização da capacidade estática das unidades confinadoras de Mato Grosso
chegou ao pior patamar dos últimos três anos, atingindo apenas 51,00% da
capacidade total, o recuo em comparação à 2015 é de 23,18 p.p. Assim como
apresentaram fortes reduções na estimativa de animais a ser em confinados em
2016, as regiões nordeste e médio-norte também apresentaram quedas
consideráveis na utilização de sua capacidade estática, chegando a atingir
21,76%.
Os principais insumos utilizados na ração dos bovinos mato-grossenses
sofreram grandes aumentos na comparação anual, a tonelada do milho ficou R$
225,75 mais cara em julho/16 se comparada a julho/15, registrando variação
positiva de 88,87%. O caroço de algodão e o farelo de soja notaram uma
valorização percentual menor, de 39,52% e 34,88%, respectivamente. Na última
estimativa realizada quem mais “assustava” o confinador mato-grossense era o
milho com sua feroz valorização, no entanto, essa alta cessou nos últimos
dois meses, e o farelo de soja foi quem tomou as rédeas do encarecimento da
ração, prejudicando quem deixou para adquirir os insumos neste período do
ano.
Enquanto isso, no mesmo período, o valor recebido pela arroba do boi gordo
aumentou apenas 1,41% no Mato Grosso, saindo de R$ 130,08/@ em julho/15 para R$
131,91/@ em julho/16. Apesar de ter se movimentado pouco nos últimos meses, o
preço pago pelo boi magro continua elevado, visto que, a diferença média
entre o preço da arroba do boi gordo e da arroba do boi magro ficou em 13,65%
durante 2016, e a média histórica deste indicador é de 5,75%.
No que diz respeito a entrega dos animais confinados em 2016, estima-se que
11,69% deles já foram entregues, visto que, algumas unidades confinadoras
afirmaram ter comprometido a entrega de parte de seus bovinos entre os meses de
maio e julho. No entanto, ainda restam 88,31% animais a ser entregues, sendo
que, 46,95% dessas entregas devam se concentrar entre os meses de setembro e
outubro, meses onde a seca atinge seu pico em Mato Grosso, já que os solos
estão sem “ver” água a praticamente quatro meses.
O gerenciamento das vendas dos bovinos que serão confinados é uma
importante etapa do confinamento, qualquer que seja a opção utilizada pelo
confinador para fechar negócios, esse deve estar bem amparado por seus
indicadores econômicos e zootécnicos, garantindo assim a melhor rentabilidade
para o seu confinamento. Explorar algumas alternativas além da venda no mercado
físico, podem garantir melhores margens aos bovinocultores de corte, No
entanto, estratégias como a compra de opções no mercado futuro, ou a venda
antecipada a termo, poderiam agir como forma de mitigar tais riscos. Dito isto,
cabe a ponderação, de que o pecuarista é quem escolherá de quanto e de que
forma ele explorará esse mercado.
Além destas questões, foi indagado aos bovinocultores de corte alguns
temas sobre o manejo realizado nessas propriedades. Dentre eles, a raça do
animal que está sendo confinado e a rastreabilidade desse animal. Constatou-se
que mais de 80% dos bovinos que devem ser confinados em Mato Grosso no ano de
2016 são da raça nelore, reforçando assim a imagem do rebanho mato-grossense
como um gado zebuíno de origem indiana. E outro fato a se atentar é o que
tange o rastreamento desses animais, mais de 65% deles são rastreados,
aufere-se então a preocupação do confinador em garantir tal procedimento a
seu gado, afim de até mesmo receber uma compensação por isto.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
* Com os insumos registrando fortes valorizações, e o preço futuro da arroba
do boi gordo na BM&F não muito animador, as intenções de confinamento para
2016 em Mato Grosso sofreram uma forte queda (-32,94%), e agora são estimados
que 506,67 mil bovinos sejam confinados no Estado.
* As regiões onde houve as maiores reduções nas estimativas de confinamento
foram nordeste e médio-norte, registrando queda de 62,41% e 57,46% no
comparativo entre os levantamentos.
*Dentre esses 506,67 mil animais que os pecuaristas pretendem confinar durante
todo o ano de 2016, mais de 90% já está “garantido/comprado”.
*A utilização da capacidade estática dos confinamentos de Mato Grosso atingiu
o pior valor dos últimos três anos, estima-se a ociosidade atinja 49% da
capacidade total do Estado em 2016.
*Assim como já acontecera em anos anteriores, a entrega se concentrará nos
meses de setembro e outubro, meses onde a seca é mais intensa, 46,95% dos
bovinos que devem ser confinados neste ano em Mato Grosso serão entregues no
intervalo entre esses dois meses.
*Semelhantemente ao que ocorrera em 2015, a arroba do boi gordo na BM&F tem
desvalorizado fortemente, registrando queda de 6,66% desde seu pico no dia
17/05/2016. A utilização de mecanismos de proteção e mitigação de riscos
no que se refere a preços recebidos, mostram-se mais uma vez como uma das
estratégias mais adequadas para a garantia de margem e manutenção do
pecuarista na atividade. As informações partem do Imea.
Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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Cotação semanal
Dados referentes a semana 01/11/2024
Suíno Independente kg vivo
R$ 9,12Farelo de soja à vista tonelada
R$ 2.040,00Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.200,00Milho Saca
R$ 70,00Preço base - Integração
Atualizado em: 01/11/2024 16:00