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CARNE SUINA: 2021 tem alta no consumo e margem negativa ao produtor – ABCS

14 de dezembro de 2021
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Porto Alegre, 14 de dezembro de 2021 – Mesmo sem todos os dados
consolidados já é possível realizar um balanço do ano na suinocultura e
projetar cenários para 2022. No mercado externo, as exportações de carne
suína in natura devem fechar 2021 com crescimento superior a 11% em relação
ao ano passado, totalizando pouco mais de 1 milhão de toneladas. Porém, no
mês de novembro houve um recuo significativo dos embarques, chamando a
atenção a queda da China, o maior importador de carne suína, que comprou do
Brasil somente 20,3 mil toneladas no último mês, o pior resultado mensal desde
abril de 2019 para este destino.

Esta queda nos embarques para a China já tinha sido observada em outubro e
pode ser atribuída ao aumento de oferta de carne suína no país, determinando
queda no preço no mercado doméstico chinês que acabou refletindo também na
redução do valor em dólar da carne brasileira exportada. A diferença
(spread) do preço em reais em relação ao mercado doméstico de carcaça (São
Paulo) também caiu para baixo de 20%, destacando que mais de 85% das
exportações de carne suína do Brasil são na forma de cortes, determinando
que, no momento o mercado externo de carne suína está pouco atrativo quando
comparado com o preço no mercado doméstico.

Diante desta queda nas exportações de carne suína para a China nos
últimos meses é natural que haja preocupação quanto às perspectivas de
embarques em 2022, porém, entendendo as causas desta redução que foram
relacionadas à liquidação de plantéis decorrente não somente da
persistência da Peste Suína Africana (PSA) na China, mas também porque os
suinocultores chineses estavam operando no vermelho. Espera-se que em 2022,
especialmente no segundo semestre, esta redução dos planteis resulte em queda
na oferta, oportunizando um novo aumento da exportação de carne suína para a
China. Mas e o primeiro semestre de 2022? Os últimos anos demonstraram que os
primeiros meses do ano são de redução do ritmo de exportações para a China,
entretanto, há um fato novo que é a reabertura do mercado russo que anunciou
uma cota (tarifa zero) de 100 mil toneladas para o Brasil exportar no primeiro
semestre do ano que vem. É um alento, visto que pode servir como uma espécie
de “backup” para a redução das compras chinesas no início do ano.

O momento não é dos melhores, principalmente no mercado interno, quando
se observa claramente que a oferta ultrapassa a demanda e os preços pagos ao
produtor não reagem nem mesmo nas últimas semanas que antecedem ao Natal. A
tão esperada subida do preço do suíno no final de ano não veio e o
suinocultor deve fechar 2021 amargando margens financeiras negativas.

Uma das causas desta “não decolagem” dos preços no final do ano
relaciona-se justamente ao aumento da oferta. O IBGE divulgo no último dia 9,
os dados consolidados de abate de animais no terceiro trimestre de 2021.

Os dados do IBGE mostram que a proteína suína ainda é a que mais cresce
no Brasil em produção. No terceiro trimestre de 2021 em toneladas de carcaças
cresceram 9,01% em relação ao mesmo período do ano passado, e 4,68% em
relação ao segundo trimestre de 2021; em cabeças este crescimento foi de
7,82% e 5,25%, respectivamente. Certamente ultrapassaremos a marca de 4,8
milhões de toneladas no fechamento do ano de 2021, algo próximo a 8% em
relação a 2020, que já havia mostrado um crescimento extraordinário de 8.4%
sobre 2019. Um aumento de mais de 40% da produção num período de 6 anos (de
2015 a 2021), sendo quase metade deste crescimento nos últimos dois anos. É um
dos maiores crescimentos percentuais do planeta entre os grandes produtores
mundiais de suínos. Mesmo com o crescimento expressivo das exportações nos
últimos anos, o mercado doméstico foi quem absorveu esta explosão de oferta.
Consequentemente a boa notícia foi o aumento do consumo per capita de carne
suína que deve chegar muito próximo da marca histórica de 18 kg per capita
ano em 2021, o que representa um acréscimo ao redor de um quilograma por
habitante em relação ao ano passado.

Conclui-se que o aumento de oferta é absorvido pelo mercado, porém o
problema é o preço pago por essa alta disponibilidade interna em um país em
evidente crise econômica, com inflação alta, taxa Selic e desemprego subindo,
resultando em queda do poder aquisitivo. Não à toa em alguns momentos o
preço da carcaça suína no atacado se aproximou muito do preço do frango ao
longo do ano.

Por se tratar de uma cadeia longa e resiliente, a suinocultura deve crescer
algo ao redor de 4% ao longo de 2022 em relação a este ano, mesmo com margens
negativas em 2021. Esta é a projeção da ABPA. Portanto, a menos que a
economia brasileira retome de forma consistente o crescimento o ano de 2022
ainda será de desajuste entre oferta e procura.

Custo recorde em 2021 deve recuar em 2022

Sem dúvida o maior desafio do produtor ao longo deste ano foi o custo de
produção. A quebra histórica da safra de milho, agravada por um mercado
altamente especulativo, manteve o principal insumo da suinocultura em alta ao
longo de todo o ano, atingindo o maior preço nominal da história em maio/21,
quando o valor da saca de 60kg ultrapassou os 100 reais em várias praças.
Após a colheita da segunda safra houve um recuo nos valores do grão, mas ainda
em patamares que não permitiram margens positivas diante do baixo preço do
suíno vivo

Para 2022 é esperada uma supersafra de grãos, com recorde de produção
de soja (142 milhões de toneladas) e de milho (117 milhões de toneladas),
segundo a Conab. O último levantamento de safra publicado em 09/12/21, indica
um estoque de passagem de 8,8 milhões de toneladas de milho para 31 de janeiro,
maior do que o do levantamento anterior, em função da redução das
exportações do cereal.

O mesmo levantamento da Conab estima um aumento da área plantada de milho
na primeira safra na ordem de 3,7% em relação ao ano passado, com projeção
de colher pouco mais de 29 milhões de toneladas, contra 24,7 deste ano. Esta
projeção poderá ser afetada para baixo em função da estiagem persistente na
região Sul do país que é a que mais contribui para a oferta da safra verão.
O déficit hídrico tem preocupado especialmente no estado do Rio Grande do
Sul. Por outro lado, a região centro-oeste do Brasil conseguiu plantar a
primeira safra (soja) em prazo que possibilitará o plantio da segunda safra
(milho) dentro da janela climática ideal, com expectativa de colher volumes
recordes em meados de 2022.

Confirmadas as projeções da Conab, certamente teremos recuo nos preços
destes insumos no ano que vem, mas é preciso acompanhar não somente o
comportamento do clima, como também outros fatores que podem interferir na
produtividade, como é o caso da alta de preços e a escassez de fertilizantes
que podem determinar a redução da produtividade em algumas regiões. É
importante destacar que a pressão inflacionária, embora seja maior no Brasil,
ocorre em todo o mundo e outros insumos importantes que dependem de importação
(medicamentos, vitaminas, aminoácidos) devem continuar subindo de preço,
assim como a mão de obra com os reajustes salariais que normalmente ocorrem no
início do ano.

Mensagem aos produtores

Para o presidente da ABCS, Marcelo Lopes, embora não tenha trazido lucro aos
produtores, em função do alto custo e do preço pago relativamente baixo pelo
suíno vivo, o ano de 2021 foi marcado pelo aumento significativo do consumo
doméstico, com a carne suína conquistando cada vez mais espaço nas gôndolas
dos supermercados e na mesa do consumidor brasileiro.

O setor também mostrou força e organização com o início do
enfrentamento da Peste Suína Clássica na zona não livre com a implantação
do projeto piloto de vacinação no estado de Alagoas, e na mobilização para
reforçar medidas de biosseguridade para a manutenção do país livre de PSA.
“Para o futuro é preciso que os produtores destinem as margens positivas,
prioritariamente, não para o aumento de planteis, mas sim para melhorias no
sistema de produção e compra estratégica de insumos, buscando maior
sustentabilidade e mantendo oferta de suínos ajustada a demanda interna e
externa, permitindo margens positivas na atividade. Vamos seguir em 2022
produzindo com responsabilidade, segurança e sustentabilidade, levando saúde
para as mesas das famílias brasileiras.” As informações partem da assessoria
de imprensa da ABCS.

Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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Cotação semanal

Dados referentes a semana 19/12/2025

Suíno Independente kg vivo

R$ 8,59

Farelo de soja à vista tonelada

R$ 1.930,00

Casquinha de soja à vista tonelada

R$ 1.000,00

Milho Saca

R$ 68,50
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Atualizado em: 19/12/2025 08:45

AURORA* - base suíno gordo

R$ 6,70

AURORA* - base suíno leitão

R$ 6,80

Cooperativa Majestade*

R$ 6,80

Dália Alimentos* - base suíno gordo

R$ 7,00

Dália Alimentos* - base leitão

R$ 7,00

Alibem - base creche e term.

R$ 5,75

Alibem - base suíno leitão

R$ 6,70

BRF

R$ 7,30

Estrela Alimentos - creche e term.

R$ 6,40

Estrela Alimentos - base leitão

R$ 6,70

Pamplona* base term.

R$ 6,70

Pamplona* base suíno leitão

R$ 6,80
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