Porto Alegre, 30 de abril de 2021 – O senecavírus é uma doença
autolimitante em suínos, caracterizada pelo desenvolvimento de vesículas na
região do focinho e/ou partes distais dos membros anteriores e posteriores,
especificamente nas regiões da coroa do casco e área interdigital. Apesar de
produzir sintomas visíveis, o senecavírus não pode ser diagnosticado apenas
através de exames clínicos, pois os sinais clínicos são semelhantes a outras
doenças vesiculares, tais como a febre aftosa.
Se identificada alguma suspeita de doença vesicular é necessária a
comunicação ao Serviço Veterinário Oficial (SVO), que irá na propriedade e
fará a colheita de amostras e a realização de ensaios laboratoriais para
diagnóstico da febre aftosa e diagnóstico diferencial para outras doenças
confundíveis.
Muito relevante na suinocultura, a presença desta doença compromete a
performance nas terminações, aumenta o descarte de matrizes e a mortalidade de
leitões, causa prejuízos no fluxo do abate e acarreta em prejuízos
financeiros que afetam as granjas como um todo. Foi para debater esse assunto
que a Associação dos Suinocultores de Minas Gerais (Asemg), em conjunto com a
Associação dos Suinocultores do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba (ASTAP) e
a Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), com o apoio do
Conselho Regional de Medicina Veterinária de Minas Gerais (CRMV-MG), Instituto
Mineiro de Agropecuária (IMA), Suinco e Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA), promoveram um workshop na manhã da última quarta-feira,
(29), mediado pela Diretora Técnica da ABCS, Charli Ludtke.
Para o debate sobre o assunto, estavam presentes os Médicos Veterinários
Gustavo Simão (Agroceres PIC), Professor David Barcellos (UFRGS), e os Fiscais
Agropecuários Natanael Lamas Dias (IMA) e Ângela Vieira (MAPA).
Iniciando as apresentações, o Professor David Barcellos, explicou que o
primeiro surto da doença no Brasil ocorreu em 2014 em Minas Gerais. Rapidamente
durante o período de um ano o vírus se espalhou para diversos outros estados,
chegando a São Paulo, Paraná, Goiás, Mato Grosso, Santa Catarina e Rio
Grande do Sul. “Ainda não temos definida a real forma de transmissão, mas os
trabalhos científicos apontam que a contaminação pode ocorrer via oro-fecal,
devido à alta concentração do vírus detectada nas fezes dos animais; da
matriz para os leitões, e também via cortes e abrasões. Além disso, existem
hipóteses de transmissão via ração e/ou insumos, assim como caminhões,
veículos e fômites. Um estudo realizado nos Estados Unidos, comprovou que o
vírus sobrevive por longos períodos após contaminar matérias primas, podendo
se espalhar com facilidade entre países.”
Como ainda não existem vacinas comercialmente disponíveis, a melhor
alternativa para proteger o rebanho da doença é evitar a entrada do vírus nas
granjas, através do fortalecimento de protocolos e medidas de biossegurança.
O Médico Veterinário Gustavo Simão, demonstrou a necessidade da
biosseguridade, que através de um experimento, realizado com pó fluorescente,
que simulou como é rápida a trajetória de contaminação entre a granja e o
transporte.
O Professor David reiterou que para evitar a contaminação é essencial
fazer a limpeza e desinfecção dos caminhões, desinfecção de
insumos/embalagens que chegam nas granjas, rígido controle do pessoal que
circula na granja (veterinários, técnicos, funcionários e visitantes) e
implementação de protocolos de biossegurança. Ele explica que erradicar o
vírus é complexo, pois haveria a necessidade de eutanasiar todo o rebanho
(método não aceito), sendo exequível, como medida alternativa, o fechamento
da granja. Essa medida tem sido adotada nos Estados Unidos e é reiterada por
Gustavo Simão, que trouxe exemplos práticos de como monitorar, controlar e
reduzir os casos de surtos em granjas.
Para encerrar o encontro, os Fiscais Agropecuários Natanael Lamas Dias e
Ângela Vieira, trouxeram a visão dos órgãos de fiscalização. Natanael
reiterou a importância da notificação precoce ao SVO e o reconhecimento das
lesões, por parte dos Médicos Veterinários responsáveis, durante o quadro
clínico inicial. Na maioria dos casos, as notificações ocorrem de forma
tardia (quando as vesículas já estão cicatrizadas), envolvendo
contaminações secundárias, comprometendo o diagnóstico final.
Também reforçou a necessidade de todos os frigoríficos contribuírem
para o Fundo de Defesa Sanitária de Minas Gerais (Fundesa/MG). Ângela,
ressaltou que a notificação deve ser feita em até 24 horas, para que a ação
do SVO ocorra em 12 horas, sendo que o primeiro passo é descartar a suspeita
de febre aftosa, realizar os demais procedimentos laboratoriais e a emissão do
laudo que tem validade de 30 dias, conforme estabelecido no Ofício Circular
Conjunto n 01/2019/DIPOA/DSA/SDA. Ainda, reiterou a responsabilidade
compartilhada entre as instituições públicas e privadas.
Nas palavras da Diretora Técnica da ABCS, Charli Ludtke “Promover
debates sobre a situação atual do Senecavírus é essencial, e com esse evento
tivemos mais uma oportunidade de compartilhar experiências e levar
conhecimento de qualidade para os profissionais das granjas, SVO e indústria
sobre o assunto.” O presidente da ABCS, Marcelo Lopes, parabeniza a ASEMG,
ASTAP, CRMV-MG, IMA, SUINCO, MAPA e aos palestrantes pela iniciativa e destaca a
importância de que temas de qualidade como esse cheguem até o produtor. Com
informações da assessoria de imprensa da ABCS.
Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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Cotação semanal
Dados referentes a semana 17/04/2025
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Atualizado em: 17/04/2025 09:35