Porto Alegre, 20 de junho de 2022 – No balanço das exportações
brasileiras de carne suína in natura de janeiro a maio deste ano, houve uma
redução de 6,98% em relação ao mesmo período do ano passado, sendo que a
China reduziu as compras do Brasil em 40,4%.
A queda dos embarques foi amenizada porque outros compradores aumentaram
significativamente os volumes importados do Brasil. Somando o crescimento das
exportações para as Filipinas (+378%), Singapura (+58,4%), Argentina (+81,7%)
e Tailândia (+2.288%), totaliza-se quase 50 mil toneladas a mais para estes
destinos de janeiro a maio/22, quando comparado com o mesmo período de 2021,
sendo que China e Hong Kong juntas reduziram em 103 mil toneladas as
aquisições de carne suína in natura brasileira. Destaca-se a Rússia
(+9.204%), que efetivamente voltou a comprar do Brasil, embora seja um destino
daqui para frente imprevisível diante do conflito armado em que aquele país
está envolvido. Analisando estes números e diante da recente habilitação de
plantas frigoríficas para exportação para o Canadá, tem-se uma tendência de
pulverização das exportações, diminuindo gradativamente a dependência do
mercado externo em relação à China.
Outro alento recente do mercado de exportação foi a alta do valor médio
em dólar exportado ao longo de maio. O preço unitário da carne suína
exportada, que não passava de US$ 2,3 /kg desde setembro do ano passado, em
maio atingiu a média de US$ 2,391 sendo que o spread em relação a carcaça
especial em São Paulo se aproximou de 30%. Com o dólar se valorizando nesta
primeira quinzena de junho, há uma tendência de que a carne suína brasileira
fique mais competitiva lá fora, trazendo mais atratividade para as empresas
exportadoras no curto prazo.
Com relação ao preço do suíno no mercado doméstico, depois de meses de
achatamento, com reações esporádicas e tímidas das cotações, desde a
última semana de maio os preços têm reagido de forma consistente e gradual na
maioria das praças. Usando a Bolsa de suínos de Belo Horizonte (BSEMG) como
referência, é possível visualizar melhor esta reação dos preços. A BSEMG
de 02 de dezembro do ano passado foi a última em que o preço estabelecido
ultrapassou os 7 reais/kg vivo, tendo como preço sugerido o valor de R$ 7,50.
Ao longo das 23 bolsas seguintes (quase sete meses), o preço sugerido ou
fechado oscilou entre R$ 5,20 e 7,00 ficando em R$ 6,12 na média deste longo
período, sendo que, somente naquele pequeno intervalo entre o fim da quaresma e
o Dia das Mães (BSEMG de 20/04, 28/04 e 05/05) a cotação atingiu 7 reais. Em
26 de maio foi retomado o viés de subida, chegando a R$ 7,30 em 09 de junho,
valor acordado até o dia 23 de junho, em função do feriado de Corpus Christi.
Caso esta cotação se mantenha ou aumente nas duas últimas bolsas do mês de
junho (dias 23 e 30) isso pode ser, finalmente, o sinal de uma efetiva virada no
mercado, com o ajuste da oferta à demanda interna de carne suína.
Custo estável aguardando a colheita (já iniciada) de safra recorde de milho
Segundo o CEPEA, o poder de compra dos suinocultores frente aos principais
insumos da atividade (milho e farelo de soja) aumentou novamente em maio, sendo
o terceiro mês consecutivo de avanço na relação de troca do suíno. Esse
cenário foi favorecido pelos aumentos nos preços médios do animal vivo e,
principalmente, pelas desvalorizações dos referidos insumos.
O levantamento mensal de custos, realizado pela EMBRAPA nos três estados
do Sul, cruzado com as cotações médias do suíno vivo apuradas pelo CEPEA,
demonstra que o resultado da atividade ainda é negativo, mas vem mês a mês
reduzindo o prejuízo por animal abatido. A mesma tabela mostra a gravidade da
crise mensurável pelos valores de prejuízo e tempo de duração da situação.
Com menos de 10% da área plantada da segunda safra de milho colhida, a
expectativa de supersafra se mantém. A Conab divulgou no dia 08 o último
levantamento de projeção da safra 2021/22, mantendo a previsão de safra
recorde de milho, com um total de 115,2 milhões de toneladas, sendo 88 milhões
na segunda safra, cuja colheita está em andamento.
O volume de 88 milhões de toneladas da segunda safra, previsto para ser
colhido até agosto, deve pressionar as cotações do milho para baixo.
Entretanto, é preciso ficar de olho no câmbio (que tem subido nas últimas
semanas) e no balanço internacional de demanda e oferta de milho do segundo
semestre. Em maio foram exportadas 1,16 milhão de toneladas em valor
equivalente a R$ 103 a saca de 60 kg, uma diferença de quase 16 reais/saca em
relação a cotação média de Campinas/SP (CEPEA), ou seja, o preço externo
está atrativo para exportação.
Para o presidente da ABCS, Marcelo Lopes, “Resta saber se a demanda vai
crescer além do previsto pela CONAB e se as cotações externas se manterão em
valores elevados. A diferença deste ano em relação a safras anteriores,
além do grande volume de grão a ser colhido, é o fato de haver menor
percentual da produção pré-contratado pelas tradings para exportação, e
também a menor capitalização dos agricultores que têm sofrido com alta de
custos nos insumos (fertilizantes, principalmente), além dos juros do setor
estarem em patamares relativamente elevados. Este cenário pode determinar menos
especulação e mais disponibilidade de milho efetiva para venda, determinando
queda acentuada no preço do grão. Pode-se dizer que a tempestade da
suinocultura continua, agora menos intensa, mas já apresenta no horizonte um
céu azul, com um segundo semestre de provável recuperação do setor”,
conclui. Com informações da assessoria de imprensa da ABCS.
Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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Cotação semanal
Dados referentes a semana 20/06/2025
Suíno Independente kg vivo
R$ 8,43Farelo de soja à vista tonelada
R$ 1.750,00Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.300,00Milho Saca
R$ 66,25Preço base - Integração
Atualizado em: 17/06/2025 09:45