Porto Alegre, 9 de novembro de 2022 – A oferta global de carne suína deve seguir pressionada em
2023, resultado da desaceleração da produção na China a partir da segunda metade deste ano e das
expectativas de novas quedas nos abates da União Europeia e Reino Unido, por conta do forte aumento
dos custos de produção da alimentação e da energia. A questão sanitária ligada a PSA também
tem sido outro fator importante, já que o número de regiões atingidas tem aumentado em relação
ao ano anterior. Considerando os maiores países produtores e exportadores da Europa, com exceção
da Espanha (que deve avançar em 1% a produção este ano sustentada pelas exportações para
China), os outros países devem registrar quedas na oferta, cenário que deve se manter no próximo
ano. As informações partem do estudo do Rabobank intitulado Perspectivas para o agronegócio
brasileiro 2023.
No caso da China, a forte liquidação no rebanho de matrizes reprodutoras, que se iniciou na
metade do ano passado e se intensificou no início de 2022 devido aos baixos preços no mercado
local, resultou em queda de 6,3% nos estoques de porcas no segundo trimestre deste ano no
comparativo anual.
Tal redução dessa categoria animal impactou diretamente no potencial produtivo de carne
suína, que vinha de forte recuperação, e forçou a retomada das importações a partir do segundo
semestre deste ano para atender a demanda doméstica e recompor os estoques estratégicos
controlados pelo governo.
Na nossa visão, este novo ciclo na suinocultura chinesa, focado na estabilização dos preços
e da produção, devem continuar trazendo oportunidades para o Brasil em termos de demanda, não
somente pela competitividade em termos de preços, mas também, pelo potencial de oferta e pela
segurança sanitária.
Para 2023, projetamos que as compras chinesas no mercado externo devem retomar, se elevando
entre 5 e 10% com relação ao ano anterior.
Vale lembrar que a chegada sazonal das estações mais frias na Ásia e Europa devem elevar
também o número de novos casos de PSA e Covid-19. Com relação a PSA, a suspensão dos testes com
a vacina no Vietnã e na China devido aos registros de mortes após a aplicação, deve trazer um
desafio adicional para algumas regiões no controle do vírus por conta do mascaramento dos sintomas
nos animais que foram vacinados e supostamente contaminados.
Existe uma expectativa maior com relação à política de enfrentamento da Covid-19 pelo
governo chinês. Conforme visto este ano, a política de tolerância zero e a aplicação de
lockdowns em grandes centros consumidores teve impacto direto tanto no consumo local como nos
indicadores econômicos dessas regiões. Existe uma expectativa de maior flexibilização nas
medidas, que serão adotadas nessa temporada. Fato que deve favorecer principalmente o setor de
foodservice.
Os riscos sanitários para o Brasil com relação a PSA ficam por conta do Haiti e da República
Dominicana, que ainda mantêm a notificação de casos novos e ativos. Porém, a situação parece
sob controle até o momento, com o vírus ainda limitado ao território desses dois países. Em
partes, isso se deve aos esforços dos vizinhos, México e EUA, que têm elevado os investimentos na
região para evitar a dispersão do vírus para outros locais na região.
No mercado brasileiro, a forte queda nas margens no início do ano ocorreu devido à
combinação de queda sazonal nos preços do suíno vivo e aumento recorde nas cotações da
ração, o que impactou negativamente o setor produtivo, principalmente, o produtor independente.
O aumento no descarte de matrizes como forma de reduzir os custos e potencializar as margens
corroborou para elevação da produção na primeira metade do ano. Mas vale lembrar, que uma
parcela dos produtores integrados, mesmo com a pressão nas margens, conseguiram manter o ritmo de
produção, especialmente devido à melhora na eficiência e/ou bons posicionamentos com relação
à compra e armazenagem de ração.
Para 2023, a expectativa de plantio recorde de grãos, caso não ocorram grandes interferências
do clima e no conflito entre Ucrânia e Rússia, deve elevar a oferta no mercado doméstico e
reduzir os patamares de preços do insumo que representa entre 70% e 75% dos custos de produção.
Um dos principais desafios deve estar no mercado doméstico, que viu este ano viu melhora no
consumo guiado pelo aumento na demanda por produtos processados e embutidos.
Porém, no próximo ano a maior oferta de carne bovina deve reduzir a competitividade da carne
suína, não somente pela menor diferença de preços, mas também, pelo forte apelo cultural por
esse tipo de carne que é aceita por uma boa parcela da população.
O Rabobank projeta novo incremento na oferta de 1% em 2023. Guiados principalmente pelas
exportações que devem recuperar 2% do volume embarcado com relação a este ano.
O início de 2023 será o primeiro desafio para o setor. A redução sazonal na demanda para a
China (que já preparou os estoques para o feriado do Ano novo chinês) e a queda sazonal do consumo
doméstico, são fatores que devem trazer um cenário de pressão nos preços do suíno vivo e da
carne suína no atacado/varejo, com o próprio mercado testando o poder de compra do consumidor.
A procura por novos destinos deve se manter como um dos principais objetivos do setor de
exportação no próximo ano. Com a tendência de manutenção da recomposição do plantel suíno
da China e recuperação da oferta global, é esperado uma elevação da competitividade no mercado
externo.
PONTOS DE ATENÇÃO
Os riscos sanitários globais, tanto pela PSA como pela PRRS, devem continuar sendo um dos
maiores pontos de atenção do setor produtivo, mas também, podem trazer oportunidades para as
exportações brasileiras, devido à alta competitividade no mercado internacional.
Custos com alimentação devem ser outro importante fator de monitoramento por parte da
produção. Principalmente, por conta dos riscos de novos aumentos de preços.
Revisão: Pedro Carneiro (pedro.carneiro@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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Cotação semanal
Dados referentes a semana 27/06/2025
Suíno Independente kg vivo
R$ 8,43Farelo de soja à vista tonelada
R$ 1.725,00Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.400,00Milho Saca
R$ 66,00Preço base - Integração
Atualizado em: 26/06/2025 13:30