Porto Alegre, 24 de junho de 2021 – O mês de junho está sendo de lenta
retomada do fôlego dos suinocultores, com recuo do preço do milho e do farelo
de soja e recente recuperação do preço pago pelo suíno, permitindo que se
projetem margens positivas, ainda que pequenas na maioria das praças. Com
frango em alta, apresentando preços nominais recordes e, a diferença (spread)
entre o kg da carcaça suína e o frango (kg resfriado) no atacado de São Paulo
que, historicamente oscila entre 60 e 80%, mas no final de maio chegou a se
aproximar de 30% durante alguns dias, fechando o mês com 41,2%, era visto como
uma distorção que não poderia perdurar por muito tempo.
Ou o frango cairia de preço ou o suíno reagiria. Para alento dos
suinocultores a segunda opção tem se concretizado e a carcaça suína no final
da terceira semana de junho ultrapassou os R$ 11,00 por quilo.
Apesar desta recuperação do preço da carcaça, que refletiu no aumento do
valor pago ao produtor, não há motivo para euforia, pois a volatilidade do
mercado está muito alta.
O baixo ritmo de vacinação contra a Covid-19, e a iminência do que
alguns consideram como terceira onda da pandemia no Brasil, pode agravar ainda
mais o poder aquisitivo da população que já sente os impactos da inflação,
que não se restringe somente aos alimentos.
As exportações brasileiras de carne suína in natura no acumulado de
janeiro a maio/21, comparado com o mesmo período do ano passado, cresceram
20,51% (+68,5 mil toneladas) no total e de 26,82% (+48,7 mil toneladas) para a
China. Entretanto, especificamente o mês de maio de 2021, mostrou estabilidade
nos volumes em relação a maio/2020, com aumento de apenas 0,7%, indicando que,
daqui para frente, a tendência é de que o crescimento em relação ao ano
passado seja menor, fechando o ano com algo ao redor de 10% de incremento total
dos embarques.
Por outro lado, a China, que no acumulado ano responde por mais de 57% dos
nossos embarques, através da agência estatal de planejamento econômico, no
dia 16/06/2021, emitiu um alerta sobre a queda excessiva nos preços dos
suínos. Segundo o órgão oficial, a proporção média entre os preços de
suínos e grãos caiu abaixo de 6:1, e os preços dos suínos vivos caíram
cerca de 60% desde janeiro de 2021, operando atualmente a US$ 2,29 por kg vivo,
o menor nível em dois anos.
Segundo a embaixada brasileira em Pequim, os dados de vendas de suínos
divulgados por empresas públicas apoiam a avaliação da forte recuperação do
estoque de suínos. Nos primeiros cinco meses de 2021, as dez maiores empresas
de suínos da China venderam juntas 29,02 milhões de animais, um aumento de 89%
em relação ao mesmo período do ano passado. Especialistas cogitam a
possibilidade de ocorrer redução nas importações chinesas de carne suína no
segundo semestre de 2021, o que gera preocupação no setor.
Quebra da segunda safra de milho será muito alta, mesmo assim houve recuo
significativo do preço do cereal
A Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) divulgou no dia 10 de junho o
nono levantamento da safra 2020/21, com uma redução de 10 milhões de
toneladas na colheita do milho segunda safra em relação ao levantamento
anterior, projetando 70 milhões de toneladas. Esta quebra se baseia na falta de
chuvas na região Centro-sul, especialmente nos estados de Goiás, Mato Grosso
do Sul e Paraná.
A Conab revisou a previsão de importação de milho para 2,3 milhões de
toneladas e reduziu a projeção de exportação deste cereal para 29,5 milhões
de toneladas, com isso, o estoque final esperado ao fim do ano-safra 2020/21 é
de 7,6 milhões de toneladas, redução de 27,4% em relação à safra
anterior.
Algumas consultorias estimam uma quebra ainda maior do que a estimada pela
Conab, como a Safras & Mercados que prevê a produção de 61,5 milhões de
toneladas. Com o andar da colheita estas estimativas devem ser revistas para
mais ou para menos. O fato é que, mesmo com a significativa quebra de safra
prevista, a aproximação da colheita tem determinado queda nas cotações em
várias praças, dando um refresco para os custos de produção. Com a soja e
seus derivados também se observa queda nas cotações. Segundo o Centro de
Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) os preços da soja caíram no
Brasil e nos Estados Unidos ao longo da última semana influenciados por novas
estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicando
maior estoque mundial nas safras 2020/21 e 2021/22.
Esta redução das cotações do milho e do farelo de soja, somada a
melhora do preço de venda do suíno, deve reverter o quadro de prejuízo que o
setor suinícola vinha contabilizando nos últimos meses, e que se agravou em
maio, com o valor do suíno insuficiente para suportar os elevados custos de
produção.
Para o presidente da ABCS, Marcelo Lopes, o mercado está bastante
instável, tanto na demanda doméstica, quanto no comportamento da China. “Da
mesma forma, o mercado de grãos deverá ter oscilações relevantes daqui até
o fim da colheita da segunda safra brasileira e início da colheita da safra
norte-americana. O produtor deve ficar atento a estes movimentos e identificar
janelas de oportunidades para a compra de seus insumos e o escoamento de sua
produção, pois neste ambiente de volatilidade a especulação torna-se mais
intensa.” As informações partem da assessoria de imprensa da ABCS.
Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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Cotação semanal
Dados referentes a semana 30/04/2025
Suíno Independente kg vivo
R$ 8,42Farelo de soja à vista tonelada
R$ 1.836,67Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.200,00Milho Saca
R$ 72,23Preço base - Integração
Atualizado em: 29/04/2025 09:50