Porto Alegre, 21 de novembro de 2017 – A suinocultura brasileira encontra
alguns desafios neste quarto trimestre. Apesar de ainda ser influenciado pela
crise econômica no país, o setor respira aliviado com um tímido crescimento
do PIB, estimado em aproximadamente 0,7%, mas acende o alerta para o bloqueio
russo anunciado nesta última segunda-feira (20), que, caso não seja resolvido
com rapidez, pode influenciar de forma negativa os próximos meses da atividade.
Os preços pagos ao produtor no mês de novembro permanecem estáveis nas
principais bolsas de comercialização do país, Minas Gerais e São Paulo. Nos
últimos dois meses a média de preço do suíno vivo foi de R$ 4,28 e R$ 4,22
nestes estados, respectivamente, com variações mensais inferiores a 10
centavos por quilo, de acordo com informações da Agroceres PIC.
O diretor executivo da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos
(ABCS), Nilo de Sá, explica que esta estabilidade reflete um equilíbrio na
oferta e demanda do produto, que não tem sofrido maiores sobressaltos. Já no
acumulado do ano, os preços do suíno vivo apontam elevação em relação ao
praticado em 2016. Nos primeiros dez meses de 2017 o preço médio praticado em
Minas e São Paulo foi R$4,36 e R$4,34, respectivamente, ante R$4,00 e R$3,86
durante o mesmo período do ano anterior.
As perspectivas para o mercado interno, que consome usualmente entre 80 a
85% da produção nacional, é de recuperação da economia, com a inflação
próxima a 2% e a taxa SELIC provavelmente sendo reduzida a 7% ao final de 2017.
Porém, o país ainda conta com uma taxa de desemprego alta, atualmente acima
de 12%, afetando a renda e o consumo das famílias brasileiras. “Há uma
expectativa positiva para a economia nos próximos anos, o que contribuiria
positivamente para a demanda interna de carne suína e consequentemente com o
preço pago ao produtor, porém existe a imprevisibilidade relacionada as
eleições presidenciais de 2018, gerando um certo grau de incerteza a este
cenário”, pontua de Sá.
As exportações apresentam desempenho inferior ao ano passado, porém com
resultado bem superior à média histórica do país. De acordo com dados do
Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic), até outubro o
país exportou 578 mil toneladas de carne suína, volume 4,3% inferior ao mesmo
período de 2016, e permanecendo neste ritmo as exportações deverão
alcançar 690 a 695 mil toneladas.
O diretor executivo da ABCS explica que embora isto represente uma
redução de aproximadamente 40 mil toneladas em relação ao marcante resultado
de 2016 (733 mil ton), cabe ressaltar novamente que o volume é cerca de 150
mil ton superior à média das exportações brasileiras, que é de 540 a 550
mil ton. “Enxergando a metade cheia do copo, o desempenho das exportações foi
novamente relevante para a manutenção do preço do suíno vivo no mercado
interno”.
Bloqueio do mercado russo
A notícia do fechamento do mercado russo à carne suína brasileira deixou
o setor bastante apreensivo. Historicamente, este mercado responde por
aproximadamente 40% de todas as exportações brasileiras e nos dois últimos
anos superou as 240 mil toneladas.
O diretor executivo da ABCS acredita que, caso o bloqueio permaneça por um
longo período, o preço do suíno vivo no mercado interno será pressionado
devido à maior oferta de animais ou carcaças. “Isso é bastante preocupante,
sobretudo durante os primeiros meses do ano, quando usualmente já há uma menor
procura e consequentemente menor remuneração para o suinocultor”, explica.
De Sá também reforma a importância da efetividade da intervenção do governo
brasileiro junto ao governo russo para reabrir rapidamente este mercado e
evitar maiores prejuízos aos suinocultores e empresas do país.
Grãos
Sob a ótica dos custos, neste ano o preço da saca de milho apresentou
redução de 35 a 40% no acumulado de janeiro a outubro, quando comparado a
2016, de acordo com dados divulgados pela Agroceres PIC, tornando então o
contexto bastante interessante para o suinocultor e permitindo a recuperação
de parte do prejuízo acumulado no ano passado. Para 2018, a Conab aponta que o
cenário também é favorável, mesmo com uma previsão de redução de 4,4 a
5,0% na produção de milho 1a safra. Com a atual projeção de manutenção da
2a safra e exportação de 30 milhões de toneladas em 2018 o estoque de
passagem 2018/2019 deverá chegar a 24 milhões de toneladas, mantendo a
tendência crescente iniciada em 2017. Com informações da assessoria de
imprensa da ABCS.
Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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Cotação semanal
Dados referentes a semana 22/11/2024
Suíno Independente kg vivo
R$ 9,53Farelo de soja à vista tonelada
R$ 71,50Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.200,00Milho Saca
R$ 1.975,00Preço base - Integração
Atualizado em: 28/11/2024 10:30