Porto Alegre, 11 dezembro de 2015 – Pelo terceiro ano consecutivo, o
setor de alimentação animal registra um leve aumento em sua produção. De
acordo com dados do Sindirações – Sindicato Nacional da Indústria de
Alimentação Animal -, a expectativa é de que o setor encerre o ano de 2015
com crescimento de 2%, registrando produção de 66,3 milhões de toneladas de
ração, frente aos 65 milhões de 2014 e 62,6 milhões de 2013.
Com relação à produção de sal mineral, o incremento se mantém
elevado, com previsão de 2,43 milhões de toneladas em 2015, e histórico de
2,37 milhões de toneladas em 2014 e 2 milhões em 2013.
Ariovaldo Zani, vice-presidente executivo do Sindirações, ressalta que
durante o ano de 2015, o efeito da desvalorização do real (moeda local) nos
preços brasileiros encareceu as matérias-primas utilizadas na alimentação de
aves, suínos, bovinos de corte e leite, entre outros e incrementou os preços
agropecuários no atacado, além de afetar o fôlego financeiro das empresas.
Foi o caso dos aditivos importados e indexados ao dólar e, por exemplo,
do milho, cujo preço/tonelada na moeda brasileira avançou 24% de janeiro a
novembro, enquanto o farelo de soja subiu 31%, apesar do contraste mundo afora,
onde se observou flagrante alívio no custo global da alimentação animal, em
boa medida, por causa dos recuos de 5% do preço em dólares do cereal e de 17%
do farelo da oleaginosa.
Embora a demanda global por proteína animal continue, as razões sobre a
pressão nesses preços decerto deveram-se à generosa safra americana e às
condições climáticas favoráveis ao plantio e produtividade na América do
Sul, queda no preço do petróleo, desaceleração gradual chinesa, enxugamento
monetário e alta dos juros nos Estados Unidos e a recuperação europeia ainda
indefinida.
“Evidentemente, o real (moeda local) fraco e a volatilidade preocupou
bastante porque expôs as empresas brasileiras que comercializam predominante
ou exclusivamente seus produtos internamente, caso dos muitos produtores
independentes de frangos, ovos, suínos, leite, etc., ávidos por crédito e
maior capital de giro, necessários ao pagamento daqueles insumos e da energia
elétrica que subiu muito”, ressalta Ariovaldo Zani, vice-presidente executivo
do Sindirações.
As companhias exportadoras, caso das agroindustriais e integradoras
brasileiras, exportadoras de farelo de soja, milho e carnes, foram favorecidas
pela desvalorização cambial que compensou parte da queda dos preços
internacionais das diversas commodities, apesar do imediato impacto negativo,
naquelas hipoteticamente alavancadas e sem o escudo do hedge.
A combinação do ritmo veloz da desvalorização e da acentuada
volatilidade que assolaram o Brasil, aumentou sobremaneira o custo, pressionou a
inflação, e deteriorou os balanços de muitas empresas com passivo comercial
e/ou financeiro externos.
Zani complementa que “o iminente enxugamento monetário americano em
2016 pode pressionar ainda mais o real (moeda local), estimular a inflação,
fomentar maior taxa de juros, incrementar a elevada dívida brasileira,
subsidiar a importação e aprofundar o déficit em conta corrente da produção
local, muito embora o dólar valorizado venha favorecer a competitividade dos
produtos agropecuários exportados pelo Brasil”.
Mesmo comprometida, frente a tantos desafios, a estimativa é que a
indústria brasileira de rações e suplementos para animais de produção e
alimentos para animais de companhia somou quase 69 milhões de toneladas, um
avanço da ordem de 2%.
O produtor de frangos de corte demandou 32,4 milhões de toneladas de
rações em 2015, um avanço de 3,5%, enquanto o alojamento de pintainhos
cresceu 4,7% até setembro. A capacidade de compra do consumidor doméstico
diminuiu por causa da deterioração econômica, motivo pelo qual a carne de
frango substituiu crescentemente a carne bovina. Já a desvalorização do real
(moeda local) frente ao dólar e os episódios de gripe aviária em países
exportadores, circunstancialmente favoreceram os embarques de carne de frango ao
exterior que até novembro foram incrementadas em quase 7%.
A produção de rações para galinhas de postura, por sua vez, somou
5,5 milhões de toneladas e retrocedeu 4,5%, em resposta à deterioração da
capacidade de compra do consumidor e à diminuição do alojamento de pintainhas
que recuava mais de 5% até setembro.
Durante o ano de 2015, a arroba do boi terminado permaneceu valorizada e
o patamar de preço da carne bovina incomodou bastante o bolso do consumidor
doméstico, que optou por proteína mais acessível, caso do frango e do suíno.
Além disso, o retrocesso nas exportações e a interrupção da
atividade de diversos frigoríficos inibiram a mobilização mais vigorosa dos
pacotes tecnológicos. O alto custo da reposição de boi magro e, sobretudo o
desajuste entre a oferta e demanda de bezerros, comprometeram a intensificação
dos projetos de confinamento e semi-confinamento, embora, mais cedo ou mais
tarde, esse ápice do ciclo pecuário vai reverter por causa da flagrante
retenção de fêmeas.
O saldo durante o ano frustrou as expectativas e redundou em 2,7
milhões de toneladas de rações e pouco mais de 2,4 milhões de toneladas de
sal mineral demandados pelo gado de corte, apesar do câmbio bem mais
competitivo, a abertura do mercado norte americano, Arábia Saudita, África do
Sul e Iraque, a retomada dos embarques para o Japão e a China, além da
ampliação para outros destinos tradicionais. É importante salientar que o
gado de corte brasileiro continua majoritariamente criado à pasto e ainda
demanda pouca alimentação industrializada, à exceção da suplementação
mineral que já conta com maior penetração, tanto nas criações extensivas,
como nos sistemas híbridos e de confinamento, muito embora a quantidade vendida
ainda represente 1/3 do potencial calculado.
No caso dos lácteos, a cadeia de distribuição demonstrou mais cautela
e não acumulou estoques de leite e derivados, em resposta ao enfraquecimento
da demanda. O custo para produzir leite seguiu em alta, por conta do aumento da
energia elétrica, combustíveis, fertilizantes e outros insumos cotados em
dólar.
A diminuição do preço do leite pago aos produtores corroeu as margens
de lucro e forçou muitos deles a secar as vacas com antecedência para
redução dos custos e melhorar a produtividade. Além disso, fatores
climáticos sazonais (estiagem, baixa temperatura e luminosidade) também
contribuíram para o enxugamento da produção que abateu a produção estimada
de rações para gado leiteiro, que somou 5,3 milhões de toneladas, um
retrocesso de quase 2%.
Em relação à cadeia produtiva de suínos, a recuperação das
exportações da carne suína e a maior procura do consumidor por causa do alto
preço da carne bovina potencializaram os abates, apesar do mercado de animais
vivos ter permanecido enxuto. A demanda estimada por ração, por sua vez,
respondeu também ao aumento no peso de abate e somou 15,7 milhões de toneladas
durante 2015. As informações partem da assessoria de imprensa do
Sindirações.
Revisão: Carine Lopes (carine@safras.com.br) / Agência Safras
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Cotação semanal
Dados referentes a semana 27/06/2025
Suíno Independente kg vivo
R$ 8,43Farelo de soja à vista tonelada
R$ 1.725,00Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.400,00Milho Saca
R$ 66,00Preço base - Integração
Atualizado em: 26/06/2025 13:30