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CARNES: Anffa alerta que produto clandestino é perigoso para consumidor

1 de abril de 2016
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Porto Alegre, 1 de abril de 2016 – Saber a procedência dos produtos que
são consumidos evita danos à saúde. A carne merece atenção especial. É
importante observar se o produto foi inspecionado e se traz a garantia de
qualidade. Além de intoxicações alimentares, ingerir o alimento não
fiscalizado pode ser a porta de entrada para doenças transmitidas dos animais
aos homens, as chamadas zoonoses.

Para minimizar os efeitos negativos, o fiscal federal agropecuário
Adriano Guahyba afirma que o ideal é comprar a carne embalada e refrigerada,
além de verificar se os rótulos do produto apresentam o selo do Serviço de
Inspeção Federal (SIF), dos municípios (SIM) ou Estados (SIE). “Essa é a
melhor forma de garantir a qualidade do produto. Muitas vezes, pelo preço, os
consumidores optam por comprar em locais que não oferecem a garantia de
segurança”, ressalta Guahyba. Caso não se comprove a origem e o registro da
carne, ou outros produtos de origem animal, o consumidor deve denunciar ao
Ministério da Agricultura, para que seja feita a verificação da origem e
qualidade do produto oferecido.

Segundo o fiscal, um dos problemas mais comuns ao consumir a carne sem os
devidos cuidados é a toxinfecção alimentar, infecção adquirida por meio do
consumo de alimentos contaminados por bactérias ou toxinas que pode levar o
consumidor à morte. Guahyba também cita a teníase como outro risco
resultante das más condições sanitárias. “A doença, causada por
parasitas, geralmente é transmitida pelo consumo de carne contaminada com
cisticercos (larvas do verme). Quando mal cozida ou assada, pode causar sérios
riscos ao organismo, entre eles problemas nervosos e cegueira”, destaca.

Mas não são somente esses problemas que o consumidor pode apresentar ao
ingerir o alimento sem a devida inspeção. Os produtos obtidos a partir do
abate clandestino podem ser também vetores das doenças transmitidas dos
animais aos homens, como a tuberculose e brucelose. “A contaminação das
carnes só poderá ser identificada – e os produtos, descartados -, mediante a
inspeção de médico veterinário capacitado. Os abates clandestinos são
efetuados em locais impróprios, sem estrutura adequada e sem higiene. Há
riscos de contaminação ambiental, propagação de vetores transmissores de
doenças e prejuízo à saúde publica”, ressalta o fiscal.

Todos os estabelecimentos registrados no Departamento de Inspeção de
Produtos de Origem Animal (Dipoa), vinculado ao Ministério da Agricultura,
dispõem de fiscal federal agropecuário, no caso, médico veterinário, para
realizar a inspeção e a fiscalização do cumprimento das exigências
sanitárias.

Nos estabelecimentos de abate, a presença diária desses profissionais é
obrigatória para a identificação de possíveis doenças, a destinação das
peças que possam estar comprometidas e a supervisão geral dos procedimentos
nos abatedouros. “O animal é submetido a uma série de análises e exames,
antes e após o abate, para garantir ao consumidor final um produto de
qualidade. São as denominadas inspeções ante mortem e post mortem”, explica
Guahyba. Atualmente, o Serviço de Inspeção Federal (SIF) tem atuação em
mais de 4 mil estabelecimentos brasileiros.

Terceirização

O serviço de inspeção de produtos de origem animal, hoje, é realizado
por profissionais do setor público (União, Estados e municípios). Porém,
Projeto de Lei que está na Câmara dos Deputados prevê o credenciamento, em
Estados e municípios, de empresas prestadoras de serviços de medicina
veterinária para fazer esse trabalho. “A medida colocará em xeque a
segurança alimentar da família brasileira, a partir do momento em que um
fiscal terceirizado atestará a qualidade de um produto para o consumo,
principalmente, porque os rendimentos desse trabalhador poderão ser
provenientes do fabricante desse mesmo produto”, alerta o presidente do
Sindicato Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical),
Maurício Porto.

Além disso, Estados e municípios, por meio de empresas prestadoras de
serviços de medicina veterinária, passariam a ter adesão ao Sistema
Brasileiro de Inspeção (Sisbi) e, dessa forma, teriam a mesma credibilidade do
Sistema de Inspeção Federal (SIF) para fins de comercialização interna
(dentro do Brasil). Ou seja, produtos inspecionados em um Estado ou município
por veterinários terceirizados (pagos pelas próprias fiscalizadas) poderão
ser vendidos em todo o País sem a participação direta de profissionais do
setor público (municipal ou estadual).

A inspeção federal executada pelos fiscais federais agropecuários
continuaria a ser feita apenas para exportações. “O sindicato tem se
esforçado para o fortalecimento do serviço de inspeção oficial, no intuito
de garantir a qualidade do alimento não só para os países que importam nossas
mercadorias, mas também para o cidadão brasileiro. Estamos na luta para que
esse PL não seja aprovado”, afirma Porto.
Sobre os Fiscais Federais Agropecuários

O Sindicato Nacional dos Fiscais Agropecuários (Anffa Sindical) é a
entidade representativa dos integrantes da carreira de Fiscal Federal
Agropecuário. Os profissionais são engenheiros agrônomos, farmacêuticos,
químicos, médicos veterinários e zootecnistas que exercem suas funções para
garantir qualidade de vida, saúde e segurança alimentar às famílias
brasileiras. Atualmente existem 2,7 mil fiscais na ativa que atuam nas áreas de
fiscalização nos portos, aeroportos, postos de fronteira, campos brasileiros,
laboratórios, programas agropecuários, empresas agropecuárias e
agroindustriais, relações internacionais e nas cidades fiscalizando produtos
vegetais, comércio de fertilizantes, corretivos, sementes e mudas.

Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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