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CARNES: Avicultura catarinense está otimista com 2019 – ACAV

2 de janeiro de 2019
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Porto Alegre, 2 de janeiro de 2019 – O ano de 2018 foi um dos mais
difíceis para o agronegócio, com insumos em alta, consumo em baixa e os
problemas potencializados pela greve dos transportadores. Agora, porém, o
otimismo e a confiança estão voltando ao mercado. A retomada do crescimento
iniciará em 2019, mas, o período ainda será de dificuldades. A análise é do
presidente da Associação Catarinense de Avicultura (ACAV), José Antônio
Ribas Júnior, que avalia os cenários brasileiro e mundial para a carne de
frango.

José Antônio Ribas Júnior é considerado um dos maiores especialistas na
área. Atua há 25 anos na produção de aves e suínos: 20 anos na Sadia e
cinco anos na JBS. Engenheiro agrônomo de formação, concluiu pós-graduação
em Gestão Empresarial pela USP/Unicamp. Preside a Câmara Nacional de
Integração das duas principais entidades nacionais do agronegócio – a
Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e da Confederação da
Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Por favor, faça uma avaliação de como foi o ano de 2018 para a avicultura
brasileira e catarinense?

O ano de 2018 foi desafiador para o setor. Tivemos no primeiro semestre uma
greve dos caminhoneiros que dilacerou o sistema de produção de aves e
suínos. Perdemos produção, comprometemos produtividades, aumentamos custos e
todos estes impactos não se restringiram apenas ao período de greve. O
pós-greve seguiu trazendo suas consequências, entre elas a tabela de frete
mínimo ainda em debate. Custos que se adicionam a uma conta que o setor não
consegue pagar. Ainda vivemos embargos de mercados e uma reacomodação do
sistema oficial de fiscalização que precisa de ajustes, sob pena de
inviabilizar a produção nacional. Somos defensores de níveis elevados de
qualidade, pois foram com estas competências, que atingimos mais de 150
mercados no mundo. Tivemos um ano ainda com grãos caros, fato que também
agrega custos relevantes aos nossos produtos. Nestas dificuldades mostramos
nossa resiliência e certamente aprendemos muito. No final do ano 2018 tivemos a
abertura de novos mercados, o que ilustra que temos qualidade, e nos dá uma
expectativa positiva para 2019. Este ano tivemos em SC a certificação do 1
Compartimento de Frango para abate do Mundo, para a Unidade Seara de Itapiranga.
Cito isso para reforçar que temos uma produção de qualidade diferenciada. Em
resumo, desafios relevantes, muito aprendizado e a certeza que o setor precisa
voltar a gerar lucro, pois é isso que sustenta a continuidade dos processos e
investimentos.

A greve dos caminhoneiros arrebentou, de forma irrecuperável, muitos setores da
economia nacional, inclusive a avicultura?

Foi um episódio que gerou sacrifícios e prejuízos irreparáveis ao
setor. Houve perdas de plantéis, comprometimento da qualidade, da produtividade
e repercussões que se arrastaram por todo o segundo semestre. Falamos em SC de
prejuízos acima da centena de milhões. Não discutimos as motivações, mas a
conta ficou para o setor, que foi o mais afetado. Infelizmente a politização
do movimento atrapalhou o processo de negociação. O pós-greve ainda deixou
uma herança pesada. A tabela do frete mínimo precisa de ajustes. O setor não
suporta mais pagar as contas que nos são impostas. Corremos o risco de
inviabilizar nosso setor e torná-lo menor do que hoje. Nosso setor quer focar
em produzir e gerar riqueza para o País.

Quais as lições que essa greve deixa para um setor tão complexo e vulnerável
como a avicultura industrial, tendo em vista que pairam ameaças de uma nova
greve em 2019?

Todos os episódios do ano geraram lições duras e importantes. O setor
precisa fazer sua voz ser ouvida pelo Governo. Todos precisamos ter
contingências mais efetivas para as crises. E, por fim, colocar todas as
estruturas público e privada trabalhando a serviço de ampliar nosso setor e
ganhar mais espaço no mercado mundial. Crescimento gera riqueza e é o caminho
para o desenvolvimento econômico e social do Pais. Sabemos fazer, só
precisamos de convergência de objetivos. Com este modelo mental, todos
entenderão que o setor precisa ser blindado. Não podemos ficar vulneráveis
como a greve dos caminhoneiros nos deixou. Os risco foram imensos, poderíamos
perder até nosso status sanitário, o que seria uma catástrofe econômica e
social. Esta missão é de todos. Esperamos que em quaisquer episódio de greve,
todos tenham a competência de tratar proativamente.

As exportações brasileiras de carne de frango foram duramente prejudicadas com
a perda do mercado europeu… Poderemos recuperar?

Podemos e devemos fazer isso. Muitas lições foram aprendidas nos dois
últimos anos. Desde os processos mais básicos de ajustes na produção até
nosso posicionamento como Pais frente aos mercados. Na produção avícola temos
competências e virtudes comparativas que são diferenciadoras. Por exemplo,
somos o único país do mundo com relevância econômica neste setor livre das
doenças de notificação obrigatória. Ainda, somos muito competitivos em
custos. E, por fim, temos qualidade em toda a cadeia, do produtor à mesa do
consumidor. Estes elementos todos nos fazem ter a certeza que recuperaremos
mercado. Há um trabalho duro a ser feito. Governo Federal, Estadual e empresas,
juntos, precisam reconstruir a confiança e, fundamentalmente, “vender”
nossas virtudes. Somos muito competentes em expor nossos erros, que foram
pequenos, precisamos dar visibilidade às nossas qualidades. O momento é
difícil, mas iremos superar e sairemos mais fortes. O mundo sabe da avicultura
profissional, competente e qualificada que fazemos aqui.

A perda do mercado europeu foi, ainda, seqüela da operação Carne Fraca?

Tudo se conecta. Excluídos os exageros e imperfeições da primeira etapa,
os processos subsequentes e todas as repercussões foram construídos com mais
consistência. O setor entende a importância deste processo investigativo e
apoia. Não somos e não seremos simpáticos aos erros que eventualmente sejam
cometidos. Pelo contrário, queremos defender o nosso maior patrimônio que é a
qualidade da nossa produção. Mas reforço que não se coloque tudo no mesmo
pacote. Erros pontuais ou individuais devem ser tratados como tal. O setor é
maior do que isso, e tem, em sua grande maioria, gente do bem produzindo, com
qualidade e gerando empregos e riqueza às cidades, estados e ao País.

Quais as projeções que o Senhor faz para 2019? Vamos encerrar essa que foi é
uma das maiores recessões da história republicana brasileira?

Temos a expectativa de um 2019 melhor. Sairemos desta crise política,
social e econômica. O País precisa retomar o rumo do desenvolvimento. Afinal,
em grande parte dependemos apenas de nós mesmos. A boa notícia é que há
fatos novos, mercados se abrindo e uma reversão de expectativas em virtude do
novo governo que foi democraticamente eleito. Todos os brasileiros merecem dias
melhores. Somos um povo trabalhador. Nossas projeções para 2019 são
realistas. Será um ano ainda difícil, mas que reverte a tendência ruim que
estávamos inseridos. Lentamente, a economia deve retomar crescimento. Há um
ambiente otimista para investimentos. Especificamente no setor, vamos em busca
de ampliar mercados, retomar o espaço perdido na Europa e, teremos um cenário
de grãos mais adequado. Fatores que colaboram com a reversão da crise. Enfim,
o País precisa se unir novamente para uma agenda de desenvolvimento.

O que o setor espera do Governo de Jair Bolsonaro?

Como todos os brasileiros, antes de quaisquer expectativa mais elaborada,
queremos seriedade e honestidade. O País precisa destravar agendas que
permitirão crescimento e mais emprego. A reforma da Previdência, a
continuidade da simplificação das relações trabalhistas, reforma política e
tributária, enfim, um Estado enxuto e eficiente. Não são temas fáceis ou
rápidos, mas precisamos começar a jornada de modernização do Estado e das
relações de trabalho. Para distribuir riqueza, há um requisito obrigatório,
gerar riqueza. O agronegócio é gerador de riqueza. O empresário brasileiro
merece respeito e apoio. Com esta mentalidade iremos recolocar o País numa
agenda positiva de desenvolvimento econômico e social. As políticas agrícolas
para grãos e para financiamento da modernização tecnológica da cadeia
produtiva são temas relevantes. Há muitos estudos e temos que implementar
alternativas para os custos logísticos de movimentação dos grãos.

Qual deve ser a relação com o novo Ministério da Agricultura?

A nova Ministra da Agricultura terá todo o apoio do setor. Os desafios já
citados aqui são grandes, mas juntos será mais fácil de vencer. Acreditar no
Brasil é cada um fazer sua parte. Menos discurso e mais ações. Menos
interesses políticos individuais ou partidários e mais coletividade.
Precisamos crescer, e não há outro caminho que não seja com trabalho. Se
deixarmos a iniciativa privada trabalhar e não criarmos tantos obstáculos, o
resultado será um país melhor. Quero enfatizar a necessidade de investimentos
na segurança sanitária em nossas cadeias produtivas, com ações de controle
de fronteiras, ampliação da capacidade de diagnóstico para capacitar
reações rápidas e eficientes, e qualificação das ações contingenciais
para crises.

As informações partem da assessoria de imprensa da ACAV.

Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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