Porto Alegre, 18 de novembro de 2022 – O IBGE publicou no último dia 11, dados preliminares de
abate do terceiro trimestre do ano; neste período o abate de suínos cresceu 3,76% em toneladas de
carcaças (+48 mil ton) em relação ao mesmo período do ano passado, e somente 1,45% (+19 mil ton)
em relação ao segundo trimestre de 2022, evidenciando a desaceleração do ritmo de crescimento da
produção. No acumulado do ano (janeiro a setembro/22) o crescimento foi de 5,7% (+209,1 mil ton)
em relação aos primeiros 9 meses de 2021.
Mantidas as médias dos 3 trimestres, o ano de 2022 deve fechar com a produção 5,17 milhões
de toneladas de carcaças suínas, 274 mil toneladas a mais que 2021 (+5,59%). Quanto as demais
proteínas, chama a atenção a relativa estabilidade do abate de aves e principalmente a retomada
do crescimento do abate de bovinos, reforçando a mudança no ciclo pecuário que deve resultar em
um aumento significativo da oferta doméstica de carne bovina no ano que vem.
As exportações de carne suína in natura em outubro/22 totalizaram pouco mais de 90 mil
toneladas, recuando em relação ao mês anterior, superando os volumes de outubro de 2021. No
acumulado do ano o déficit de embarques é de apenas 4,4% em relação ao período de janeiro a
outubro/21 (-32,77 mil toneladas).
Segundo a Secex, o mês de novembro/22, até 11/11/22, já soma 42.866 toneladas exportadas, com
média de 5.368 toneladas por dia útil, volume diário 45% superior ao de novembro de 2021. Também
o valor da tonelada exportada em novembro/22, em dólar, está no maior patamar do ano, com média
de US$ 2.585/tonelada, contra US$ 2.256 em novembro do ano passado e US$ 2.474 em outubro/22. Esta
tendência de aumento do valor unitário da carne suína in natura exportada nos últimos meses tem
relação direta com o maior valor pago pelo nosso maior importador: a China. Em outubro/22 o valor
médio da carne suína exportada para a China em dólar, foi 21,2% maior que janeiro/22 e 15% maior
em reais.
Esta alta dos preços na China pode ser resultado da redução de matrizes que iniciou no
segundo semestre de 2021, em função das margens negativas que o suinocultor chinês enfrentou no
ano passado. Segundo o Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais da China (MARA), de setembro/21
a abril/22 houve uma redução de quase 3 milhões de matrizes, sendo que o impacto na produção
local começou a ser sentido há poucos meses, resultando em aumento dos preços e maior
importação por parte do gigante asiático. Embora alguns importantes consultores de renome
confirmem esta informação de redução do plantel chinês, cabe destacar que o USDA, em seu
último relatório manteve a projeção de maior produção e menor importação da China em 2023.
Tanto o viés de alta dos preços externos, como os primeiros dados de embarques de novembro
são indicativos de que deveremos terminar o ano com volumes exportados muito similares ao ano
passado, recuperando o atual déficit já citado. Por outro lado, como a produção deste ano está
maior que 2021, a disponibilidade interna mais uma vez cresceu consideravelmente, o que como veremos
mais adiante, limitou a elevação dos preços pagos ao produtor brasileiro.
No médio/longo prazo a boa notícia é que o México, um dos maiores importadores de carne
suína e que representa ao redor de 10% do comércio internacional desta proteína acaba de
habilitar plantas catarinenses para exportação.
Disponibilidade interna recuou no 3º trimestre, mas reação dos preços ainda é lenta
O balanço da carne suína brasileira de janeiro a setembro de 2022 mostra que a produção
trimestral foi crescente e que as exportações só ganharam mais fôlego no terceiro trimestre,
quando foi embarcado o maior volume de carne suína in natura da história em uma sequência de 3
meses com 288,5 mil toneladas.
Em relação ao mesmo período do ano passado a produção de carcaças suínas de janeiro a
setembro/22 cresceu 5,7% (+209,1 mil ton), enquanto a disponibilidade interna aumentou em 8,3%, o
que representa um consumo a maior 238,8 mil toneladas nestes 9 meses. A título de comparação, em
todo ano de 2021 o acréscimo de oferta no mercado doméstico em relação ao ano anterior foi de
304 mil toneladas.
Desde 2018 o terceiro trimestre é o de maior disponibilidade interna no ano, porém em 2022 em
função do grande volume exportado entre julho e setembro, houve queda da oferta doméstica em
relação ao trimestre anterior.
Ainda que tenha havido queda na oferta doméstica no terceiro trimestre, houve um recuo no
preço das carcaças em setembro. Por outro lado, o mês de outubro e primeira metade de novembro
mostraram uma retomada, ainda que lenta do aumento das cotações das carcaças e do suíno vivo.
Quanto aos custos de produção o que se observa nos últimos meses é a estabilidade das
cotações dos principais insumos (milho e farelo de soja), ainda em patamar elevado. O clima tem
ajudado no plantio da soja e da primeira safra de milho sem alterações significativas nas
projeções de produção recorde destes grãos para o ciclo 2022/23, embora o plantio da segunda
safra de milho ainda esteja longe.
O preço pago ao produtor reagiu nas últimas semanas, mas não na amplitude esperada pelo
presumido aquecimento de demanda de final de ano. Com evidências de desaceleração no ritmo de
crescimento da produção e reação dos preços internacionais da carne suína retomando bons
volumes de embarque, espera-se encerrar 2022 com cotações estáveis.
O presidente da ABCS, Marcelo Lopes, prevê que “Para o ano que vem, com a redução do rebanho
europeu e aumento da demanda chinesa, com a suinocultura brasileira crescendo em menor ritmo,
espera-se finalmente, um novo ciclo de ganhos para o setor. Como ameaças, ainda temos os riscos
climáticos que podem frustrar parte da safra de milho e o aumento esperado da oferta de carne
bovina, reduzindo um pouco a competitividade da carne suína”, conclui. As informações partem da
assessoria de imprensa da ABCS.
Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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Cotação semanal
Dados referentes a semana 04/07/2025
Suíno Independente kg vivo
R$ 8,43Farelo de soja à vista tonelada
R$ 1.700,00Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.400,00Milho Saca
R$ 66,00Preço base - Integração
Atualizado em: 08/07/2025 09:10