Porto Alegre, 31 de maio de 2022 – Apesar dos problemas detectados no ano
passado com o fornecimento de vacinas, a campanha de vacinação contra a febre
aftosa segue em ritmo positivo. Conforme determinação do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), para este ano ocorreu a inversão
das etapas no Estado de São Paulo.
“A expectativa é que todos os animais com até 24 meses no Estado de São
Paulo sejam imunizados até o final deste mês — aproximadamente 4,8 milhões
de cabeças”, afirma o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do
Estado de São Paulo (FAESP), Fábio de Salles Meirelles.
Os dados são da Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA. Os lançamentos
no sistema de Gestão de Defesa Animal e Vegetal (Gedave) estão sendo feitos de
maneira correta, com os produtores vacinando a faixa etária estipulada pelo
programa.
Em novembro do ano passado, a FAESP constatou a dificuldade de pecuaristas
paulistas em imunizar os rebanhos de bovinos e bubalinos durante a segunda etapa
de vacinação contra febre aftosa, devido à falta de oferta de doses em
estabelecimentos que comercializam o produto.
O MAPA verificou que, para a primeira etapa deste ano (maio), haveria baixa
disponibilidade do produto e que, provavelmente, a demanda não seria atendida.
Por esse motivo inverteu a estratégia nos estados que compõem o Bloco IV do
Plano Estratégico do Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa
(PE-PNEFA), dentre os quais São Paulo faz parte.
Com a inversão do calendário, neste mês estão sendo vacinados os
animais com até 24 meses, e apenas em novembro será a vez de todo o rebanho.
Como a quantidade necessária de doses para atender apenas o gado mais jovem é
bem menor, a medida soluciona o fornecimento aos produtores.
A inversão do calendário vacinal não interfere em nada na segurança
sanitária dos animais e nem na programação do PE-PNEFA. A FAESP monitorou
esse processo e não recebeu nenhuma comunicação de falta de vacinas ou de
dificuldade de acesso às doses. O Sindicato Nacional da Indústria de Produtos
para a Saúde Animal (SINDAN) colocou-se à disposição para atender toda e
qualquer revenda que não tivesse o imunizante.
Risco de aborto
Uma das preocupações dos produtores é quanto ao maior risco de aborto ao
se vacinar todo o rebanho no final do ano. Isso porque há uma programação
feita previamente pelos criadores, tanto para a estação de monta quanto para
inseminação artificial. Quando os animais com até 24 meses — que ainda não
atingiram maturidade sexual para reprodução — são imunizados na segunda
etapa em novembro (segundo o calendário usual), o produtor não precisa se
preocupar com o período de monta ou inseminação, porque as vacas que vão
entrar em fase reprodutiva (as que tem mais de 24 meses) não participam desta
fase. Neste ano, com a inversão do cronograma, em que a totalidade do rebanho
paulista será imunizada em novembro, nas fazendas que fazem cria e produção
de bezerro e que já tinham sua programação definida previamente, aumenta a
chance de haver mais abortos nas vacas destinadas a reprodução.
Um estudo realizado pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)
identificou que animais vacinados até 30 dias após inseminação artificial
por tempo fixo (IATF) tiveram uma taxa de perda gestacional 4,2 vezes maior em
relação ao grupo que recebeu as doses 20 dias antes de passar pelo
procedimento de inseminação.
Pensando nessa situação, para não prejudicar os produtores rurais que
fazem o manejo reprodutivo nos animais como, por exemplo, Inseminação
Artificial em Tempo Fixo (IATF), o MAPA atendeu o pedido da CNA com relação à
antecipação ou postergação da etapa. Para a segunda etapa de vacinação em
específico, a ser realizada em novembro e envolvendo todo o rebanho bovino e
bubalino, os produtores poderão solicitar autorização aos serviços
veterinários estaduais para realizar a vacinação de seus animais a partir de
primeiro de outubro, ou postergar para dezembro, dependendo do planejamento
reprodutivo utilizado no rebanho.
Esta decisão é válida para os estados que compõem o Bloco IV do Plano
Estratégico do Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa (PNEFA):
Bahia, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Rio de
Janeiro, Sergipe, São Paulo, Tocantins e o Distrito Federal.
Próxima meta: deixar de vacinar
O último foco de febre aftosa em São Paulo foi registrado em março de
1996, segundo a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado. Com as
metas de erradicação da febre aftosa com imunização atingidas, a
agropecuária paulista busca agora evoluir para um status sanitário no qual a
vacinação não seja mais necessária.
Para isso, São Paulo vem criando condições de cuidados sanitários e de
vigilância bastante exigentes e eficientes a fim de manter o combate e
prevenção à febre aftosa na pecuária para que o Estado seja declarado área
livre da doença sem vacinação. Esse processo é fundamentado na avaliação
contínua de indicadores monitorados regularmente por equipes gestoras do plano
estratégico, formadas pelos setores público e privado nas esferas estadual e
nacional.
A FAESP representa o setor privado na Comissão de Coordenação dos Grupos
de Estado (CCGE) do bloco do qual São Paulo faz parte. A Federação faz um
trabalho constante de conscientização sobre a educação sanitária junto ao
pecuarista, fator vital para a evolução do plano de vigilância.
Com o fim da vacinação, haverá redução de custos aos produtores
paulistas (dos valores gastos com as doses e a estrutura necessária à
aplicação) e poderá possibilitar que eles comercializem para países que
pagam mais pela carne bovina de regiões do chamado circuito não-aftósico, sem
uso de imunizantes. Isso acabará ainda com a necessidade de remoção de
abcessos que surgem como resposta imunológica no organismo dos animais
vacinados.
O MAPA divulgou no final de abril que, após a última etapa de vacinação
contra febre aftosa (em novembro), irá suspender a imunização no Espírito
Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Tocantins e
Distrito Federal. Com isso, cerca de 113 milhões de bovinos e bubalinos
deixarão de ser vacinados — o equivalente a quase metade do rebanho de todo o
País. Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Acre, Rondônia e partes do
Amazonas e do Mato Grosso já possuem a certificação internacional de zona
livre de febre aftosa sem vacinação.
Das unidades da Federação que fazem parte do Bloco IV, São Paulo, Bahia,
Rio de Janeiro e Sergipe não foram anunciados pelo MAPA como regiões a serem
consideradas livre de aftosa sem vacinação após a etapa final de imunização
deste ano. Conforme já informado, a Coordenadoria de Defesa Agropecuária
(CDA/SAA-SP) está em tratativas com o MAPA a fim de apontar os avanços do
estado para que possa também entrar na lista dos que não precisarão mais
imunizar os rebanhos a partir do ano que vem. Para isso, iniciou um trabalho em
conjunto com o MAPA para detalhar os critérios de avaliação do Ministério.
As informações partem da assessoria de imprensa da FAESP.
Revisão: Fábio Rübenich (fabio@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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