Porto Alegre, 24 de fevereiro de 2023 – A Minerva Foods mostrou perspectiva positiva para a
reabertura do mercado chinês, mesmo após a auto suspensão das exportações ao país por conta da
detecção de um caso de “vaca louca” no Pará, reiterando a informação divulgada ontem de que
atenderá a demanda chinesa através de suas plantas na América do Sul. A companhia também
destacou boas perspectivas com a demanda ao atendimento de mercados devido às restrições nos
Estados Unidos e uma possível abertura do mercado mexicano. No entanto, a companhia estima impacto
negativo na receita e margem do primeiro trimestre 2023 devido ao caso de “vaca louca”.
“Estamos otimistas com a reabertura da China pós pandemia, apesar da suspensão das
exportações brasileiras por conta do caso de BSE [Bovine Spongiform Encephalopathy, como a doença
é conhecida internacionalmente]. Hoje, o embaixador chinês foi informado do caso [de “vaca louca”]
e o Ministério da Agricultura tem sido extremamente diligente no atendimento aos protocolos
relacionados à detecção da doença”, disse Fernando Queiroz, presidente da Minerva, na
teleconferência de resultados realizada na manhã desta sexta-feira.
“Também tivemos uma boa notícia, de que o México deve abrir seus mercados à exportação
brasileira”, acrescentou o executivo, sem dar mais detalhes. “Nossas exportações para o México
não estarão sujeitas a sistema de cotas, isso nos deixa bastante otimistas.”
Queiroz falava de Dubai, onde participa de uma feira, e disse que notou uma elevação de
preços na China devido à demanda do food service e varejo por conta do aquecimento do mercado
após a reabertura do mercado.
“É factível esperar um crescimento de 10 a 15% dos volumes em 2023 considerando a demanda mais
forte da China e outros mercados”, disse o diretor de finanças e relações com investidores da
Minerva Edson Ticle, também durante a reunião com investidores e analistas.
Através de sua operação no Brasil, a Minerva realiza as exportações para a China pelas
unidades de Barretos (SP), Palmeiras de Goiás (GO) e Rolim de Moura (RO). Entretanto, a companhia
seguirá atendendo a demanda chinesa por meio de quatro plantas de abate: três no Uruguai e uma na
Argentina, sem comprometer o seu share de mercado e o relacionamento com clientes, destacou o
comunicado da empresa divulgado na manhã de quinta-feira (23/2).
A China representou 39% e 43% das exportações no 4T22 e em 2022. As Américas representaram
42% do breakdown de receita bruta trimestral do 4T22. A companhia atingiu market share de 20% das
exportações na América do Sul no ano passado.
Em relação à Argentina, o diretor de finanças e relações com investidores Edson Ticle
disse que a companhia não vai colocar capital nem esforço operacional no mercado enquanto não
tiver mais clareza das condições no país. O executivo citou o problema com as cotas como a grande
questão na Argentina.
As despesas com a aquisição ALC anularam o resultado de dois meses da operação australiana,
disse Ticle. A companhia comprou a Australian Lamb Company (ALC) em outubro do ano passado, por US$
260 milhões e de uma joint venture com o fundo soberano da Arábia Saudita (Salic). A Minerva
detém 65% da JV.
“A Austrália tem um ciclo e uma plataforma forte para penetrar mais mercados. A ALC permite à
Minerva atuar em cordeiros e bovinos, com um portfólio mais completo e em novos mercados. A
diversificação geográfica continua sendo um dos pilares da nossa estratégia”, acrescentou
Queiroz sobre a operação australiana.
O diretor financeiro disse que até o final 2T23 espera concluir a aquisição da Breeders and
Packers Uruguay (BPU), anunciada em novembro, e mostrou expectativa positiva para a operação no
Uruguai, apesar de impactos esperados por conta de uma previsão de clima mais seco, como a
redução dos abates.
Ticle disse que problemas climáticos podem reduzir o abate pontualmente em algumas regiões
como o Uruguai e o Paraguai no primeiro trimestre deste ano, mas que no geral, a perspectiva é
positiva por conta da forte demanda de mercados como a China.
O diretor financeiro disse que a recompra de bonds ajudou a companhia a gerenciar o
encarecimento do crédito no Brasil e que a companhia seguirá recorrendo a essa estratégia para
gerenciar seu endividamento.
A companhia destacou o fluxo de caixa livre ao final de 2022, de R$ 647 milhões, mesmo com
investimentos realizados. “O pagamento de dividendos anunciados no resultado e ontem mostra nossa
capacidade de gerar valor ao acionista e disciplina financeira.”
Conta fornecedores
Em relação à nota sobre “fornecedores convênio” em seu balanço, o diretor financeiro disse
que a companhia preserva a relação mercantil com seus fornecedores, por meio da qual disponibiliza
uma linha de crédito e que o caso da Americanas não muda essas operações, que são “corriqueiras
e normais em seus negócios, mas podem ser alteradas pelos bancos, eventualmente.”
A companhia disse que teve efeito negativo com o caso Americanas por conta da elevação do
custo de crédito para o mercado como um todo.
Resultados do 4T22 e 2022
A Minerva registrou prejuízo líquido de R$ 25,7 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22),
ante lucro líquido de R$ 150,3 milhões no 4T21. No acumulado de 2022, o lucro líquido foi de R$
655,1 milhões, um crescimento de 9,4% em comparação com 2021, segundo informou a companhia em
balanço divulgado nesta quinta-feira (23/2).
O resultado financeiro líquido do 4T22 foi negativo em R$ 562,4 milhões, impactado pela
rubrica de despesas financeiras, que reflete uma taxa de juros DI mais elevada, e, em particular,
pelo impacto negativo de R$ 198,4 milhões relativo aos instrumentos financeiros de proteção
cambial (hedge) – a companhia tem uma política de manter, no mínimo, 30% da sua exposição
cambial de longo prazo “hedgeada”.
Os investimentos do quarto trimestre totalizaram R$ 1,1 bilhão. Desse montante, cerca de R$
103,7 milhões foram destinados à manutenção e R$ 988,1 milhões foram utilizados para expansão
operacional, em particular nas operações fora do Brasil e, notadamente no desembolso de R$ 802,9
milhões relacionados a aquisição da ALC.
A receita líquida no trimestre somou R$ 6,8 bilhões, baixa de 8,9% na comparação anual,
enquanto o ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) piorou 17,4% no
período, somando R$ 607,5 milhão, na mesma base de comparação.
A companhia abateu 855,3 mil cabeças de gado no 4T22, queda de 4% ante o 4T21 e 3,7 milhões de
cabeças em 2022, 5% acima de 2021.
A expansão anual do abate é impulsionada pela consistente demanda internacional por carne
bovina, além da crescente disponibilidade de animais prontos para o abate, especialmente no Brasil.
O volume total de vendas no mesmo período somou 303,2 mil toneladas (+5,3%) e 1,2 milhão de
toneladas (+5,4%).
O endividamento líquido da Minerva somava R$ 6,7 bilhões ao final do período, uma queda de
9,7% na comparação com o 4T21 e levemente superior aos R$ 6,5 bilhões no trimestre anterior.
A alavancagem, medida pela relação dívida líquida por ebitda, passou para 2,15 vezes no
final de 2022, queda de 0,3% ante 2,4 vezes um ano antes.
“A alavancagem líquida do 4T22, medida através do múltiplo Dívida Líquida/EBITDA dos
últimos 12 meses, impactada pelo desembolso de cerca de R$ 802,9 milhões relativos à conclusão
da aquisição e pelo EBITDA proforma de R$ 262,4 milhões da ALC (referente a 10 meses de
Australian Lamb Company), encerrou o ano em 2,15 vezes, o menor nível desde 2007”, informou a
empresa, no relatório.
Em consonância com a sua política de destinação de resultados, que prevê distribuir no
mínimo 50% do lucro líquido sempre que a alavancagem líquida for menor ou igual a 2,5 vezes, a
administração da Minerva irá submeter à assembleia de acionistas o pagamento de dividendos
complementares de R$ 208,6 milhões ou R$ 0,36 por ação e, se aprovados, devem ser pagos no
início de maio. “Desse modo, totalizamos o montante de R$ 336,7 milhões ou R$ 0,58 por ação,
distribuídos como proventos referentes ao exercício fiscal de 2022, reiterando o nosso compromisso
com a geração de valor ao acionista”, informou a Minerva, no relatório divulgado após o
fechamento desta quinta-feira.
As informações partem da Agência CMA.
Revisão: Sara Lane (sara.silva@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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Cotação semanal
Dados referentes a semana 20/06/2025
Suíno Independente kg vivo
R$ 8,43Farelo de soja à vista tonelada
R$ 1.750,00Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.300,00Milho Saca
R$ 66,25Preço base - Integração
Atualizado em: 17/06/2025 09:45