Porto Alegre, 14 de março de 2022 – Os produtores rurais da pecuária de
corte e de leite devem ficar atentos ao calendário de vacinação contra a
febre aftosa, segundo alerta a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado
de São Paulo (FAESP). Normalmente todos os bovinos e bubalinos são imunizados
em maio e depois, em novembro, apenas os animais com até 24 meses.
Mas este ano o Departamento de Saúde Animal (DSA) do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) inverteu essa ordem. Deste modo,
em maio de 2022 serão vacinados os animais com até 24 meses, e apenas em
novembro será vacinado todo o rebanho. A medida foi tomada porque o estoque
atual de doses é insuficiente para a totalidade de bovinos e bubalinos já em
maio.
O presidente da FAESP, Fabio de Salles Meirelles, compartilha dos receios
dos pecuaristas, mas entende a necessidade da inversão do calendário para
manutenção das garantias sanitárias. “A FAESP foi a entidade que pleiteou a
vacinação de todo o rebanho em novembro com objetivo de mitigar a ocorrência
de eventuais perdas. De todo modo, entendemos a decisão do MAPA, pois é muito
importante garantirmos a imunização desta faixa etária essencial do plantel
agora, com as doses que temos à disposição, para em novembro termos o
quantitativo necessário de vacinas para todo o rebanho”, observa.
A FAESP alertou em inúmeras ocasiões os órgãos responsáveis quanto à
falta do imunizante em muitos pontos de revenda. Esse problema de fornecimento
causou diversas vezes a prorrogação dos prazos da campanha de vacinação,
prejudicando a logística dos pecuaristas.
Segundo Gabriel Adrian Sanchez Torres, auditor fiscal federal agropecuário
e responsável pelo Plano Estratégico do Programa Nacional de Vigilância para
a Febre Aftosa (PE-PNEFA), está ocorrendo um descompasso entre a produção de
vacinas e a diminuição do número de animais imunizados. “A gente vive um
momento do programa nacional de vigilância da doença em que o País está
avançando no status sanitário e alguns estados estão retirando a vacinação,
substituindo-a por ferramentas de vigilância e detecção precoce. Com isso,
os fabricantes estão reduzindo a produção, tendo em vista esse novo
cenário”, diz ele.
São Paulo é um dos estados que está se preparando para se tornar zona
livre de febre aftosa sem vacinação, a fim de ter acesso a novos mercados no
exterior. Como, em tese, a demanda é menor, as indústrias também reduziram a
fabricação, mas para uma quantidade muito baixa, insuficiente para abastecer
os pontos de revenda — e é isso que está gerando os problemas de fornecimento
do imunizante. “O DSA estudou a oferta de vacinas em estoque nas revendas,
comparou com a programação de produção e chegou à conclusão que apenas com
a inversão das etapas será possível atender às necessidades”, destaca
Torres.
A alteração do calendário deste ano ocorre então porque, se em maio
fosse ocorrer a vacinação de todo o rebanho, conforme o esquema usual, não
haveria doses suficientes. Imunizando apenas os animais com até 24 meses, as
indústrias terão mais condições de atender à demanda — no Estado de São
Paulo, os bovinos e bubalinos dessa faixa equivalem a 42% de todo o rebanho
paulista.
Além disso, haverá mais tempo para confeccionar quantidade suficiente
para a segunda etapa em novembro. A produção é feita continuamente ao longo
do ano por três fábricas no Brasil, uma em São Paulo e duas em Minas Gerais
— no passado havia outras duas em São Paulo que saíram do mercado,
acompanhando a tendência da redução.
Ele afirma que a inversão ocorrerá apenas este ano, e que não causará
problemas quanto à condição de saúde dos animais. “Não existe nenhum risco
de comprometimento à imunização. O rebanho continuará sendo totalmente
atendido uma vez por ano e os animais mais jovens, até 24 meses, duas vezes ao
ano. Apesar da alteração, a frequência da vacinação continua a mesma”,
conclui Torres.
INVERSÃO
Até 2016 o esquema era como esse proposto pelo MAPA para este ano: em maio
os animais até 24 meses e em novembro todo o rebanho. Mas naquele ano a FAESP
pleiteou mudanças porque causava problemas para o setor. Wander Bastos,
coordenador da Comissão Técnica de Bovinocultura de Leite da FAESP, expõe
algumas questões que preocupam o pecuarista.
“A mudança que será feita este ano, voltando ao que era até 2016,
prejudica o gado de corte por causa da estação de monta, que começa em agosto
para depois, em novembro, o criador conduzir o gado no curral para outros
procedimentos de manejo. No caso do gado de leite, o mês de maio é mais quente
e úmido, período em que geralmente chove. Para manejar o gado de leite no
curral é complicado, há quebra de leite. Em novembro, quando a temperatura é
mais baixa, é melhor de lidar com o gado de leite, por isso a inversão das
etapas pode trazer alguns transtornos ao pecuarista”, explica o coordenador.
Apesar das preocupações, os criadores não têm alternativa, terão de
cumprir o determinado pelo MAPA e buscar amenizar as possíveis perdas que
ocorrerão, tanto na quebra da produção do leite quanto o provável prejuízo
na procriação do gado de corte para quem trabalha com estação de monta.
Segundo o determinado pelo MAPA, a movimentação de animais durante as etapas
de vacinação continuará seguindo o esquema usual, ou seja, propriedade
adimplente com a etapa de imunização em curso poderá movimentar normalmente
seus animais. A mudança do calendário também tem o apoio do Sindicato
Nacional da Indústria de Produtos para a Saúde Animal (Sindan). As
informações partem da assessoria de imprensa da FAESP.
Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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