Porto Alegre, 5 de março de 2021 – O aumento no número de ocorrências de
abigeato – furto de gado – está preocupando os produtores rurais
catarinenses. O crime foi reportado pelos presidentes dos Sindicatos à
Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC), que
solicitou a atenção do Governo do Estado para coibir a ação dos criminosos.
Em fevereiro, dois furtos causaram prejuízos milionários a pecuaristas do
Planalto Serrano. Duas fazendas de Santa Cecília tiveram 85 animais roubados
das propriedades, causando perdas de R$ 620 mil. Na primeira ação, os
criminosos lotaram dois caminhões e levaram 50 novilhas de raça, estimadas em
meio milhão de reais. Na outra, do mesmo modo, 35 cabeças de gado foram
furtadas, 23 bois e 12 vacas, cujo valor alcançou R$ 120 mil. Neste caso,
porém, a Polícia Civil de Santa Cecília conseguiu recuperar todos os animais
no município vizinho de Papanduva e devolvê-los ao produtor.
Na última semana o pecuarista de Cerro Negro, também na serra, Mário
Kauling, foi mais uma vítima. Ele foi furtado duas vezes: uma carga com quatro
novilhas e outra com nove. Na segunda ação, a Polícia conseguiu recuperar os
animais e reduziu o prejuízo do produtor. Mesmo assim, Kauling perdeu R$ 10 mil
do seu rebanho e precisou investir outros R$ 500 para transportar o gado de
volta para a fazenda.
“A gente percebe que se trata de uma organização criminosa bem
articulada. Eles agem quase sempre na madrugada e levam grande quantidade,
provavelmente para revenda. O nosso sentimento é de tristeza, vulnerabilidade e
medo”, afirma o produtor. Kauling conta que o crime de abigeato é constante
e nem sempre se trata de furto dos animais vivos. “Há muitos outros casos em
que encontramos apenas a carcaça do gado. Nestas situações são furtos
menores, mas que também causam grandes prejuízos”, acrescenta.
FAESC SOLICITA APOIO
O vice-presidente de finanças da FAESC, Antônio Marcos Pagani de Souza,
alega que o alto preço da carne bovina tem despertado a atenção dos
criminosos nos últimos meses em todo o País e precisa de fiscalização maior
nas fazendas. Ele orienta os produtores a observarem a circulação de pessoas
ou de veículos estranhos nas comunidades e acionarem a Polícia em qualquer
caso suspeito.
“Já há uma parceria entre as forças de segurança, a Cidasc e os
Sindicatos Rurais no Estado, como as Polícias Ambiental, Militar e Civil.
Porém, não há como fiscalizar em tempo integral, por isso é importante que
os produtores monitorem suas propriedades e avisem os policiais em qualquer
suspeita”, alerta Pagani.
Em reunião virtual com o secretário da Agricultura do Estado, Altair
Silva, o presidente da FAESC, José Zeferino Pedrozo, solicitou o apoio do
Governo para reprimir a ação dos criminosos. “O abigeato é um crime que
sempre nos preocupa, não só pelos altos prejuízos, mas por colocar a
segurança e a produtividade dos nossos pecuaristas em risco. Nos colocamos à
disposição para debatermos em conjunto uma forma de impedirmos esses furtos e
protegermos melhor os produtores”, ressalta o dirigente.
PARCERIAS MELHORAM FISCALIZAÇÃO
Duas experiências têm ajudado os produtores e a Polícia a reduzirem a
criminalidade no meio rural. Uma delas é em Lages, onde o Sindicato Rural e as
cooperativas do setor têm convênio com a Polícia Militar para rondas no
campo, por meio do projeto Patrulha Rural. Com repasse mensal de R$ 1.500, o
Sindicato ajuda a bancar os custos de duas viaturas exclusivas para monitorar o
setor. Os recursos também asseguram alimentação aos policiais que não
precisam retornar à cidade para almoço.
“É uma rede de segurança. Os policiais identificam as propriedades,
todos os empregados e veículos que circulam, além de cadastrar informações
estruturais e recomendar medidas para melhorar a proteção. Todas são
certificadas e monitoradas via GPS, o que facilita a ação dos agentes”,
explica o presidente do Sindicato Rural de Lages, Márcio Pamplona. Ele destaca
que as viaturas são adequadas para uso no interior – caminhonetes com
tração nas quatro rodas.
Outro modelo bem-sucedido é executado em Chapecó, no oeste. Chamado de
GPS Rural, o programa certificou mais de 500 propriedades para monitoramento via
GPS. Todas têm placas de identificação que facilitam o acesso e o
atendimento da Polícia Militar, Bombeiros, Samu e SAER. O programa é fruto de
uma parceria entre Prefeitura, Sociedade Amigos de Chapecó (SACH), forças da
segurança, Sindicato Rural de Chapecó e Região, além das agroindústrias.
“O Sindicato participou da criação do projeto GPS Rural e doou tablets
para uso nas viaturas da polícia. O programa, sem dúvidas, ajuda no combate ao
abigeato, é mais uma ferramenta para coibir a prática”, ressalta o
vice-presidente regional da FAESC, Ricardo Lunardi, ao informar que o sistema
precisa ser permanentemente checado para que haja convergência nas
informações.
Para o presidente da FAESC, os modelos implantados em Lages e em Chapecó
precisam ser ampliados no Estado. “Com certeza a parceria entre Sindicatos,
empresas do setor e forças da segurança faz toda a diferença no combate à
criminalidade no campo. A Federação incentiva a expansão deste programa”,
sublinha Pedrozo. Com informações da assessoria de imprensa da FAESC.
Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
Copyright 2021 – Grupo CMA
Cotação semanal
Dados referentes a semana 12/04/2024
Suíno Independente kg vivo
R$ 6,30Farelo de soja à vista tonelada
R$ 1866,67Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 850Milho Saca
R$ 55,33Preço base - Integração
Atualizado em: 16/04/2024 14:00