Porto Alegre, 26 de novembro de 2018 – Pela primeira vez, a InterCorte,
principal evento da cadeia produtiva da carne, realizado de 21 a 23 de novembro,
em São Paulo, abriu espaço para a apresentação de startups e discussões
sobre inovação. O InterTech Agro recebeu nos três dias do evento uma
programação de conteúdo específico desenvolvida para apresentar tecnologias
que facilitam a gestão das propriedades e geram mais eficiência à produção
animal.
Para o CEO do ONOVOLAB, Anderson Criativo, que foi um dos organizadores do
espaço em conjunto com o Terraviva Eventos, a presença de startups já é
observada há alguns anos no mercado, porém ainda em uma fase inicial.
“Podemos prever que o impacto que vão causar na economia brasileira vai ser
muito significativo em todos os setores. Quando conseguimos integrar, trazendo
as startups para um evento de um setor tradicional como a pecuária, certamente
se trata de um fator acelerador desse crescimento”, destaca.
Durante os três dias de programação um júri formado por representantes
do setor assistiu apresentações de startups e votaram nas três melhores, que
foram premiadas no encerramento do painel, na sexta-feira, no Prêmio Terraviva
Startups. “Esse espaço foi muito importante para dar visibilidade às
empresas de tecnologia que estão fora dos grandes centros. Com a premiação
elas ganham uma espécie de selo de qualidade e de confiança do setor”,
afirma Criativo.
A startup Olho do Dono, que oferece um serviço de monitoramento do peso de
gados em fazendas, foi a vencedora do prêmio no valor de R$ 30 mil em mídia.
“Foi uma experiência incrível. Só de apresentar nosso trabalho para as
empresas que estiveram aqui já teve um valor altíssimo. Tivemos a
possibilidade de conhecer mais pessoas e de apresentar nosso trabalho para
eles”, declara o CEO da empresa, Pedro Henrique Mannato Coutinho.
Caminhos Boi 7.7.7.
A técnica desenvolvida há sete anos pelos pesquisadores do Polo Regional
de Colina da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Gustavo
Siqueira e Flávio Dutra foi destaque no painel “Caminhos do Boi 7.7.7.”,
realizado na manhã da sexta-feira.
O painel apresentou um panorama geral do conceito, que permite reduzir a
idade de abate dos animais e aumentar o peso de carcaça. O sistema tem como
meta que o animal alcance sete arrobas na desmama, sete na recria e outras sete
na engorda, totalizando 21 arrobas no momento do abate, daí deriva o nome
“Boi 7.7.7”. Este resultado é obtido em dois anos, no máximo. No sistema
tradicional de produção são necessários, no mínimo, três anos para o
animal atingir 18 arrobas.
“O mais importante não é gerar o resultado em si, mas, sim, fazer com
que as pesquisas cheguem ao campo e que os produtores consigam aplicá-las e
conquistem os resultados em suas propriedades”, destaca o pesquisador Gustavo
Siqueira, que abriu o painel com a palestra “Consolidando as 7@ na cria e
recria”.
O painel destacou a importância de se suplementar de maneira eficiente o
gado para que os resultados em carcaça se reflitam em ganhos financeiros ao
produtor. “Precisamos produzir um animal jovem e eficiente. Não é possível
termos um boi bom se não começamos a cuidar desse animal desde a barriga da
vaca”, ressaltou o pesquisador Flávio Dutra.
Os participantes ainda puderam ouvir o ponto de vista da indústria quanto
o boi originado pela técnica da Apta, em uma palestra que respondeu o por quê
o boi 7.7.7. é bom para a indústria, apresentada pelo representante da Minerva
Foods, Luciano Andrade. “O mercado é definido pela lei de oferta e procura e
o que é bom para a maioria terá maior demanda. Precisamos padronizar a
commodity carne de acordo com os padrões aplicados no resto do mundo”,
afirmou Luciano.
Desafios de se comunicar com a sociedade
No último dia da InterCorte, o painel “Caminhos da Comunicação – A
comunicação além da porteira”, aberto pelo jornalista Ricardo Boechat,
reuniu profissionais ligados aos setores de trigo, cacau e algodão para uma
troca de informações sobre boas práticas e projetos destes segmentos do
agronegócio, que podem servir de inspiração para a pecuária se comunicar
melhor com a sociedade.
Boechat compartilhou a sua percepção sobre o agronegócio, como
profissional da grande mídia. Para ele, a imagem do agro não é tão negativa
como o setor imagina, mas que o ponto crítico é quando há interação com a
área ambiental. “Acredito que o setor tem instrumentos para melhorar esse
campo de desgaste e tem um enorme terreno para avançar em ações que melhorem
sua imagem, a partir da melhoria das ações efetivas na área ambiental. As
empresas mais avançadas e os produtores mais conscientes já estão há muito
tempo praticando políticas ambientais adequadas, compatíveis com as
necessidades do planeta e do país”, detalhou.
A nutricionista e consultora da Abitrigo (Associação Brasileira das
Indústrias do Trigo), Vanderli Marchiori, falou sobre ações que vêm sendo
desenvolvidas pela entidade e como a comunicação pode ajudar a dissolver
mitos, a importância de se identificar o público alvo e entender como ele pode
ser atingido. “A partir disso, precisamos comunicar com responsabilidade,
sempre de forma verdadeira e da maneira mais clara possível, com dados
embasados em fatos provados cientificamente”, afirmou.
Pela AIPC (Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau), o
diretor-executivo Eduardo Brito Bastos mostrou como a cadeia produtiva do cacau
é dispersa e não comunica. “Lançamos o desafio de voltar a crescer, mas de
maneira sustentável. O nosso objetivo é dobrar a produção nacional de cacau
em 10 anos e, para isso, as ações começaram com a reativação da Câmara
Setorial do Cacau e por meio de projeto CocoaAction Brasil, em parceria com as
secretarias da Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), de Desenvolvimento
Rural (SDR) e de Desenvolvimento Econômico (SDE)”.
Manami Kawaguchi Torres, gestora da campanha Sou de Algodão, compartilhou
com os presentes os objetivos da criação da ação, que visa fortalecer e unir
os principais agentes da cadeia produtiva em torno de um bem comum. “Temos
que promover a sustentabilidade e o consumo consciente na moda, transformando
uma commodity em um produto com alto valor agregado. Para isso as nossas ações
são centradas em três pilares: as redes sociais e os influenciadores,
workshops, o clube ‘sou do algodão’ e as faculdades de moda, onde estão os
profissionais que influenciarão a moda brasileira no futuro”, detalhou. Com
informações da assessoria de imprensa da InterCorte.
Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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Atualizado em: 29/05/2025 09:40